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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Advento, ou o “dia da vinda”, é um tempo de preparação para as festas epifânicas, tem como tarefa preparar-nos para receber o Senhor que vem e se manifesta a nós. Sendo assim, a manifestação do Senhor tem dois aspectos: 1. A sua manifestação em nossa carne, que constitui sua primeira vinda; 2. A sua manifestação em glória e majestade no final dos tempos, que constitui sua segunda vinda.

            O tempo do Advento terá, por conseguinte, esta dupla estrutura: será advento escatológico e advento natalício. O primeiro compreende o tempo que vai do primeiro domingo do advento ao dia 16 de dezembro inclusive; o segundo constitui-se pelas semanas de 17 a 24 de dezembro que propõem a preparação mais imediata para a festa do Natal.

            Neste primeiro domingo, somos convocados a atitudes bem concretas diante da vinda do Filho do Homem: levantar, erguer a cabeça, tomar cuidado, ficar atentos. Ou seja, é preciso ficar de pé diante do Filho do Homem.

            O Advento nos prepara para o Natal, festa da encarnação de Deus na pessoa de Jesus. A liturgia deste primeiro domingo do Advento nos convida à oração e à vigilância, fundamentada no amor. Fiquemos bem despertos para perceber e acolher as visitas que Deus nos faz.

            A vinda do Filho de Deus significa o plantio da semente da justiça no coração da humanidade. Cabe a cada pessoa e comunidade acolhê-la e cultivá-la com amor, para que produza em nós a salvação.

            Todos somos responsáveis para que a justiça se estabeleça na sociedade. É necessária uma vigilância ativa para perceber a salvação próxima. A vinda de Cristo exige de cada um de nós sempre melhor vivência fraterna.

            Cristo revelou a salvação que atua já no presente e mantém firme o nosso compromisso solidário em favor da justiça. A palavra de hoje anuncia a esperança da salvação plena: “A vossa salvação está próxima”. O Senhor se manifestará de forma gloriosa para realizar plenamente o seu Reino. Nossa atitude é de espera vigilante, através da oração e do amor fraterno.

            O Senhor virá e a melhor maneira de manter a espera vigilante é por meio do amor e da oração constante. A vigilância é uma atitude existencial e libertadora que se manifesta na esperança ativa, na fé no trabalho, nas relações humanas de cada dia, no compromisso com a justiça do Reino. É apelo a viver um amor universal transbordante, que leva a construir um mundo novo de paz e fraternidade.

            O evangelho fala de sinais no sol, na lua, nas estrelas, angústia na terra, bramido no mar e nas ondas, céu abalado, inquietações na humanidade. Palavras atuais diante do clamor pela preservação da natureza. Os países juntos podem promover um desenvolvimento sustentável, que atenda às necessidades das gerações presentes e futuras. Mas, cada pessoa é chamada a colaborar para garantir um futuro de esperança e de vida plena.

            Celebramos com confiança no Senhor, cumpridor das promessas, pois ele fará brotar de Davi a semente da justiça.

            Um dos símbolos interessantes, e que nos ajudam a preparar bem o Natal do Senhor, é a Coroa do Advento, que contém uma linguagem de silêncio e fala forte, através do círculo, da luz, das cores, dos gestos correspondentes... Acende-se a primeira vela, que ao final do Advento, com a luz das outras três, terá iluminada nossa preparação adequada para a Solenidade do Natal do Senhor!

            Em todas as Comunidades do Brasil, levaremos hoje para nossas casas, um envelope para a Coleta da Campanha para a Evangelização. O resultado desta Coleta deverá ser tudo aquilo que, ao longo do Advento guardamos em favor dos que têm menos que nós, bem como em favor da eficaz Evangelização em nosso País, com seus desafios continentais. Ao comprarmos os presentes de Natal, saibamos lembrar-nos de colocar uma parcela no envelope. Não deixemos para a última hora, colocando algo que possa sobrar. Não façamos uma Coleta de Migalhas e Sobras, mas ofertemos algo precioso de nós. Abramos mão de alguma guloseima ou de algum presente, em verdadeiro espírito de penitência, que produza frutos saborosos e resulte na maior e mais significativa Coleta para a Evangelização de todos os tempos.

ORAÇÃO DA CAMPANHA PARA A EVANGELIZAÇÃO
“Sede misericordiosos!”
Pai Santo (Pai, rico em misericórdia).
Quisestes que a vossa Igreja fosse no mundo
fonte de salvação para todas as nações,
a fim de que a obra do Cristo que vem
continue até o fim dos tempos.
Aumentai em nós o ardor da evangelização,
derramando o Espírito prometido,
e fazer brotar em nossos corações
a resposta da fé.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém!
           
Saibamos, na Primeira Semana do Advento intensificar a leitura e a meditação da Palavra de Deus, que vai nos levando dia a dia na experiência do “resplandecer da luz do sol nascente que vem nos visitar...”.

            Vivemos o Ano da PAZ: retomemos as opções fundamentais da fé e a entrega ao Senhor na oração, na penitência, na caridade e na promoção da paz.

            Façamos de coração uma manjedoura humana, cheirando a paz, acolhida, humildade, transparência e amor. Será que hoje, nosso coração se abriria para Jesus nascer nele? Sinceramente, será verdade? Será verdade que nosso coração esteja aberto para Jesus, quando tão fechado a tantos irmãos que invejamos, que detestamos, que enganamos ou traímos? Pensemos bem nisso nesta semana, a Primeira do Advento, talvez a única em oportunidades para nossa vida! A Vigilância pedida no Evangelho deste domingo não terá tempo de nos esperar. Terá de ser hoje nossa decisão: ser ou não a manjedoura para Jesus estampado nos outros...

Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Jr 33,14-16; Sl 24(25); 1 Ts 3,12-4,2 e Lc 21,25-36)

Fontes:  Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2015, pp. 100-103 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo do Advento (Novembro de 2015), pp. 13-19).

REZAR E AGIR PELA PAZ!

                   Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

Na sociedade conturbada em que vivemos, sentimos medos de todos os tipos. Temos medo de ser substituídos e descartados como objetos obsoletos. Não nos sentimos seguros com relação ao futuro, daí a importância de promover a paz.

Quando analisamos a Oração de São Francisco, tão decantada mundo afora, tendo em vista o mundo contemporâneo, cujas preocupações e ansiedades sentimos dentro de nós e ao nosso redor, procuramos mostrar que é possível sair da apatia e transformar a nossa realidade. Além de rezar, é possível agir em prol de um mundo mais humano. Vemos, em torno de nós, pessoas humanas, porém sem nenhuma humanidade.

A essência da Oração de São Francisco, que é também um poema, está tomada de atitude. Onde houver dúvida, a pessoa deve levar a fé. Onde houver erro, a verdade. Esta prece não admite o conformismo. Quem deseja a paz interior precisa sair de si mesmo e levá-la aos outros.

Em contraste com a enxurrada de informações que recebemos e mal conseguimos ler e assimilar, esta oração insiste em apenas um ideal: é dando que se recebe. Quem quiser buscar o bem somente para si não o encontrará nem mesmo entre aqueles de quem gosta. Mas quem se preocupar em difundir a paz e outros valores positivos será recompensado, já nesta vida, por esses mesmos bens. A oração reflete uma passagem decisiva do Evangelho de Jesus Cristo: “Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará” (Mc 8,35).

É nesta simplicidade exigente que reside a força maior desta oração. Por isso a mensagem dela pode ser facilmente compreendida, mas é também esta simplicidade o que mais nos desafia.

Temos de simplificar a nossa alma para alcançar a paz. Precisamos nos despojar dos excessos para atingir o essencial da vida.


Estamos no Ano da Paz. Somos da Paz! “A paz é fruto da justiça” (cf. Is 32,17). Superemos as múltiplas formas de violência que agridem a dignidade dos filhos e filhas de Deus e despertemos a convivência fraterna entre as pessoas, como nos pede a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

UMA NOVA PRIMAVERA!

                  Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

           
Terminado o Sínodo dos Bispos convocado pelo Papa Francisco, a Igreja propõe um novo tempo, uma nova primavera para a vida e a missão da família no mundo de hoje. Sim, uma nova primavera que enche de alegria, renova a esperança e reafirma a missão e a tarefa da família cristã.

            Desde sempre a família ocupa um lugar de destaque na vida da Igreja e da sua ação pastoral. A família é a única riqueza que ninguém nos rouba e, por isso, precisamos cuidar dela, defendê-la, protegê-la dos que pretendem destruí-la a fim de fazer desmoronar a importante instituição que pode definir o futuro da sociedade humana.

            Durante suas sessões, o Sínodo deu mostras que o acolhimento, a generosidade, a caridade e a reconciliação é que podem modificar o atual momento sócio-político e econômico. Acolher sem desmerecer, conhecer as realidades e os sofrimentos, acompanhar as famílias e a situação de seus membros são os sinais que marcam o Sínodo que tratou especificamente da família.

            Quando o Papa convocou o Sínodo como tema da família, certamente já estava em seu coração de pai e de pastor a situação da família que está na Igreja ou fora dela, e que sofre uma série de desafios e que precisa de ajuda para que cumpra seu papel e missão na formação dos novos membros da sociedade.  O remédio para os males que afligem a família é a misericórdia e o acolhimento, que geram perdão e reconciliação. Sob o ponto de vista da misericórdia e do acolhimento, os Padres Sinodais se debruçaram sobre a situação da família, ou sobre as várias situações em que se encontram as famílias no mundo: fome, miséria, agressões domésticas, separação, divórcio, segundas uniões, migração, baixos salários, falta de remédios, hospitais, saneamento, corrupção, terrorismo, indiferença e preconceitos diversos.

            Diante da realidade, a Igreja que também é mãe, acolhe as famílias e propõe uma atitude própria do coração e das entranhas maternas: acolher! Acolher os desencantados, os sem esperança, os que se descasaram e casaram novamente, os que querem os sacramentos para seus filhos, os que buscam a Igreja porque entendem que ali Cristo os espera. Acolher é ter entranhas de misericórdia, é cuidar, é nutrir, alimentar, formar reanimar a esperança, é ajudar os mais sofridos a se achegar ate Jesus Cristo.

            O Sínodo frustrou as expectativas dos que pensavam que a anarquia fosse predominar na Igreja; artistas, jornalistas, gente famosa engrossaram o coro dos descontentes, pois esperavam que a Igreja se adaptasse às suas vontades e seus caprichos. Mas não é assim.

            A doutrina sobre o Matrimônio se manteve inalterada, pois o homem e a mulher ao se unirem por amor colaboram com a Obra criadora de Deus, ao gerarem filhos para a vida e para a fé. O amor torna capaz a união vivida na alegria e na tristeza, na saúde e na doença todos os dias da vida.
            Há muitos desafios e dificuldades a ser enfrentados pelas famílias hoje. A começar pela propaganda negativa a respeito do casamento, o consumismo egoísta, os relacionamentos desrespeitosos e a mentalidade do “descartável”, formam alguns pontos de preocupação para a vida da família. Ajunte-se a esses, a questão da ideologia de gênero, que desqualifica o papel do masculino e do feminino, do pai e da mãe, e parece querer desmontar a lei natural da biologia. Tal ideologia é um problema, pois seus defensores não aceitam pensamentos e argumentos diferentes dos seus e, qual rolo compressor, tentam desqualificar quem lhes argumenta de maneira contrária.

            Precisamos ressaltar o incansável trabalho que há décadas a nossa Pastoral Familiar realiza em todo o campo, que se refere à família em todos os âmbitos. Além disso, as Pastorais Sociais acodem os que estão em situação vulnerável como a pastoral carcerária, do menor, da mulher marginalizada, das famílias em situações de vulnerabilidade e da promoção humana.

            Vamos celebrar e festejar essa nova primavera que se derrama sobre nós.
           

            Fonte: Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP.

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, encerramos o Ano Litúrgico. Jesus Cristo é o Alfa e o Ômega, o começo e o fim da história humana, que Deus transforma em história da salvação.
            A festa de Cristo Rei foi instituída, como celebração litúrgica, pelo Papa Pio XI em 1925. O Papa fixou o último domingo de outubro como data da festa de Cristo Rei, tendo em vista, sobretudo, a festa subsequente de Todos os Santos, a fim de que se proclamasse abertamente a glória daquele que triunfa em todos os santos eleitos. A reforma litúrgica do Vaticano II transferiu a data do último domingo de outubro para o último domingo do Tempo Comum. Desse modo, concedeu à celebração um significado mais amplo, sublinhando a dimensão escatológica do reino em sua consumação final. Com esta mudança, Cristo aparece como centro e senhor da história, Alfa e Ômega, Princípio e Fim (cf. Ap 22,12-13). É a Festa do Cristo “Kyrios”.
            Meu reino não é deste mundo, Jesus nos diz. Todo o universo, e nele o ser humano, é criação divina, o alfa, e tem um único objetivo: o ômega – a finalização de tudo e todos no amor, que é Deus. Para que isto ocorra, temos de fazer que Cristo seja o rei, o coração, do mundo e de nossa vida.
            O filho do homem glorioso recebe todo o poder e reinará para sempre. Jesus é o grande vencedor e o modelo de fidelidade a ser imitado. O reino proposto por Jesus não se confunde com os modelos do reino que a sociedade propõe.
            Reconheçamos com sinceridade: não é fácil vencer a tentação do triunfalismo. As influências dos tempos de cristandade ainda repercutem e revelam sua força, em muitas manifestações eclesiais e litúrgicas. Hoje o estandarte de Cristo Rei tremula em meio a muitas outras bandeiras da sociedade.
            É importante deixar claro que a realeza de Cristo não se confunde com a realeza deste mundo. Suas conquistas não se medem pela quantidade de indivíduos batizados, pela eficiência das estruturas e das instituições eclesiais, pela grandiosidade das igrejas, pelo temor que as autoridades eclesiásticas às vezes impõem. O reino de Cristo conquista novas fronteiras pela atitude de serviço, pelos gestos de doação solidária em favor dos mais fracos. Ele se manifesta no respeito de uns pelos outros, no encontro, no diálogo que instaura relações de comunhão.
            Talvez devêssemos retomar a pergunta de Pilatos: “Tu és rei?” Que rei Jesus é hoje para nós?
            “Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade”. Jesus Cristo é reconhecido como Senhor (Kyrios) e Rei porque realizou (e realiza) a missão de salvar, perdoar, reconciliar, libertar, curar, dar a vida, anunciar a Boa Nova do amor do Pai e da esperança. Nesta perspectiva, celebrar hoje a festa de Cristo Rei é reconhecer que ele é o ponto de convergência da história, da atividade e da peregrinação terrena da humanidade. O Cordeiro que foi imolado, agora é motivo de alegria de todos os corações e plenitude total dos anseios. Por isso podemos proclamar: “Jesus Cristo, ontem, hoje, sempre. Aleluia!”
            Jesus afirma: “meu reino não é deste mundo”. O fato de o reino de Cristo não ser do estilo político dos governos terrenos não significa que esteja ausente, que não se realize já neste mundo. Jesus mesmo nos ensina a rezar: “venha a nós o vosso reino”.
            O senhorio do Cordeiro imolado e vitorioso é reconhecido e perpetuado hoje, no mundo, através dos cristãos e das comunidades eclesiais, não tanto por privilégios e influências sociais, quanto pela presença e serviço, qual fermento na massa, em favor da verdade, da justiça, da fraternidade, da convivência no amor, na paz e na liberdade. “Após o Concílio, a teologia cristã insistiu de forma enfática sobre a necessidade de assumir a missão não como implantação da Igreja, mas também como serviço ao mundo, ou mais propriamente, ao Reino de Deus e à Paz que este traz à humanidade”.
            Pelo batismo somos convidados a reinar com Cristo pelo serviço, pelo perdão, pela reconciliação, enfrentando o desafio da cruz a fim de que todos tenham dignidade e paz.
            A Igreja comemora hoje o dia dos leigos, os missionários do Reino de Deus nas diferentes áreas e atividades que tecem a vida humana, religiosa e social. Louvamos a Deus por tantas mulheres e homens que vivem profundamente sua vocação batismal, colocando-se inteiramente a serviço da Boa Nova, anunciada, vivida e celebrada.
            O “Dia do Leigo” recorda os membros da Igreja que, pelo batismo, são em Cristo sacerdotes, profetas e reis, inseridos nas realidades da cultura, da política, do comércio, das ciências, da economia, da ecologia, da vida conjugal... A presença e a atuação de leigos cristãos pode transformar essas áreas em espaços fecundos para os valores do reino de Deus.
            Neste último domingo do Ano Litúrgico, louvemos e agradeçamos ao Senhor por todas as graças e bênçãos recebidas de sua bondade, ao longo da caminhada do ano que passou. Hoje, em todas as dioceses do Brasil, fazemos a abertura da Campanha para a Evangelização, que é realizada no Terceiro Domingo do Advento.
            Celebrando o Ano da Paz, o Cinquentenário do Encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, após o Sínodo dos Bispos que se ocupou com A Vocação e a Missão da Família na Igreja e no Mundo Contemporâneo, somos convidados a rever como tratamos nossos irmãos e irmãs Leigos em nossas Comunidades. Se for verdade que “não há Igreja sem Eucaristia e não há Eucaristia sem Padre”, não menos pertinente nos parece que não é possível haver “Igreja sem os Leigos, os grandes sacerdotes e sacerdotisas, por conta de seu Batismo, no seio do mundo; da porta dos Templos para fora; lá onde os ministros ordenados não chegam, mas são estendidos pelo testemunho, pela missionariedade e apostolado de nossos Agentes de Pastoral, geralmente tão dedicados e zelosos como Igreja do Ir ao encontro dos que já não podem mais vir. Nossos Leigos sintam-se amados e valorizados, uma vez que são eles que edificam o ministério ordenado. O que seria da Igreja, sem a rica presença dos nossos lindos e queridos Leigos?  A eles invoco as mais abundantes bênçãos com a ternura de minha gratidão, pedindo que nunca deixem de rezar pela santificação dos sacerdotes ordenados. Se o Padre santifica a Comunidade, é a Comunidade orante que santifica seu Padre!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Dn 7,13-14; Sl 92(93); Ap 1,5-8 e Jo 18,33-37).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2015, pp. 80-82 e Roteiros Homiléticos da CNBB de Novembro de 2015, pp. 91-96.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

AJUDEM O FAC! AJUDEM A SANTO ANTONINHO!

O FAC  e a Igreja Santo Antoninho necessita e agradece a sua ajuda, doação e contribuição!



Doações para a Igreja Santo Antoninho: conta poupança na Caixa Econômica Federal para quem desejar contribuir, partilhando de sua pobreza. A Nina está responsável por esta conta e poderão ver com ela Agência 1612 e Conta Popança 13-00075028-1 – Realina Rosa de Rezende – CPF: 744.846.998-34. Sejam todos recompensados por aquilo que puderem contribuir.



COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            A Liturgia da Palavra do Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum traz consigo um sabor de despedida, de término, de fim! É o penúltimo domingo do Tempo Comum, em que Jesus prepara os seus interlocutores à vigilância!
            A celebração deste domingo nos motiva a assumir a condição de peregrinos nesta terra, onde tudo é efêmero e provisório. O céu e a terra passarão, a Palavra de Deus não passará. Ele nos pede vigilância e discernimento ativo dos sinais dos tempos, em atitude de esperança pela manifestação gloriosa da majestade do Senhor.
            Aguardando a plena manifestação de Deus na plenitude dos tempos, vivamos intensamente o presente, nos esforçando em dar o melhor de nós, na esperança de que um mundo novo é possível. Enquanto aguardamos a vinda final de Jesus, não podemos ficar parados. Novos céus e nova terra são possíveis, começando aqui e agora.
            Somos convidados a ter os olhos bem abertos e os ouvidos bem aguçados para perceber os sinais do Reino de Deus. Para não sermos surpreendidos pelos acontecimentos, é necessário estar sempre alertas. Jesus se revela na assembleia reunida e também nas situações do dia a dia. Manifestemos nossa confiança no Senhor, a quem a vida e a história humana se submetem. Todos os sábios e virtuosos, santificados por Cristo, serão acolhidos pelo Pai celeste. Vindo de todos os cantos da terra, brilharão para sempre como as estrelas no firmamento.
            Qual será o destino dos bons e dos maus? Precisamos estar atentos aos sinais dos tempos, que nos mostram a presença e a ação do Filho de Deus. Cristo se oferece como sacrifício definitivo para a salvação da humanidade.
            Há uma pergunta que não quer calar: “quando o mundo acabará? Vai mesmo acabar? Como seria?”. A resposta de Jesus supera toda e qualquer curiosidade e banalidade: primeiro, é preciso ver os sinais do Reino já presentes na história; segundo, confiar na Palavra de Deus, pois os sinais passam, mas a Palavra permanece para sempre; por último, só o Pai sabe o dia e a hora, de forma que não cabe à comunidade cristã especular sobre esse assunto.
            Não são poucos os cristãos que hoje ficam preocupados com as afirmações o sol “está escurecendo”, a lua “não brilha mais”, estrelas “começarão a cair do céu” e as “forças do céu... serão abaladas”. Não faltam visões de anjos, arcanjos, querubins e serafins “subindo e descendo em todas as direções”. Seria esta a mensagem do evangelho de Jesus, hoje proclamado?
            O discípulo missionário sabe que, para efetivamente anunciar o Evangelho, deve conhecer a realidade à sua volta e nela mergulhar com o olhar da fé, em atitude de discernimento.
            O Concílio Ecumênico Vaticano II nos conclama a considerar atentamente a realidade, para nela viver e testemunhar nossa fé, solidários a todos, especialmente aos mais pobres.
            O discípulo missionário observa, com preocupação, o surgimento de certas práticas e vivências religiosas, predominantemente ligadas ao emocionalismo e ao sentimentalismo. O fenômeno do individualismo penetra até mesmo certos ambientes religiosos, na busca da própria satisfação, prescinde-se do bem maior, o amor de Deus e o serviço aos semelhantes.
            A espiritualidade, a vivência da fé e do compromisso de conversão e transformação nos orienta para a construção da caridade, da justiça, da paz, a partir das pessoas e dos ambientes onde há divisão, desafetos, disputas pelo poder ou por posições sociais. Este é um tempo em que, através de “novo ardor”, “novos métodos e nova expressão”, respondamos missionariamente à mudança de época com o recomeçar a partir de Jesus Cristo.
            Como seria bom, se ao invés de preocupar-nos com o fim do mundo, nos ocupássemos com a promoção da dignidade no mundo. Só quem sente o quanto é bom ser bom, sabe que a bondade salvará até mesmo os que consideramos menos bons. Não canso de pensar e renovar o propósito de tentar sempre. Pois o que determinará meu fim último é o esforço que empreendo por ser melhor hoje do que fui ontem. A coerência entre o que penso, rezo e vivo, é que será meu acesso à eternidade feliz, junto ao colo d’Aquele que me gerou antes mesmo de ser planejado. Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dn 12,1-3; Sl 15(16); Hb 10,11-14.18 e Mc 13,24-32).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2015, pp. 59-61 e Roteiros Homiléticos da CNBB de Novembro de 2015, pp. 85-90.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Estamos chegando ao final do Ano Litúrgico. Hoje celebramos o Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum. Jesus continua o ensinamento aos discípulos, agora, já em Jerusalém, depois de sua entrada triunfal (cf. Mc 11,1-11).
            A Liturgia da Palavra nos apresenta duas viúvas – a de Sarepta e a que colocou sua esmola no cofre do Templo de Jerusalém. Na segunda leitura, estamos em outro Templo, não no de Jerusalém, mas no Santuário que é o próprio corpo de Cristo, simbolizado em sua Igreja reunida.
            Fiquemos atentos, na celebração de hoje, a muitas “viúvas” que trazem para nossas celebrações suas vidas, seus sofrimentos, suas dores, suas esperanças. Que nossa assembleia litúrgica esteja aberta a todos que a compõem. Todos os que exercerem algum ministério, nesta celebração, estejam a serviço daqueles que estão dispostos a ouvir a Boa Nova e a oferecer suas vidas ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Que possamos todos fazer de nossa vida uma oferta agradável a Deus e aos irmãos.
            Deus abençoa o pobre que, com sua generosidade, sabe partilhar o pouco que possui. Jesus se doa totalmente para a expiação dos pecados da humanidade. A verdadeira generosidade se manifesta no dar além da sobra.
            Diante do gesto da pobre viúva, Jesus chamou os discípulos para conversar e ensinar. Diante da sociedade utilitarista e daqueles que alicerçam suas vidas sobre os critérios da aparência e da generosidade calculada, Jesus nos chama para conversar e ensinar. Diante deste mundo no qual o dinheiro, o status, o sucesso são mais valorizados que as pessoas e seus sentimentos, Jesus nos chama para conversar e ensinar.
            Mesmo no interior da Igreja, contra toda a lógica do evangelho, há aqueles que fazem de sua vida uma corrida em busca de honrarias, prestígio e aplausos. Iludem-se, pois a fama pela fama, a aparência pela aparência, só traz um imenso vazio. No passado, Jesus alertou os discípulos: “Guardai-vos dos escribas”. Hoje ele avisa: “Não se iludam com os modelos de sucesso que existem por aí”.
            Jesus reprova nos escribas a cegueira espiritual. Eles eram os especialistas no conhecimento e na interpretação dos preceitos do Senhor. Sua prática, porém, não se conformava com seus conhecimentos e suas interpretações. Há muitos cristãos que, teoricamente, conhecem muito bem os critérios evangélicos e os preceitos da vida cristã, todavia “fazem o bem, pensando em si”. Na prática comunitária, não mergulham no espírito e, consequentemente, se tornam mesquinhos e intolerantes. O Mestre alerta seus discípulos para a verdadeira prática religiosa. Esta não consiste na busca de honrarias, no ocupar lugares de destaque nas comemorações públicas, no uso ostensivo de vestes e de sinais externos para chamar atenção sobre si. A verdadeira prática religiosa brota da generosidade e da humilde dedicação aos pobres e necessitados (cf. Tg 1,27). O seguimento de Jesus se caracteriza pela doação, pela solidariedade.
            Jesus contrapõe ao modo hipócrita do agir dos escribas e ricos senhores do templo a generosidade e a religiosidade sincera de uma pobre viúva. Despojada dos bens terrenos, doa tudo o que possui, demonstrando que sua confiança e segurança estão nas mãos de Deus. É a generosidade radical. Ela não doou o supérfluo, manifestou uma generosidade gratuita, no sentido da entrega total, sem esperar nada em troca. “Sua humilde esmola vale mais do que abundantes doações dos ricos, pois estes dão do supérfluo, enquanto que a viúva oferece a Deus o que ela necessitava para viver”.
            A Liturgia da Palavra de hoje nos faz lembrar que a grande maioria de nosso povo é muito generoso. Basta avaliar a pronta resposta diante de certas calamidades provocadas por seca ou por enchentes. Multiplicam-se as toneladas de donativos.
            Felizmente, existem muitas “viúvas de Sarepta” como a do evangelho, que anonimamente vivem da certeza de que “Deus abençoa quem generosamente partilha seus próprios bens”. Vivem na gratuidade. Não porque ter bens materiais seja uma coisa ruim, mas pelo fato de eles assim cumprirem sua finalidade: serem colocados à disposição de quem deles necessita. A partilha generosa e solidária multiplica as soluções de problemas que parecem insolúveis. Enquanto a ganância provoca a fome e a miséria, a partilha solidária multiplica as possibilidades de vida digna.
            Não nos esqueçamos de que, além de nossos bens materiais, é preciso também partilhar nosso tempo e nossos dons pela causa do Reino de Deus. Às vezes, pode ser mais fácil dar em forma de dinheiro, do que mexer em nosso tempo.
            Finalmente a Palavra de Deus deste domingo nos coloca diante de algumas perguntas pertinentes. Neste Ano da Paz somos conclamados à coerência entre o que pensamos, rezamos, pregamos (falamos) e fazemos. Se Jesus, em pessoa, viesse conversar conosco, ficaria feliz com nosso modo de viver nosso Batismo, nosso Ministério e nossa Vida na Comunidade de Fé?
 Penso comigo: graças a Deus, entre nós, Jesus certamente não precisaria repetir o que disse aos discípulos: “Tomai cuidado com os doutores da lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação” (Mc 12,38b-40).
Caso alguém se identifique com os “escribas”, ainda é tempo de mudar. A conversão não deve esperar para amanhã. Oxalá aconteça ainda neste domingo. Do contrário, de que adiantaria celebrar, não é mesmo?
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler 1Rs 17,10-16; Sl 145(146); Hb 9,24-28 e Mc 12,38-44).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2015, pp. 42-44 e Roteiros Homiléticos da CNBB de Novembro de 2015, pp. 80-84.