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quarta-feira, 29 de junho de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS Dia do Papa

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


O Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum cede lugar à Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – as duas grandes Colunas da Igreja de Jesus Cristo: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o evangelho da salvação” (Prefácio próprio da Festa).
            Celebramos a Páscoa do Cordeiro na vida e na ação evangelizadora de Pedro e Paulo. Apóstolos, fundadores da Igreja, amigos e testemunhas de Jesus. Agradecemos sua fé e empenho missionário. E celebramos o Senhor que os escolheu e os enviou para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, assumindo na Páscoa e dinamizado pelo dom do Espírito Santo.
            Esta é uma celebração antiquíssima. Existia antes da festa do Natal. Ela ajuda a nos achegarmos à fonte da vida cristã, ou seja, à Palavra de Deus e à Eucaristia que eles viveram intensamente e que nós estamos para celebrar no espírito de Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia! A Conversão Pastoral da Paróquia (Documentos da CNBB 100).
            Diferentes no temperamento e na formação religiosa, exercendo atividades diversas e em campos distintos, chegaram várias vezes, a desentender-se. Mas o amor a Cristo, a paixão pelo seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida e no martírio, acontecido em Roma sob o imperador Nero (54-68 D.C). Pedro foi crucificado e Paulo, decapitado.
            Ao celebrar a Páscoa dos dois grandes apóstolos, a Igreja lembra que em todas as comunidades estão presentes os fundamentos da missão evangelizadora: a vida eclesial, com sua dinâmica de comunhão e participação, e sua ação transformadora no mundo.
            No testemunho de Pedro e Paulo, temos duas dimensões diferentes e complementares da missão, como seguidores de Jesus. Apesar de divergirem em pontos de vista e na visão do mundo, o amor de Cristo e a força do testemunho os uniram na vida e no martírio. Neles, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Jesus de formas diferentes, mas é único e idêntico o testemunho que, corajosos, deram dele.
            Por isso, são figuras típicas da vida cristã, com suas fraquezas e forças. As contínuas prisões de Pedro fazem-no prolongar a paixão de Jesus. Não só aceita um Messias que dá a vida, mas morre por Ele e com Ele. Convertido, Paulo se torna propagador do Evangelho de Cristo, sofrendo como Ele sofreu, encarando a morte como Jesus a encarou.
            A comunidade, alicerçada no testemunho de Pedro e Paulo, nasce do reconhecimento de quem é Jesus. Esse reconhecimento não é fruto de especulação ou de teorias, e sim de vivência do seu projeto que passa pela rejeição, crucifixão, morte e ressurreição.
            Quando o testemunho cristão é pleno, o próprio Jesus age na comunidade, permitindo-lhe “ligar e desligar”. O poder que Jesus tem, as chaves do Reino, é entregue a nós, seus seguidores. A comunidade não é dona, apenas administra esse poder pelo testemunho e pelo serviço em favor da vida. Organiza-se como continuadora do projeto de Deus, a partir da prática do mestre, promove a vida e rejeita tudo o que provoca a morte.
            Jesus de Nazaré é para nós o mártir supremo, a testemunha fiel... Os mártires da caminhada resistiram ao poder da morte e ao aparato repressor: “A memória subversiva de tantos mártires será o alimento forte da nossa espiritualidade, da vitalidade de nossas comunidades, da dinâmica do movimento popular”.
            “Vidas pela vida, vidas pelo Reino! Todas as nossas vidas, como as suas vidas, como a vida dele, o mártir Jesus!”.
            Animados pelo testemunho de Pedro e Paulo, vamos ao encontro do Senhor que dá razão e sentido à nossa vida. Acolhendo sua Palavra, renovamos nossa adesão a Cristo e ao seu projeto.
            Professamos com alegria nossa fé na Igreja una, santa, católica, apostólica, aberta à comunhão universal e visceralmente missionária e proclamada da vida digna para todos.
            Participando a Eucaristia, somos identificados com Cristo e confirmados no seu caminho, para sermos disponíveis aos nossos irmãos e irmãs, até a morte, como marcas da identidade cristã.
            Hoje rezamos especialmente pelo Papa Francisco, Bispo de Roma, cidade onde se deu o martírio de Pedro e Paulo. A missão do Papa é zelar para que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo e ao seu projeto, realize com humildade e coragem o anúncio do Evangelho, cada vez mais inculturado, profético e aberto a todos.
            Supliquemos para que o Papa e todos os pastores sejam pétrus nas mãos do Senhor, fiéis ao Evangelho na condução da Igreja como servidora da vida, como sinal e instrumento da comunhão entre os povos.
            Com facilidade emitimos opiniões errôneas, quando não medíocres em relação à autoridade e ao serviço do Santo Padre, o Papa! Talvez a celebração de hoje seja uma oportunidade de remissão, conversão e renovação de nossa fidelidade ao sucessor de Pedro, o Papa Francisco. Frequentemente me pergunto: quem sou eu para emitir qualquer crítica, desrespeitar ou até mesmo questionar a autoridade = serviço do Papa? Homem que se despe totalmente de si mesmo. Deixa para trás até o próprio nome e toda sua liberdade, para estar totalmente a serviço da Igreja de Jesus Cristo que lhe é confiada ao coração, colocada nos ombros, como a ovelha debruçada sobre o Bom Pastor. Só o fato do sim do Papa já basta para que mereça o carinho, a ternura, a fidelidade de todo cristão, que debruça sua fé sobre o evento da “confirmação de Pedro”, continuado em nossos dias na pessoa totalmente a serviço do Reino de Deus, o amado Santo Padre o Papa Francisco. Somos, também, convidados a rezar por nosso Papa Emérito Bento XVI, que se retirou e a exemplo de João Batista, deu lugar a alguém com maior vigor, mais saúde e menos idade, a fim de conduzir não a própria, mas a Igreja amada de Jesus Cristo, da qual todos somos filhos queridos. E seu Sucessor, o Papa Francisco, é eleito como o PAPA DA TERNURA!
            Nesta solenidade, a Igreja do mundo inteiro, realiza a Coleta do Óbolo de São Pedro. Com esta coleta o Papa socorre a humanidade em suas necessidades, especialmente em situações emergenciais, em nome dos Católicos do mundo. O resultado das Coletas realizadas em todas as Celebrações deste domingo deverá ser remetido à Cúria, que dará seu verdadeiro destino, fazendo-o chegar aos cuidados do Vaticano. Por vezes há resistência à Coleta do Óbolo de São Pedro por pura ignorância. Nem sempre as pessoas conhecem o bem que fazem, sendo generosas. Todos que se sentem dignos de serem cristãos, são conclamados a partilharem de sua pobreza em favor de quem tem menos. Pois é em nome da Igreja Católica Apostólica Romana, que o Santo Padre socorre nossos irmãos que são vitimadas pela fome, pela miséria, por catástrofes, como terremotos, enchentes e tantas outras ocasiões. Sejamos sensíveis e coerentes entre o que celebramos, pregamos e doamos.
            Sejamos agradecidos pelo Ano Santo Extraordinário, o Jubileu da Misericórdia, que o Santo Padre o Papa Francisco nos oferece como verdadeiro dom e profunda graça de Deus! Façamos o eficaz exercício da Misericórdia, perdoando-nos mutuamente e fazendo de nosso coração o mesmo Coração Misericordioso de Deus!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel.

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 12,1-11; Sl 33(34); 2Tm 4,6-8,17-18 e Mt 16,13-19)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2016, pp. 20-26 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Julho de 2016), pp. 51-56.

SÃO PEDRO, CONFIRMADO O PRIMEIRO PAPA!

No próximo domingo, dia 3 de julho celebraremos a Solenidade de São Pedro, o Primeiro Papa da Igreja Católica Apostólica Romana. Desde então, a Igreja nunca ficou órfã de Papa. O Pedro de nossos dias, eleito dia 13 de março de 2013 é Francisco, o Papa da Misericórdia e Ternura! Foi no dia do Papa (29 de Junho) que nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, recebeu sobre os ombros o Pálio, um colar de lã que o próprio Sucessor de Pedro entrega aos demais sucessores dos Apóstolos, que têm confiado uma Província Eclesiástica, uma Arquidiocese, como é a de Ribeirão Preto. Nossa Província é formada por oito Dioceses, onde cada Bispo é autônomo. Além da Sé Metropolitana de Ribeirão Preto, constituem nossa Província as Dioceses de Barretos, Catanduva, Franca, Jaboticabal, Jales, São João da Boa Vista e São José do Rio Preto. O serviço do Arcebispo é de confirmar as oito Dioceses na Unidade, Comunhão e certa Pastoral de Conjunto.

Na verdade, o que celebramos na Solenidade de São Pedro e São Paulo não são os méritos destes apóstolos. O que celebramos é o Senhor mesmo que escolheu e enviou estes apóstolos, para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, inaugurado pelo mistério pascal de Cristo e assistido pelo dom do Espírito Santo.

São Pedro e São Paulo, ao lado de São João Batista e Santo Antônio, são santos muito estimados pelo nosso povo brasileiro; são alegremente festejados pela religiosidade popular deste país, compondo assim nossas tradicionais festas juninas. A tradição dos Santos Juninos é portuguesa e foi assumida pelos Índios e Escravos do Brasil, tornando-se uma das principais festas, especialmente no Nordeste. Lá são celebrados por um mês inteiro.


No Dia do Papa que solenizamos no primeiro domingo de julho, por não ser feriado no dia 29 de junho no Brasil, faz-se a Coleta do Óbolo de São Pedro. São as Comunidades Católicas Apostólicas Romanas do mundo inteiro que partilham de sua pobreza, sendo generosas e oferecem, livremente, parte do que lhes pertence a quem tem menos. O Papa, por meio de sua assessoria, utiliza o resultado desta Coleta para socorrer, em nome da Igreja do mundo inteiro, nossos irmãos que sofrem dificuldades: as vítimas da fome (continuam passando fome diariamente no mundo, segundo a ONU 1 bilhão de pessoas); as vítimas de enchentes, tornados e guerras, essas sempre tão estúpidas. Enquanto o Vaticano envia auxílio aos nossos irmãos em situações de risco, é justamente nossa oferta que alivia as dores de tantos sofredores, pois o faz em nome de cada um e de todos que se sentem Católicos Apostólicos Romanos e vivem inseridos e comprometidos como tal. Agradecemos a generosidade de todos que pensam naqueles que têm menos do que nós. As Comunidades enviarão toda a coleta à Cúria Metropolitana, que fará chegar ao destino certo nossa participação consciente, com sabor de Jubileu da Misericórdia!

Padre Gilberto Kasper (pe.kasper@gmail.com) é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Em seu itinerário, Jesus neste Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum toma a firme decisão de partir para Jerusalém, lugar culminante de seu ministério pascal, de sua entrega definitiva ao Pai. Aos poucos, os seguidores de Jesus vão compreendendo o que significa tomar a cruz, renunciar a si mesmo e optar por Ele. A adesão incondicional à pessoa de Jesus, a obediência absoluta a Ele é ato libertador. Portanto, este caminho é feito na liberdade, ou seja, uma vida vivida segundo o Espírito, com as exigências próprias do caminho escolhido.
            Ao longo de seu ministério, Jesus chamou discípulos para serem seus colaboradores no anúncio da Boa-Nova do Reino. Com palavras, ações e testemunho. Ele mostrou que, para segui-lo, é necessário estar aberto e pronto para partilhar sua vida e missão. Como Jesus Cristo, o seguimento exige entrega total nas mãos de Deus, capacidade de assumir os desafios, de colocar o Reino como prioridade maior. Diante dos apelos de Deus, é impossível permanecer fechado em interesses particulares.
            Deus é o nosso Pai amoroso que deseja que vivamos, não de forma oprimida como escravos, mas como filhos e filhas livres. Ele enviou seu Filho para ser nosso modelo e guia na caminhada. Jesus veio perdoar e salvar todas as pessoas. Por meio de palavras e ações misericordiosas, Ele nos ensina a servir com gratuidade, amar e perdoar de forma incondicional. Como Tiago e João, precisamos nos libertar dos preconceitos e ser tolerantes em relação aos que têm ideias diferentes das nossas.
            A adesão total à proposta de Jesus Cristo, pela fé e missão, nos liberta de todas as formas de escravidão. Quem se dispõe livremente a seguir Jesus compromete-se a viver a lei suprema do amor. Como fruto do Espírito, o amor orienta toda a vida dos discípulos e das discípulas de Jesus. O amor gratuito de Deus, revelado de modo especial através da vida, morte e ressurreição de Jesus, suscita ações solidárias nas comunidades. Deus escolhe pessoas dispostas a trabalhar em seu Reino.
            Quando foi chamado, Eliseu já tinha uma profissão, estava acostumado a trabalhar. Mas ele se deixa transformar pela Palavra de Deus e compromete-se a servi-lo de forma mais radical. Como Eliseu, somos chamados a desempenhar um ministério na comunidade. A resposta ao chamado requer despojamento para seguir livremente o Evangelho, assumindo o compromisso de trabalhar com disponibilidade e generosidade. Fortalecidos pelo Espírito, sejamos testemunhas de Jesus, sinais de amor e esperança.
            No próximo domingo celebraremos a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Embora a data seja dia 29 de junho, nós no Brasil celebramos esta festa no domingo seguinte por não ser feriado. Será o Dia do Papa. É nesta festa que a Igreja Católica Apostólica Romana, faz a Coleta do Óbolo de São Pedro. Esta coleta é enviada à assessoria do Papa Francisco, que em nome de todos os Católicos do mundo, utiliza esta partilha de nossa pobreza, para socorrer pessoas em situações de catástrofes e calamidades. Sejamos generosos nesta Coleta, levando à Celebração do Dia do Papa nossa sincera participação material, resultado de um coração solidário, que pensa naqueles que sofrem mais e tem menos do que nós.
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler: 1 Rs 19,16.19-21; Sl 15(16); Gl 5,1.13-18 e Lc 9,51-62).

Fontes: Liturgia da Paulus de Junho de 2016, pp. 86-88 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2016), 46-50.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


            Jesus é nosso mestre. Nós somos discípulos e discípulas dele. Com ele nos retiramos hoje, como o fazemos todos os domingos, para um momento de descanso, de oração, de escuta da Palavra e, depois, de celebração da Santa ceia, memorial da vitória da Páscoa.
            Isto é obra de Deus, pois ele quer nos firmar seu amor. Por essa razão, nos reúne em comunidade de fé. Que nunca nos falte a graça de amar e temer esse Deus tão bom que, em Jesus e no Espírito Santo, sempre nos mostra o caminho para nossa realização humana.
            A Eucaristia de hoje nos desafia a confessar que Jesus é o Cristo de Deus, fonte do amor e da vida. Nossa fé nos impele a derrubar toda barreira discriminatória e reconhecer que em Cristo somos um. Só assim teremos condições de segui-lo na fidelidade dia a dia. Celebremos em comunhão com todos os migrantes que anseiam por melhores condições de vida.
            Por sua palavra, Deus derrama um espírito de graça e piedade sobre cada um de nós, convidando-nos a nos revestir de Cristo e reconhecer nele o ungido a quem nos cabe seguir.
            Somos chamados a nos compadecer das muitas vítimas da violência. Somos desafiados a professar nossa fé em Jesus e segui-lo com desprendimento. Somos convidados a superar, em Cristo, todas as discriminações.
            É sabido que existem distinções e até discriminações no tratamento social. Como trabalhamos esta questão na Igreja, na comunidade de Cristo? A Palavra hoje nos anuncia a igualdade de todos no sistema do Senhor Jesus. Acabou o regime da lei mosaica que considerava ser judeu um privilégio, por causa da Aliança com Abraão e Moisés. A crucificação de Jesus, em nome desse regime antigo, marcou a chegada de um regime novo. Simplesmente observar a lei de Moisés já não é salvação para quem conhece Jesus, para quem sabe o que ele pregou e como ele deu sua vida por sua nova mensagem e por aqueles que nela acreditassem. Estes constituem o povo da Nova Aliança. São todos iguais perante Deus, como filhos queridos e irmãos de Jesus – filhos como o Filho e coerdeiros de seu Reino, continuadores do projeto que ele iniciou.
            Neste novo sistema, não importa mais ser judeu ou não, escravo ou livre, homem ou mulher, branco ou negro, patrão ou operário, rico ou pobre... Mesmo não tendo chances iguais em termos de competição econômica e ascensão social, todos têm chances iguais no amor de Deus. Ora, este amor deve encarnar-se na comunidade inspirada pelo Evangelho de Jesus, eliminando desigualdade e discriminação. Provocada pelas diferenças econômicas, sociais, culturais etc., a comunidade que está em Cristo testemunhará igual e indiscriminado carinho e fraternidade a todos, antecipando a plenitude à paz celeste para todos os destinatários do amor do Pai. Programa impossível, utopia? Talvez seja. Mas nem por isso podemos desistir dele, pois é a certeza que nos conduz! Na caridade em Cristo, o capital já não servirá para uma classe dominar a outra, mas para estar à disposição de todos que trabalham e produzem. A influência e o saber estarão a serviço do povo. O marido não terá mais liberdades que a mulher, mas competirá com ela no carinho e dedicação.
            Somos todos convidados, neste mês de Junho a participar, na medida do possível, das festas juninas. Já celebramos nosso Padroeiro, Santo Antoninho, Pão dos Pobres, dia 13 passado. Hoje, de modo especial, agradecemos a história dos 160 anos de Fundação e dos 145 anos da Emancipação Político-Administrativa de nossa Cidade de Ribeirão Preto. Celebração a Ação de Graças por tanta riqueza, e pedimos por uma cidade mais justa e que de verdade, resgate a dignidade de seus filhos, tão surrados pelas crises a eles impostas, nestes últimos anos. Vivamos a esperança de tempos melhores, tempos em que todos tenham oportunidades e acesso digno ao trabalho, à saúde, à educação, à segurança e à infraestrutura que uma cidade do porte de Ribeirão Preto merece.
            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Zc 12,10-11; 13,1; Sl 62(63); Gl 3,26-29 e Lc 9,18-24).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2016, pp. 64-66 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2016), pp. 36-45.

13 de Junho - Missa na Santo Antoninho (Santo Antônio Pão dos Pobres)

No dia 13/06, dia de Santo Antônio, foi celebrada uma missa festiva na Igreja de Santo Antônio Pão dos Pobres, chamada carinhosamente de Santo Antoninho, que inicialmente foi uma Capela que atendia os Padres na cidade e também os Monges Beneditinos, hoje é Reitoria e Espaço Espiritual dirigida pelo querido Padre Gilberto Kasper e é a Igreja construída e ainda em pé mais antiga de Ribeirão Preto, com seus 113 anos.

Abaixo seguem algumas fotos da celebração e pedimos sempre proteção e as bençãos de Santo Antônio! Ele quem dava alimento aos pobres, que alimente nossos espíritos com ternura e que possamos igualmente sermos caridosos e misericordiosos.





quarta-feira, 8 de junho de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO-PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

“E Jesus disse: ‘Teus pecados estão perdoados’.
Tua fé te salvou. Vai em paz!’” (cf. Lc 7,48.50).

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Para entender a Palavra deste domingo, imaginemos ver em Jesus um ser humano perfeitamente integrado. Homem totalmente simples, humilde, transparente, livre, sem armaduras, sem couraças, sem preconceitos, sem complicações... Decididamente centrado apenas na essência de nossos corpos, para além dos nossos padrões egoicos, limitados, transitórios, perecíveis, cujas absolutizações ameaçam sempre comprometer a qualidade da vida das pessoas... Humano assim, só Deus mesmo! Jesus é divinamente humano.
            Não estranha, pois, que esse Jesus aceita tranquilamente tomar a refeição na casa de um “crítico” fariseu. Na mesma casa, tranquilamente se deixa perfumar, banhar e beijar por uma prostituta aos prantos. Por que esta mulher estigmatizada como pecadora agiu assim? Porque sentiu em Jesus o único homem capaz de “tocá-la” como ela – talvez inconscientemente – sonhava que alguém a tocasse. Tocá-la em profundidade, para além do corpo dela, em sua essência, em sua alma. No corpo de Jesus, em seu olhar, em seus gestos, ela vislumbrou aquilo que mais buscava: o verdadeiro amor, divino amor, compreensivo, acolhedor, todo perdão, fonte de paz imorredoura. De fato, neste Jesus misericordioso, que ali se deixa “tocar” pelos perfumes, pelo banho das lágrimas e beijos dela, ela mesma se encontrou: experimentou-se conectada à sua própria essência, à sua “imagem e semelhança” com o mistério que nos transcende, conectou-se “consigo” mesma e desmoronou aos prantos...
            O fariseu, fechado em seus padrões egoístas, rigidamente identificado apenas com seu “papel” religioso, portanto cego para o mistério de Deus no mistério do humano, não consegue entender a atitude da mulher. Muito menos consegue entender a de Jesus. Não percebe em Jesus o divinamente humano, a presença do amor misericordioso do próprio Deus. Por isso, no fundo, nem lhe dava muita importância, o que se traduziu no modo um tanto displicente como o acolheu em sua casa. Bem outra foi a atitude daquela prostituta, porque intuiu quem de fato era Jesus, sua atitude foi de franca, confiante e emocionante acolhida do divino amor ali presente, que não a condena, mas a perdoa totalmente e lhe resgata a verdadeira paz.
            Quantos de nós, clérigos e bons leigos, em nossas Comunidades nos revestimos do anfitrião fariseu, julgando os outros com pressa, pensando-nos “deuses” sobre aqueles que consideramos “os prostitutos e as prostitutas” de nosso tempo? Como nossa capacidade de perdoar ainda está aquém do que o Cristo espera de nós, Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia! Cheios de regras, normas, exigências complicadas, preconceituosos nos achamos os “certinhos”, só porque nossos defeitos e pecados talvez mais mal cheirosos do que os das “prostitutas” de hoje continuam anônimos. Não tenho dúvida de que isso é abominável a Jesus, cheio de amor e misericórdia, que não cansa de exalar sua ternura junto aos que se arrependem e se voltam, mesmo que aos prantos diante dele.
            A Eucaristia é o memorial do amor de Deus, que a todos estende seu perdão e a todos acolhe. Dispostos a deixar Cristo viver em nós, somos convidados a celebrar em comunhão com aqueles que são discriminados por motivos diversos e rezarmos por todos os sofredores de nossa comunidade.
            Diante do arrependimento e do amor que a pessoa demonstra, Deus mostra-se compassivo e disposto a perdoar o pecador. Animados pela fé em Jesus Cristo, acolhamos a palavra que nos salva.
            O amor de Deus supera nossos pecados. O amor e o perdão andam de mãos dadas. A fé em Cristo nos salva e nos leva a agir como ele.
            Como vemos, pois, protagonista da liturgia deste domingo é o amor de Deus que, na pessoa de Jesus, se doa como perdão para todos nós pecadores, homens e mulheres... Experimentar a misericórdia de Deus, encontrar o seu perdão, significa para o ser humano viver a alegria profunda do retorno à casa do Pai, encontrando aquela dimensão essencial de paz, de serenidade, de comunhão com Deus e de harmonia interior consigo mesmo e com as outras pessoas.
            A grande lição que hoje podemos tirar é esta: São amigos de Deus (“justos”) aqueles que reconhecem diante de Deus sua dívida de amor e dele recebem remissão. Então, abrir-se-ão em gestos de gratidão, semelhante ao gesto da pecadora.
            Feliz daquele que tem a capacidade de perdoar sempre. Mesmo que a pessoa a ser perdoada não o mereça segundo nossos critérios. Mas perdoar para que eu experimente a recompensa da paz interior. Logo, perdoar não significa esquecer, mas lembrar sem rancor, nem raiva e muito menos ódio.
            Sejam todos sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço fiel e amigo,

Pe. Gilberto Kasper
            (Ler 2Sm 12,7-10.13; Sl 31(32); Gl 2,16.19-21 e Lc 7,36-50-8,1-3).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2016, pp. 44-47 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2016), pp. 30-35.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

III Jornada da Comunicação - Ribeirão Preto


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

“Jovem, eu te ordeno, levanta-te!
E Jesus o entregou à sua mãe”
(cf. Lc 7,15).

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

O Décimo Domingo do Tempo Comum nos apresenta Jesus Cristo que “veio devolver a vida”, especialmente aos Brasileiros que vivem uma cruel Cultura de Morte: abandonados pelos Governantes; por uma melhor Educação Básica e Ensino Fundamental e Médio; entregues à falta de oportunidades e perspectivas; engolidos pelas drogas e balas de “acerto de contas” em tenra idade; inclinados à violência disparada e à promiscuidade de contra valores. “Mártires da Corrupção” (cf. Papa Francisco).
            Em Israel, no tempo de Jesus, a situação da mulher viúva era a pior que existia. Ela tinha que se “virar sozinha” para sustentar a si e aos filhos. Os filhos eram para ela a esperança de sua velhice. Agora imaginem a situação de uma viúva cujo filho único vem a morrer. Pois bem, a Palavra de Deus nos conta neste domingo como respectivamente Elias e Jesus ressuscitam um filho de uma viúva: Elias, com muito trabalho; Jesus, com um toque de mão. Se Elias era um homem de Deus, um profeta, Jesus é o Senhor, e o povo exclama: Um grande profeta nos visitou! Deus visitou o seu povo!
 Vivemos num País com tantos contrastes, disparidades, injustiças e maus exemplos que emanam dos próprios Poderes do Executivo, Legislativo e Judiciário, covardes pelas urgentes Reformas Política, Econômica, Judiciária e nem por último ética e moral! Um País que ignora direitos de defesa de brasileiros reféns da corrupção, e nem mesmo se envergonha disso!  Mas o que importam as pessoas e suas famílias, já que nossos governantes estão tão ocupados em “maquiar” a inflação e uma economia onde o tomate custa R$ 9,00 numa semana e R$ 1,89 noutra?...
            Deus visitou o seu povo! E como o fez? Sabemos que quando um governador ou presidente visita uma cidade, dificilmente vai parar para se ocupar com um cortejo que casualmente cruza seu caminho. Vai ver o prefeito, isso sim. Mas o Filho de Deus se torna presente à vida de uma pobre viúva que está levando seu filho – sua esperança – ao enterro. Deus visita os pobres e os pecadores: a viúva, Zaqueu, o padre que um dia escorregou e é catalogado pelos próprios irmãos como um inútil, os casais em situações chamadas irregulares e tantos outros que discriminamos como se fôssemos Anjos sem defeitos... Aqueles que são abandonados pelos outros. Em Jesus, Deus nos mostra o caminho que conduz aos marginalizados.
            A divina Palavra nos mostra que o sistema de Deus é bem diferente do nosso. Enquanto que nós gostamos de investir naqueles que já tem poder e influência, Jesus começa com aqueles que estão à margem da sociedade. O Reino de Deus começa na periferia. E revela-se um Reino de vida para os deserdados. Exatamente como nosso Papa Francisco nos pede, sejamos Igreja: irmos às periferias existenciais de nossas Paróquias e Comunidades!
            Há ainda mais outro detalhe. A visita de Deus leva o povo também a sentir uma natural responsabilidade: a responsabilidade da gratidão. O que o povo fez? Ele espalhou a fama de Jesus por toda a região. Mostrou que soube dar valor à visita que recebeu. A Igreja terá de celebrar a mesma gratidão por Deus, que fez grandes coisas aos pequenos. Muitos ainda não são capazes disso. Não sabem se alegrar com a visita de Deus aos pequenos. (É tão comum entre nós, até mesmo os padres, tal comportamento. Não conseguimos alegrar-nos com o zelo, a sensibilidade e os êxitos dos irmãos: é pura inveja clerical!) Por isso lhes escapa a grandeza da visita. Mas, afinal, quando é que sentimos Deus mais verdadeiramente próximo de nós: ao se realizar uma grande solenidade, ou quando um gesto de amor atinge uma pessoa carente?
            Somos convidados a fortalecer nossa fé no Deus da vida. Cristo vencedor da morte nos estende sua mão, animando-nos a sair da nossa prostração, indiferença e falta de fé.
            A viúva faz a experiência do Deus que promove a vida, não a morte. Em Jesus, Deus veio visitar seu povo necessitado de compaixão e vida. A missão de Paulo é a mesma dos apóstolos que conviveram com Jesus, assim como também a nossa missão é a mesma de Paulo.
 No próximo dia 13 de Junho, celebraremos o Padroeiro de nossa Reitoria, em seu 113º ano de Fundação, Santo Antônio, Pão dos Pobres! A Missa com a solene Bênção dos Pães aos Pobres e Enfermos será às 8 horas, mesmo sendo, neste ano, numa segunda-feira!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler 1Rs 17,17-24; Sl 29(30); Gl 1,11-19 e Lc 7,11-17).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2016, pp. 26-28 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2016), pp. 25-29.