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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO-SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

MÊS MISSIONÁRIO

Meus queridos Amigos e Irmãos na fé!
“Somos servos inúteis; fizemos o que
devíamos fazer” (Lc 17,10b).

            É Cristo que nos chama. É nossa que responde e nos move ao encontro com Ele e com os irmãos.
            Somos, mais uma vez, convidados a tomar parte na Ceia do Senhor. Buscando nosso aperfeiçoamento, somos chamados a encontrar, no Pão da vida eterna, força e alimento para nossa vida de . Na escuta da Palavra de Deus, confiamos a Ele nossas aflições e dificuldades, na certeza de sua presença junto a nós.
            Estamos iniciando o mês de outubro, Mês Missionário e também dedicado a Nossa Senhora e à recitação do Rosário. O testemunho de de Maria, junto à cruz, nos mostra o real valor da para aquele que crê. Sua esperança nos mostra o verdadeiro significado da espera e da confiança naquele que nos chama à vida em plenitude.
            Reunimo-nos para reavivar em nós a chama do amor e da fé operante e transformadora, que nos compromete com o projeto de Jesus. O olhar da fé nos mostra o rosto sofrido de homens e mulheres desorientados pelas injustiças e necessidades do serviço e da missão da Igreja.
            As leituras nos revelam que o justo vive pela fé. Fortalecidos por ela, não  nos envergonhamos do evangelho e conseguimos cumprir com humildade e gratuidade o serviço ao reino que Jesus nos pede.
            O primeiro passo para a superação da violência é acabar com a impunidade e a injustiça. Somos motivados pelo evangelho a pedir ao Senhor que nos ajude a cultivar nossa fé, afim de sermos generosos em benefício da comunidade. O autor da segunda carta de São Paulo a Timóteo nos convida a não ter vergonha de viver e proclamar a boa-nova de Jesus.
            A eucaristia que celebramos adquire sentido e plenitude pela fé com que fazemos nossa ação de graças. A fé permite acolher o dom da libertação que Cristo nos oferece.
            Os ensinamentos que da Palavra de Deus recebemos, neste domingo, devem ser levados e considerados com máxima atenção.  Uma vez mais Jesus fala da a seus discípulos, de sua importância, mas também e principalmente da forma como devemos tratá-la em nossa vida.
            A não é um conjunto de verdades abstratas em que devemos simplesmente acreditar, com “olhos fechados”. A é, antes de tudo, uma atitude fundamental diante de Deus e das situações da vida e da história.
            Para falarmos sobre a , tem um significado particular o célebre texto de Habacuc (primeira leitura), que apresenta a como resposta misteriosa e, no entanto, a única em que se pode confiar perante as injustiças e as violências do mundo, assim como face ao aparente silêncio de Deus. Só quem continua a ter pode viver e esperar, ao passo que quem não tem confiança nem retidão cai na ruína.
            No Evangelho de Lucas, a , antes de ser uma palavra de Jesus, é um pedido explícito apresentado pelos apóstolos. E o pedido é dirigido ao Senhor, título solene atribuído a Jesus ressuscitado e que Lucas aplica com antecedência a Jesus pré-pascal. Os Apóstolos pedem, por isso, ao Senhor que lhes aumente a , sem a qual não estão em condições de seguir o Mestre e de cumprir os seus preceitos. Aqui não se trata, porém, de aumentar a , mas de começar de verdade a crer, de não se limitar à genérica e ineficaz, mas de confiar em Deus de uma forma total e incondicional. Então de verdade, tudo será possível.
            Também a segunda leitura convida a tornar a operativa, reanimando o dom de Deus recebido, dando testemunho corajoso do Senhor.
            Recebemos de Deus a como dom, mas como lidamos com ela? Exigindo o agir de Deus em nossas dificuldades? Esperando ações concretas de Deus em nosso meio?
            Como pensamos o projeto maquiavélico de “Mais Médicos”, meramente politiqueiro e totalmente injusto para com os nossos bons e dedicados médicos: verdadeiros curandeiros em situações de calamidade. De repente o Ministério da Saúde remete a culpa da horrível situação da Saúde do País aos médicos! Quantos Hospitais e Postos de Saúde inacabados, sem condições mínimas de cuidar da saúde dos menos favorecidos! Não faltam médicos em nosso País: falta vergonha de nossos políticos que embolsam verbas destinadas à Saúde, à Educação e à Infraestrutura, e que nunca chegam ao destino. Eis “O Café Amargo” de homens que há anos dizem nos representar, enquanto nosso povo não tem o mínimo para sobreviver. Quem tem lúcida e comprometida com a justiça, a verdade, o amor gratuito, jamais votará neste tipo de gente! A não ser que traia sua própria ! Mas não desanimemos, porque o que não é de Deus cai. Um dia cai e o tombo de muitos de nossos maus políticos desde a Presidência da República às Prefeituras e Câmaras de Vereadores não sobreviverão uma sociedade que viva sua no Deus da justiça, do amor pelos que sofrem as conseqüências da corrupção, mentiras e maquiagens diabólicas, que subestimam a capacidade de pensar de seu povo!  
 “Somos servos inúteis; fizemos o que devemos fazer”. Somos chamados a viver a plenitude do Reino, no entanto, queremos, muitas vezes, nos satisfazer com a mediocridade de grandes e visíveis ações. O chamado de Jesus é para que saibamos encontrar força na graça, dom de Deus, mas muito além disso para buscarmos viver de forma a cooperar com Deus na construção do Reino de Amor.
Recebemos hoje, portanto, uma mensagem para valorizar a . Mas nossa não é uma espécie de fundo de garantia para que Deus nos atenda. Assim como ele não precisa prestar contas, também não é forçado pela nossa . Nossa é necessária para nós mesmos, para ficarmos firmes na adesão a Deus em Jesus Cristo. Deus mesmo, porém, é soberano, e soberanamente nos dá mais do que ousamos pedir.
Aproximando-nos da conclusão do ANO SANTO – O JUBILEU DA MISERICÓRDIA (Festa de Cristo Rei no dia 20 de novembro de 2016), a Liturgia da Palavra deste Vigésimo-Sétimo Domingo do Tempo Comum nos ajudará muito a entendermos um pouco melhor este dom que recebemos.
Costumo pensar que no dia do nosso Batismo recebemos, como dom precioso, a na medida em que precisamos. Comparo-a a um anel de brilhantes, que o noivo oferece à noiva, para selar o compromisso, a aliança e a fidelidade, convidando a ao sacramento do Matrimônio. No evento do pedido da moça em casamento, momento do noivado, o rapaz não leva o anel sem um estojo aveludado invólucro em um lindo papel de presentes. A moça recebe o anel de brilhantes, mas fica tão encantada com o invólucro, que nem se dá o trabalho de puxar a fitinha. Guarda o presente na última gaveta de seu criado mudo, para que ninguém lhe tome o anel. Assim, também nós, fazemos com a recebida no Batismo. Então nossa oração deveria ser “Senhor, ajudai-me a cultivar e a manifestar em atitudes concretas, minha fé. Que todos, vendo-a possam encontrar-se convosco!” Descubramos o dia de nosso Batismo e o celebremos, testemunhando nossa fé ao mundo, sem vergonha e sem medo. Sejamos corajosos, a fim de que nossa transforme nosso mundo. Não esqueçamos que o Reino de Deus é um Reino de Justiça. Todos os batizados são responsáveis por um Reino de amor, justiça, verdade, liberdade e de paz. Brilhe nossa ao mundo decaído, como brilha um anel de brilhantes no dedo da noiva, comprometida com seu noivo, na aliança e fidelidade!
Sejam todos muito abençoados, sentindo-se também missionários. Com ternura e gratidão, meu abraço fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Hab 1,2-3; 2,2-4; Sl 94(95); 2Tm 1,6-8.13-14 e Lc 17,5-10).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Outubro de 2016, pp. 17-19 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Outubro de 2016), pp. 29-32.

CRENDO, VIVENDO E ESPERANDO!

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
Quando eu era criança, ouvia dizer que antigamente os homens, ao fechar negócios se comprometiam a pagar o restante e ninguém duvidava, pois honravam os “fios dos bigodes”, ou seja, não era comum “dar o calote” e nem sujar o nome por mentir aos seus amigos, familiares e conhecidos. Com o passar do tempo, para garantir que ninguém seria lesado e para proteger os bons nomes, criou-se um documento que seria assinado pelos que assumiam compromissos financeiros. Só o fio do bigode já não valia. Mais tarde, quando nem as assinaturas serviam para as pessoas assumir os compromissos, começamos a ouvir que “papel aceita tudo”. Triste, não?

            Leio a Bíblia e ali encontro diversas pessoas que acreditaram em Deus e jamais se desapontaram com Ele. Sua Palavra não falha, é a verdade e, de tão atual nunca necessitou de uma emenda. Deus fala, sustenta o que diz e cumpre o que proclama! Palavra que se realiza, que ensina e que ilumina a vida de quem a escuta. A santa Palavra criadora e salvadora se faz pessoa em Jesus Cristo e vem morar no meio de nós. E mais, a santa Palavra quer morar entre nós, dentro de nossos corações para que também nossas palavras sejam verdadeiras, sinceras, amorosas e entusiasmadas.

            O mundo em volta de nós está repleto de propagandas enganosas, publicitários que se esmeram em criar necessidades de produtos que não precisamos para comprarmos com o dinheiro que não temos; gente que se apresenta como “salvadores da pátria” e com suas palavras falsas iludem, enganam e saqueiam os mais simples que tentam sobreviver com o salário de fome que não pode ser aumentado por conta dos fantásticos salários dos nobres parlamentares que não têm peso na consciência pelas altas somas que embolsam; há ainda os discursos dos que defendem os mais pobres, mas na verdade é só conversa fiada. Quanta gente mente, engana e, como Halley, aparece de tempos em tempos com aquela conversinha de Romeu apaixonado. Esses enganam! Essas palavras de engano são perigosas.

            São Jerônimo, o tradutor da Bíblia, ensina que quando lemos as Escrituras, Deus passeia em nosso coração como passeava no jardim de Éden e conversava com nossos primeiros pais; e que quem desconhece a Escritura também desconhece a Cristo.

            Em tempos como os que estamos vivendo, é sempre oportuno escutar a Palavra Santa de Deus que nos convida a caminhar na Luz, não na escuridão (Sl 119,105) visto que os filhos e filhas de Deus são livres por causa da Verdade (Jo 8,32). Numa época de muitas confusões, precisamos permanecer em atitude de escuta atenciosa e obediente ao que nos diz a Palavra de Deus; ouvir para praticar, para iluminar o mundo, a sociedade e fazer surgir um tempo novo em que as pessoas se vejam, se reconheçam, se respeitem, se tratem e se amem como irmãos e irmãs uns dos outros.


(Em parceria com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu, SP)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO-SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

DIA DA BÍBLIA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas,
procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão.
combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna” (cf. 1Tm 6,11-12).

            É o Senhor que nos reúne no Vigésimo-Sexto Domingo Comum do Tempo Litúrgico. Chamados a viver o amor, procuramos, na escuta da Palavra de Deus, entender e aperfeiçoar nossa vivência desse grande mistério. Na Celebração da Eucaristia, em que Cristo se entrega a nós, vamos ao encontro do Pão da Vida eterna, alimento para nossa caminhada. É o amor que nos reúne, para juntos elevarmos nossas preces e pedidos a Deus Pai.
            Chegamos ao final do mês de setembro, especialmente dedicado à escuta e à reflexão sobre a Palavra de Deus. Inspirada por ele, a Sagrada Escritura manifesta de modo primordial o imenso desejo do Pai de nos revelar o grande mistério da salvação.
            Neste domingo celebramos especialmente o Dia da Bíblia. A exemplo de São Jerônimo queremos aprofundar nossa compreensão da Palavra para vivenciarmos o chamado de Deus para vivermos na plenitude do amor.
            Veremos, através das leituras, que a perspectiva do futuro tem influência sobre o hoje e que a relação da pessoa com seus irmãos incide na vida definitiva na presença de Deus.
            Chamados a participar da eucaristia, o banquete da vida eterna, acolhamos o apelo que a liturgia deste domingo nos faz para passarmos da avareza para a partilha e do egoísmo para a solidariedade. Neste dia da Bíblia, a palavra de Deus abra os nossos olhos e ouvidos para vermos a realidade e escutarmos o clamor dos Lázaros sofredores de nossa sociedade.
            Não há maior insulto a Deus do que a indigência dos pobres ao lado do luxo dos ricos. Acolhamos com alegria a palavra da vida, que nos motiva a procurar os valores que constroem o reino e voltar nosso coração e atenção para aqueles cuja dignidade foi arruinada.
            O profeta Amós deixa um alerta à sociedade de consumo, que não se preocupa com a desgraça do povo. Na parábola do rico e Lázaro, Deus fez a opção pelos pobres. O cristão é convidado a estar sempre atento para não ser enganado por falsas seguranças ou falsas ideologias. Celebrar este dia da Bíblia é reconhecer a importância da palavra de Deus em nossa vida.
            Participar da Eucaristia é render graças ao Pai por nos ter ensinado como amar e agir para superar as injustiças.
            A liturgia da Palavra deste domingo nos chama a atenção para a forma como levamos nossa vida. A força com que são apresentados os acontecimentos, na parábola que ouvimos, nos convoca a avaliar a forma como vivemos e nos relacionamos com os irmãos. O critério para tal avaliação é o mandamento do amor.
            Escutamos ponderações semelhantes nas demais leituras de hoje. O profeta Amós chama a atenção para a prudência, a reflexão e o exame de consciência necessários à vida com Deus. O apóstolo Paulo reflete sobre a vivência em plenitude da Palavra de Deus e o cuidado com o objetivo a que fomos chamados: o amor.
            Como vivemos? Com que nos preocupamos? Mais ainda: com quem nos preocupamos?
            Através da figura do rico da parábola, Jesus nos ensina como a abundância dos bens materiais pode retirar a atenção de nosso verdadeiro plano de vida, aquele dito por Jesus no evangelho: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12,30 ss). Toda a vida de Jesus foi ocupada em demonstrar a necessidade do amor para viver, viver bem e viver para sempre.  A preocupação com os bens materiais, assim como o prazer em excesso, retiraram daquela pessoa sua humanidade.
            Ao nos atermos à figura do pobre chamado Lázaro, nos damos conta do grande amor de Deus, manifestado de especial forma pelo cuidado com os pobres e necessitados. Somos todos chamados a demonstrar diariamente nosso amor aos irmãos. O amor, essência de Deus em nossa vida, de fato, apenas pode ser vivido se nos ocupamos dele no trato com as pessoas. Na parábola, não tendo quem dele cuidasse, o pobre Lázaro recebe de Deus as bênçãos e a recompensa por sua vida de fé.
            Se, em sua vida, Lázaro, apenas e tão somente sofre as injúrias do mundo, ao ser chamado por Deus à vida eterna, é carregado pelos próprios anjos à Vida. Se era o sofrimento que o acompanhava anteriormente, muito maior será o cuidado de Deus para com ele na vida eterna.
            O pobre Lázaro caracteriza nossos irmãos flagelados pela Cultura do Consumo, esta que alimenta a arrogância, prepotência e autossuficiência dos ricos, cheios de si mesmos e que dispensam a graça de Deus. Ser rico não significa apenas ter posses, mas apoderar-se dos mais fracos, explorando-os, excluindo-os de suas relações tantas vezes ridículas, porque hipócritas. Ser o pobre Lázaro é estar sempre atento à vontade e à graça de Deus. É aquele que procura configurar-se com Jesus, perguntando-se sempre: O que Jesus diria? Como Jesus agiria diante desta ou daquela situação, especialmente onde nos falta a justiça e a promoção de maior dignidade humana em nossas relações familiares, religiosas, políticas e sociais?
            Saibamos responder com sinceridade e viver a coerência entre o que pensamos, rezamos, falamos e fazemos no dia-a-dia. Saibamos ser promotores de maior dignidade em relação aos que têm menos do que nós; aos que sofrem mais do que nós. Solidariedade e fraternidade são fundamentais para chamarmo-nos cristãos!
            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Am 6,1.4-7; Sl 145(146); 1Tm 6,11-16 e Lc 16,19-31).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2016, pp. 75-77 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Setembro de 2016), pp. 24-28.

ORIENTAÇÃO POLÍTICA PARA OS CRISTÃOS!

Nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, escreveu uma Cartilha Política para as Eleições de 2016, observando que “O cidadão consciente participa da política”, que se encontra na íntegra no Site: www.arquidioceserp.org.br. “Se bem usada, converter-se-á num poderoso instrumento de conscientização de nosso Povo e de nossas Comunidades”.

A Igreja Católica Apostólica Romana, mãe e mestra, procura formar Consciência Política Cristã, como todas as mães procuram educar seus filhos para o Bem Comum. Nunca uma mãe cristã educaria seus filhos ao egoísmo, aos bens individuais ou partidários, que dividem e fazem os mesmos filhos brigarem entre si, desrespeitando-se mutuamente.

É preciso que o cristão deixe de colocar em outras pessoas a responsabilidade pela atual situação da sociedade e que cada um passe a perguntar a si mesmo o que pode fazer para tornar concreta a mudança que se deseja. Prefeitos culpam Governadores e esses a Presidência da República. Tem-se a impressão que as Bases Aliadas nas esferas municipais, estaduais e federais são “marionetes” diante da falta de criatividade ou da incapacidade de governar dos Poderes Executivos, o que é muito feio. É escancarado desrespeito à democracia. Assim quem pensa diferente passa a ser visto como inimigo. Pura falta de maturidade. Obsessão por poder, cargos, funções e prestígio, quando não “vida fácil”. E “vida fácil” já foi conhecida como mera “prostituição”. Viver à custa dos mais simples, das pessoas de bem se torna “escândalo” e seus protagonistas merecem aquela pedra de moinho no pescoço e fundo do mar do Evangelho.

As eleições se aproximam e certamente já sabemos em quem votar. Seria uma calamidade, se ainda tivéssemos dúvidas. Muitas vezes somos cobrados, porque não indicamos, publicamente, os candidatos a serem eleitos no próximo dia 2 de outubro. A Igreja Católica não se arroga o direito de “obrigar” ou impor esse ou aquele candidato, porque respeita um dos valores fundamentais da Pessoa: a Liberdade.  A orientação é de que se observe a conquista da Lei da Ficha Limpa. Particularmente, e sem escrúpulo nenhum, penso que não deveríamos eleger Candidatos que já serviram por inúmeros mandatos seguidos. É preciso arejar, pensar em perspectivas, oportunidades e esperanças novas. Quem realmente serviu o povo sem a pretensão de pensar-se insubstituível, contribuirá com o Bem Comum de nossa Cidade, mesmo sem exercer o que gosto de chamar de Serviço, embora digam serem Cargos, Funções e Mandatos. Afinal, nosso Governo ou está a serviço de seu povo, ou não é digno de nosso voto.

 O serviço dos eleitos nas urnas é de promover o Bem Comum oferecendo os meios para o desenvolvimento das pessoas em sua dignidade. Saibamos votar com lucidez, liberdade e esperança de uma cidade mais humana, menos violenta, com saúde, educação, infraestrutura cada vez mais a serviço da dignidade dos filhos que necessitam de oportunidades e que sejam respeitados em sua capacidade de eleições, e não subestimados com mais ilusões.

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO-QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
            Domingo é o dia do Senhor, o dia em que Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e mudou para sempre o curso da história humana, oferecendo vida e esperança nova a quantos viviam nas trevas e na penumbra da morte. Esta é a razão pela qual os cristãos em todo o mundo se reúnem neste dia para louvar e agradecer a Deus as grandes maravilhas por Ele realizadas para nós.
            Nos reunidos no Vigésimo-Quinto Domingo do Tempo Comum para celebrar a Eucaristia, a mais completa de todas as ações de graças que se pode elevar a nosso Deus uno e trino.
            Em espírito de oração e ação de graças, nós nos reunimos para celebrar a eucaristia, sacramento da alegria e da salvação. Somos convidados a ser criativos e fiéis na administração dos bens que Deus nos confia. Seguir Jesus implica romper com a ganância e pôr os nossos recursos a serviço da construção da fraternidade entre todos.
            Diante da maldade e da injustiça, Deus sempre se põe ao lado do injustiçado. Sua palavra nos revela seu projeto salvífico de vida e dignidade para todas as pessoas e seu desejo de que todos se beneficiem dos bens da criação.
            Deus se põe ao lado do pobre e não aceita que este seja lesado. A opção por Cristo afasta a ganância e cria novas relações de justiça e fraternidade. Em nossas orações, devemos nos lembrar de todos e por todos rezar.
            A eucaristia é a reunião dos filhos e filhas na mesma mesa. Não podemos celebrá-la dignamente se dela excluímos alguém e não somos solidários com os que passam necessidades.
            A página do Livro da Profecia de Amós lança luz às palavras evangélicas. A ganância do mau administrador, a qual o levou a perder seu tesouro, não o constituído por dinheiro, mas o tesouro interior formado pelo bem praticado pelas qualidades advindas de uma vida reta, íntegra. Assim também, os comerciantes da época de Amós rompiam sua relação com Deus por não praticarem a justiça social, mas, ao invés, buscarem só vantagens pessoais.
            O Evangelho de São Lucas narrado neste domingo não é para ser compreendido com a razão puramente humana, mas com o coração cristão.
            A parábola mostra um mau administrador que não correspondendo à confiança de seu empregador, está ameaçado de perder o emprego, tendo que arcar com todas as penosas conseqüências desta situação. O que faz ele? Corrompe outros empregados, os levando a agir de modo tão desonesto quanto ele (Situação bem parecida com o mensalão, o petróleo, a Lava Jato e tantas verbas desviadas do bem comum, como escolas, hospitais, previdências em nosso País. Verbas que não chegam ao destino, mas seguem para bolsos corruptos. Prestações de Contas Públicas maquiadas que enriquecem alguns poucos, empobrecendo cada vez mais os menos favorecidos. Falcatruas em licitações desonestas e nem por último desvio de coletas e esmolas de nosso Povo bom e pobre, em nossas Comunidades Eclesiais. Sempre me pergunto: como pregar profeticamente contra as Injustiças Sociais, a Corrupção em nossos Governos, quando não fazemos diferente em relação às nossas Comunidades de Fé? Toda administração desonesta como desvio de verbas só acontece em grupo. Uma única pessoa necessita de uma multidão de coniventes, para que seja viável a corrupção. Assim, como no Evangelho, leva consigo, para a perdição um grupo de pessoas, muitas delas, não raras vezes, inocentes.). No entanto, porque o empregador elogiou o administrador desonesto? De fato, o que o empregador elogia não é a desonestidade, mas a prontidão com que o administrador buscou uma solução para seu problema, embora tenha sido a solução errada (É o caso dos numerosos Partidos Políticos, por exemplo. Uma vez partidário, deverá o indivíduo mesmo honesto, dançar a música que seu partido toca e nem sempre tal música é afinada com a ética e a justiça.). Ao final da narrativa, está a frase que conduz ao entendimento da parábola: “de fato, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. Isso significa que, muitas vezes, aqueles que não assumem os valores evangélicos são mais ágeis, mais astutos em seu agir, do que nós que pretendemos ter assumido os valores cristãos e, no entanto, nos acomodamos, não procuramos mostrar ao mundo os caminhos de salvação.
            São Paulo, escrevendo a Timóteo, comenta sobre o não se fechar em si mesmo, abrir-se aos irmãos e rezar por eles. O pequeno trecho desta carta nos transmite todo o sentido e significado da oração cristã.
            Que a Palavra deste domingo nos lapide na relação com Deus, ajudando-nos a sairmos de nós mesmos, em relação aos outros, especialmente os que precisam mais do que nós. “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes”. A questão da fidelidade, principalmente nos bens perecíveis, na busca de poder, prestígio e cargos, será sempre um desafio para todos os cristãos, especialmente nas dimensões políticas, eclesiais e também sociais.  Não deixemos nossas carências afetivas atrapalharem nossa fidelidade em relação ao que o Senhor nos pede. Saibamos despir-nos de nossas pretensões egoístas e passageiras, deixando a graça de Deus agir em nós, cada vez mais de graça. Não compremos honras, títulos e elogios. Deixemos que as pessoas nos reconheçam bons, pela bondade que por elas vivemos. A bondade, quanto mais gasta pelos outros, mais abundantemente se nos é concedida!
Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Am 8,4-7; Sl 112(113); 1Tm 2,1-8 e Lc 16,1-13).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2016, pp. 59-61 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Setembro de 2016), pp. 19-23.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO-QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegrai-vos comigo,
Encontrei o que tinha perdido!” (Lc  15).

            Celebramos o Vigésimo-Quarto Domingo Comum do Tempo Litúrgico, ainda no Mês da Bíblia. Lembramos o trágico atentado das Torres Gêmeas de Nova Iorque, e os tantos outros que o seguiram até nossos dias!
            Apesar de nossas fraquezas e pecados, o Senhor não nos rejeita, mas, com amor e misericórdia, vem-nos ao encontro, como nosso Pai, quando dele nos afastamos. Alcançados e resgatados por seu Filho, somos convidados a abrir os lábios e o coração para o seu louvor.
            A Palavra de Deus nos assegura que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que o Pai se mostra sempre disposto a perdoar quando a pessoa decide retornar o bom caminho.
            Moisés intercede em favor do povo pecador e Deus continua se mantendo aliado na caminhada. Deus não se cansa de procurar o pecador e o que está perdido. Jesus veio ao mundo para reconciliar e salvar a humanidade e é ele que nos fortalece na missão.
            A página do Livro do Êxito desenvolve em seu capítulo 32 a descrição da ruptura que o povo provocou em sua relação com Deus e a posterior renovação da aliança. O povo abandona Deus, mas Deus não abandona o povo. Moisés intercede junto a Deus pelo povo. Este texto prefigura, pois, a face do Deus misericordioso, desvelada por Jesus no Novo Testamento e tão belamente simbolizada nas parábolas da ovelha perdida e do filho pródigo. O amor misericordioso se sobrepõe e prevalece acima de todos os demais sentimentos.
            O evangelho deste domingo, pela narrativa de três parábolas, nos leva a refletir sobre a pessoa que se afasta de Deus. É fácil pensar que tais ensinamentos não dizem respeito diretamente a nós, que nos reunimos em comunidade de fé, oração e amor, elevando nossa ação de graças ao Pai.
            Afinal, se com este objetivo nos encontramos, formamos assembleia, não estamos afastados de Deus. Portanto, as três parábolas se referem a outras pessoas, talvez mais pecadoras do que nós... Contudo, se afastarmos esta idéia e voltarmos o pensamento para dentro de nós mesmos e fizermos uma breve retrospectiva de nossa vida de fé, o que descobrimos? Lá bem no fundo, nos vislumbramos como a moeda perdida, a ovelha desgarrada, o filho que sai da casa do pai.
            Na parábola da ovelha, ao encontrá-la, o pastor “alegre a põe nos ombros”. Fica bem especificada a liberdade do retorno. A ovelha não é agarrada à força, não está se debatendo. É apanhada com carinho e mansamente se deixa conduzir.
            A pequena história da moeda perdida trás duas ações marcantes da mulher, ao iniciar a busca: acender a luz e procurar cuidadosamente. Se estivermos perdidos, afastados do Pai, somos buscados com cuidado, não de modo brusco ou violento. Seremos reencontrados em Deus com a ajuda da luz que é sua própria Palavra.
            Da conhecida parábola do filho pródigo emerge inúmeros simbolismos. Esta parábola nos dá os sinais que compõem o rico Sacramento da Reconciliação. Os passos de uma boa confissão estão nela contidos. E então percebemos quão rica é a misericórdia de Deus para com quem lhe vira as costas, mas retorna, se converte, volta-se novamente para ele com humildade!
            São Paulo começa a carta a Timóteo com um agradecimento “àquele que me deu forças, Cristo Jesus”. A seguir, ele afirma ter encontrado o coração misericordioso de Deus.
            Finalmente somos convidados a refletir: a qual personagem, em se tratando da parábola de um Pai Misericordioso com dois filhos mais nos identificamos: ao pródigo, que deixou a casa do pai e voltou anos depois totalmente “rasgado” em sua dignidade, ou ao filho mais velho que não controlou sua inveja porque seu irmão mereceu a misericórdia, sendo acolhido de braços abertos?
            Não poucas vezes, em nossas Famílias, Comunidades de Fé, na Política e na Sociedade, encontramos “Irmãos mais Velhos”: aqueles que se acham “certinhos” e não admitem ou não compreendem a misericórdia de Deus, que permite a quem quer que seja, tenha feito o que o que for, uma nova oportunidade, a verdadeira reconciliação com o próprio Deus, consigo mesmo e com os irmãos!
            Aprendamos a ser mais misericordiosos do que duros juízes em nossas relações com os irmãos! Sintam-se muito abençoados no Senhor que é Vida, Perdão, Misericórdia e Reconciliação. Só quem faz a experiência de perdoar e acolher o perdão sabe o quanto é saborosa a bondade de Deus!
            Com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ex 32,7-11.13-14; Sl 50(51); 1 Tm 1,12-17 e Lc 15,1-32).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2016, pp. 40-43 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Setembro de 2016), pp.13-18.