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quarta-feira, 29 de julho de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM

MÊS VOCACIONAL
MINISTÉRIOS ORDENADOS

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
            No domingo anterior, tivemos o Evangelho de João, que narrava o sinal de Jesus na multiplicação dos pães. Neste domingo, a narrativa nos traz a explicação do Mestre quanto ao significado daquele sinal: Jesus é o verdadeiro pão descido do céu, o “pão da vida” conforme Ele mesmo refere. Pão da vida eterna, pão que sacia definitivamente a fome, transforma o homem, abre o caminho da santidade para aqueles que dele se alimentam.
            Dia 6 de agosto, a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor. Recorda os apóstolos, no Tabor, quando ouvem a voz do Pai dizendo que Jesus é o Filho amado, enviado para nossa salvação. Nós, hoje, somos os destinatários dessa revelação, imantados com o brilho das roupas brancas e tocados pela mensagem carinhosa.
            Ao longo do Tempo Comum, podemos sentir a espiritualidade que brota dos sinais de Jesus, vivendo de forma significativa a Páscoa de cada domingo, reunidos ao redor da mesa da Eucaristia e junto à mesa da Palavra.
            Queremos ser, neste domingo, a multidão a quem Jesus se dirige e anuncia a vida eterna. Para isso, precisamos aceitar suas propostas, libertar-nos do homem velho que existe em nós, aceitar a transformação que pode nos tornar em homem novo, refletindo a imagem de Deus, buscando a santidade. Isso, certamente, é necessário a todos nós cristãos, discípulos missionários de Jesus.
            No entanto, inúmeras vezes queremos que isto aconteça sem nos deslocarmos até o encontro com Jesus, não queremos desacomodar-nos, passar para “o outro lado do mar”. É preciso investir tempo e disposição para caminhar até Jesus, encontrá-lo, sentar até o entardecer, ouvindo-o falar, alimentar-nos do pão da sua Palavra.
            Para fazermos isso, podemos hoje priorizar a proximidade e o tempo significativo da Sagrada Escritura. Como nos diz o Documento de Aparecida: “entre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura, existe uma privilegiada, à qual todos somos convidados: a Lectio Divina, ou exercício de leitura orante da Sagrada Escritura”. Através da leitura orante, somos conduzidos ao encontro com Jesus, à luz de sua Palavra. Rezando com ela, mergulhamos no mistério do nosso Mestre, entramos em comunhão com Ele.
            Não deixemos que as paixões desordenadas do mundo”, como diz São Paulo, nos desviem do caminho e da disposição de ir para o outro lado do mar, ao encontro de Jesus. Priorizemos tempo para ouvi-lo, como as multidões que o seguiam, deixemo-nos conduzir pela fome de sua Palavra.
            O evento da Multiplicação dos Pães e a incontável multidão aglomerada em torno desse, nos leva a pensar, de que continuamos sendo mais pedintes do que agradecidos. Quando aquela gente toda corre atrás de Jesus, Ele percebe que o faz porque satisfeita com o gesto espetaculoso do Mestre, que de cinco pães e dois peixinhos alimentara grande multidão. O apelo de Jesus, entretanto, vai além do espetaculoso, do milagreiro e do mero alimento material: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).
            Em nossos dias não vemos algo semelhante? Tem-se a impressão de que multidões correm atrás do que é espetaculoso mais do que o espetacular: sermos alimentados pelo Pão da Vida, Jesus na Eucaristia, Jesus na Palavra proclamada! A Teologia da Prosperidade promete resolver os problemas, oferece milagrezinhos fáceis, como emprego, saúde, casa própria e até uma vida de certa ostentação! Tais métodos de “suposta evangelização” atraem multidões. Atraem multidões como atraem fãs de cantores e artistas famosos, enquanto forem famosos e agradarem.
            Da multiplicação dos pães remeto minha consciência à Cruz sob a qual sobram apenas três mulheres e um jovem. Logo da Cruz de onde jorra sangue e água, a mística profunda da Igreja que Jesus tanto desejou: uma Igreja comprometida com a dignidade humana, com a promoção da pessoa através da partilha e da solidariedade! Enquanto nossos compromissos sociais tiverem precedência sobre nossa vida espiritual, continuaremos anêmicos do verdadeiro alimento: aquele que não perece, porque é eterno e nos robustece diante das surras e dificuldades que o hodierno de nossa se nos impõe!
            Com o primeiro domingo do mês de Agosto, O Mês Vocacional, somos convidados a rezar pela Vocação Específica do Ministério Ordenado! Rezemos nossa gratidão pela disponibilidade de nossos Padres e do Arcebispo, rezemos para que sempre tenhamos corações generosos que acolham o convite ao Sacerdócio Ordenado, bem como pela santificação de todos que responderam ao convite do Mestre. Só uma Comunidade Orante terá um Sacerdote Santo. Só um Sacerdote Santo é capaz de santificar sua Comunidade! Sejamos solícitos e dóceis aos Padres, Bispos e Diáconos que o Senhor nos confia. Sejamos fiéis a Cristo, o Único, Eterno e Sumo Sacerdote, na pessoa de nosso Arcebispo, nossos Padres e Diáconos, configurados com Ele, o Bom Pastor!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Padre Gilberto Kasper

(Ler Ex 16,2-4.12-15; Sl 77(78); Ef 4,17.20-24 e Jo 6,24-35)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Agosto de 2015, pp. 20-22 e Roteiros Homiléticos da CNBB de Agosto de 2015, pp. 73-78.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!                                                                 

            Interrompendo a sequência do Evangelho de Marcos, a liturgia nos propõe, nos próximos cinco domingos, o capítulo 6 de João: a multiplicação dos pães e o discurso sobre o Pão da Vida.
            A multiplicação dos pães concentra um simbolismo muito forte, revolucionário, e caracteriza sobremaneira a identidade dos cristãos. Não é apenas uma imagem da Eucaristia, mas revela a intimidade do Reino anunciado e aponta para o banquete messiânico, no final dos tempos, quando todos serão saciados e a morte, vencida.
            Este é o verdadeiro sentido da missão de Jesus, que sente as necessidades do povo e o alimenta com a Palavra e o pão partilhado. O pão é abençoado porque é um presente e alimento de Deus para todos os viventes. Repartir o pão com os pobres significa entrar e viver na dinâmica do Reino. Repartir o pão é participar na comunhão do corpo e sangue do Senhor, entregues para a vida do mundo. É o segredo maior do Reino, por isso nada pode ser perdido, mas recolhido e sempre multiplicado.
            Nossa macro-região de Ribeirão Preto tem um dos lixos mais luxuosos do Brasil. Lixo luxuoso é o alimento manufaturado que sobra nos pratos, nas panelas e é jogado fora. Nos alimentamos mal, comemos demais, depois gastamos com Academias e Regimes Alimentares. A Obesidade, segundo o querido Nutrólogo, Dr. José Eduardo Dutra de Oliveira, é uma questão muito séria, quase que epidêmica em nosso País. Enquanto nos “fartamos”, cerca de um bilhão de pessoas passam fome todos os dias no mundo. Desses, nada menos que 40 milhões são nossos irmãos brasileiros. Não são sempre os mesmos que passam fome. Os que chegam antes aos lixões comem daquilo que jogamos fora.
            O memorial da páscoa do Senhor implica nessa memória da partilha e na profunda solidariedade com todos os que passam fome e são rejeitados e expatriados.
            Celebrar a Eucaristia no contexto da multiplicação dos pães é contestar o sistema de acumulação que domina o mundo e coloca milhões na miséria.
            Jesus saciou pessoas que tinham fome e se revelou o pão da vida eterna, levando em conta a situação concreta e real do dia a dia. O pão, a comida que Ele oferece não é só símbolo do pão sobrenatural. Nos desígnios do Pai, não é possível revelar o pão da vida eterna sem solidarizar-se com as realidades humanas. O amor aos pobres, como o amor aos inimigos, é um teste e um testemunho por excelência da nossa caridade e doação. Reconhecer aos pobres o direito de receber o pão da vida significa engajar-se de corpo e alma nas exigências do amor, e, para o cristão, fazer acontecer uma “nova multiplicação dos pães.
            Se o povo passa fome não é tanto pela pobreza em si, mas pelo fechamento de quem não se importa com os demais. A partilha marcou profundamente as primeiras comunidades cristãs. Ao partir o pão, descobre-se a presença nova do Ressuscitado!
            A salvação trazida por Jesus atinge nossa vida em todas as suas necessidades, em sua totalidade, e não deixa ninguém com fome. Por isso, a atuação e responsabilidade com as questões sociais, econômicas e políticas são sinais da salvação que Deus quer realizar, hoje, através de nós. Como uma cidade do porte de Ribeirão Preto pode suportar tantos bolsões de miséria, onde crianças passam fome e morrem precocemente por falta de sanidades básicas? Sabemos que para muitos convém continuar “favelados”, porque não faltam os que alimentam suas falsas esperanças de que um dia as coisas haverão de melhorar. Nosso povo precisa ser educado como cidadãos de oportunidades e não de migalhas. Migalhas jogamos às galinhas e não aos nossos pobrezinhos, sem perspectivas de vida mais digna e humana.
            Ao multiplicar os pães, Jesus nos oferece critérios evangélicos fundamentais para vivermos a fraternidade, a partilha e a solidariedade. É repartindo, sendo solidários, que realizaremos o projeto de Jesus, banquetes de fartura e de alegria entre irmãos que se amam. O dinheiro, a terra, os bens ou servem para criar a fraternidade ou acabam dividindo e matando as pessoas.
            Jesus ensina que a dinâmica do Reino é a arte de repartir. Somente o dinheiro do mundo não seria suficiente para comprar alimento necessário para os que estão passando fome... O problema não se soluciona comprando, mas repartindo.
            A dinâmica do mundo capitalista é o dinheiro. A filosofia é que, sem dinheiro, nada se pode fazer. Tudo é convertido em moeda. No mundo capitalista, não há espaço para a gratuidade. Tudo tem seu preço! Esquecemos, contudo, de que a vida nos é dada por pura gratuidade de Deus.
            O capitalismo selvagem sobrevive à custa dos miseráveis. São os pobres que alimentam tal sistema, que joga “migalhas de bolsas daqui e dali: Bolsa Família, Bolsa Escola, Esmolas nos portões de nossas residências e nas portas de nossos templos”! É mais fácil dar esmola e ver-se livre do pobre, largando-o à própria sorte, do que comprometer-se com uma verdadeira compaixão que o promova em sua verdadeira dignidade!
            Jesus nos convida ao banquete eucarístico para nutrir nossa fé e fortalecer-nos no amor mútuo. Ele vê as necessidades do povo faminto e, por nossas mãos, quer lhe proporcionar o sustento na caminhada. A eucaristia questiona a falta de alimento em muitas famílias e nos revela que o pão, bênção de Deus, se multiplica à medida que é partilhado.
            Fruto do trabalho humano e da bênção divina, o pão deve ser partilhado para saciar o povo faminto. A palavra de Deus nos chama a acolher-nos uns aos outros no amor e solidarizar-nos com o necessitado.
            Partilhar os bens da criação é característica fundamental da Igreja. Trabalhar pela unidade de todos é outra característica importante sua. Este é o modo desejado por Jesus: uma sociedade sem famintos.
            Na comunhão, Jesus se oferece a todos indistintamente. Ele é o pão que alimenta aqueles que têm fome de seu amor. Por ele, com ele e nele doamos a vida para que todos tenham dignidade.
            Necessitados de força e de sentido para a vida, participamos da ceia do Senhor onde se realiza entre nós a multiplicação dos pães.
            Jesus, o Pão da Vida sacia nossa fome com a Palavra que nos revela o sentido da vida, sacia nossa fome com a ceia eucarística, sacramento da salvação, sinal e antecipação do banquete sem fim a que somos destinados e convocados.
            Ele nos convida a termos compaixão das multidões famintas. Precisamos abrir as mãos e o coração para a partilha e a solidariedade, a fim de vencermos a fome e a miséria do mundo.
            A Eucaristia é o pão que sacia e plenifica o sonho de paz e fraternidade. É o alimento para conservar a vida. É o pão que nos dá forças para superar as atribuições que existem e atormentam a vida. É segurança de que Deus nos ama e a certeza da ressurreição. É Deus-conosco e no meio dos pobres.
            Não poucas vezes nosso lugar à mesa començal da Eucaristia fica vazio. Faltamos com muita facilidade do grande banquete eucarístico, trocando-o por prazeres perecíveis e que nos enfraquecem interiormente. Quem não se alimenta fica anêmico. A alma do mundo anda anêmica, porque vazia do alimento que a sustenta viva, esperançosa e dinâmica na erradicação da fome espiritual, física, material e moral. Por outro lado: como podemos sentar à mesa e alimentar-nos sabendo de milhões de irmãos nossos passando necessidades básicas? Seja a Eucaristia um alimento que nos robusteça na esperança de que poderemos mudar este quadro caótico de fome e de falta de dignidade! Saiamos de nossas celebrações, como Sacrários, Tabernáculos e Porta-Jóias de Jesus Eucarístico. Só assim seremos capazes de alimentar as demais “fomes” que machucam milhões de irmãos nossos, colocados à margem e, quem sabe aguardando, pelo menos alguma migalha, que lhes sobre de tudo aquilo que de graça recebemos e nem sempre partilhamos.
            Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler 2 Rs 4,42-44; Sl 144(145); Ef 4,1-6 e Jo 6,1-15) 

25 de Julho - Dia do Motorista!! Receba as Bençãos!!



quinta-feira, 16 de julho de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Cristo deixou pastores instituídos para continuarem a guiar o seu povo, quer por prados e campinas verdejante, quer por vales tenebrosos. Eles são chaves indispensáveis à vida e à missão da Igreja. A preparação e o cuidado desses pastores se fazem cada dia mais exigente e de responsabilidade de todos.
            Existem tantos pobres e famintos, abandonados e sem carinho. A comunidade eclesial, que celebra o pastoreio de Jesus Cristo, não pode cruzar os braços nem fechar os olhos diante da situação de tantos e tantos sofredores, ovelhas sem pastor.
            Pastor ou Pastora é quem tem responsabilidade pelo bem de outras pessoas. A atitude de Jesus nos lembra de que esta é a forma de ser de Deus, e também deve caracterizar a comunidade cristã.
            No seguimento de Jesus, somos ovelhas e pastores, convocados a viver a “compaixão/sentir com” os pobres, a ser “pastores amorosos” responsáveis pela sorte, pela vida, pela paz, pela felicidade dos irmãos e irmãs.
            Jesus traz a paz a todos sem exceção, porque vem da parte de Deus, e, nele, nós somos filhos de Deus. A divisão entre judeus e pagãos, crentes e não crentes, brancos e negros, homem e mulher ou qualquer outra oposição não pode ser aceita por nós. Não tem lugar na comunidade eclesial. A comunidade é chamada a exercer o pastoreio de Jesus, ajudada e animada pelos pastores convocados e instituídos.
            O convite de Jesus para ir a um lugar tranquilo e descansar um pouco não é detalhe que destoa no Evangelho. Criemos em nossas comunidades espaços para o descanso, o lazer, a convivência prazerosa. A vida cristã não se reduz a preceitos, pecados, orações, devoções, abstinências, jejuns, esmolas... mas proporciona também experiências fraternas na gratuidade, no aconchego, no convívio alegre e fraterno.
            Jesus Cristo é a misericórdia de Deus que nos acompanha ao longo da vida e nos conduz à casa do Pai, para aí habitarmos eternamente.
            Como rebanho, encontramo-nos no regaço de nosso Pastor para refazer as forças e ouvir sua Palavra. A celebração nos afasta da correria da missão e dos afazeres da vida, para permanecermos na intimidade do Senhor, experimentarmos o seu carinho e a sua gratuidade, e prosseguirmos mais animados em nossa caminhada pascal. Somos tocados pelo seu olhar compassivo. Sua presença amorosa se faz sentir na comunidade de irmãos que juntos celebram o sacramento de sua Palavra, que ecoa do meio dos acontecimentos, da homilia, dos cantos e do silêncio. E, num diálogo de aliança e compromisso, respondemos, professando nossa fé e suplicando, desejosos que seu Reino venha logo.
            Mas é no rito eucarístico que vivemos a plena comunhão da aliança com o Senhor. Agradecidos, oferecemos com Ele nossa vida ao Pai que nos brinda com a ceia, sacramento da entrega de seu Filho na cruz.
            Na comunhão de sua aliança, deixamo-nos tomar de compaixão pela multidão faminta, sofrida e desesperançada ao nosso redor. Pela força do Espírito, como bons pastores, assumimos doar nossa vida para que o mundo tenha vida e alegria.
            O coração compassivo de Jesus acolhe a todos os que se aproximam dele e nunca decepciona ninguém. Só Deus não decepciona. Nós nos decepcionamos constantemente, por conta de nossos limites. Mas se deixarmos Jesus assumir nossas fraquezas, Ele nos ajudará a melhorarmos em nossa missão. É preciso configurar-nos com Jesus, o Bom Pastor, vivendo como Ele vive em nossas relações pessoais, comunitárias, eclesiais, políticas e sociais.
            O Senhor é o verdadeiro Pastor que conduz por caminhos retos e cheios de compaixão. As lideranças e toda a comunidade são convidadas a orientar sua prática por Jesus, que faz cessar as divisões e leva todos ao Pai.
            O profeta Jeremias faz severa crítica aos responsáveis pelo povo que não cumprem seu dever.  Aqui são contemplados os ministros ordenados e instituídos, os agentes de pastoral e coordenadores de nossos movimentos eclesiais, bem como nossos políticos.  A compaixão e a ternura de Jesus, pastor messiânico, diferenciam-se nos dos outros pastores. Deus não exclui nenhum povo, ele quer que todos sejam “povo de Deus”. A mesa da eucaristia nos alimenta e restaura nossas forças para sermos bons anunciadores do reino.
            Como bom pastor, Jesus se compadece dos pobres, dos famintos, dos desempregados e abandonados à própria sorte. Solidariza-se com os nossos sofrimentos. Guia-nos, fortalece-nos e defende nossa vida em meio aos reveses e sobressaltos do dia a dia.
            O convite da Palavra deste Domingo para cada um, mergulhado em sua vocação, missão e responsabilidade, é de uma vez por todas configurar-nos com Jesus Cristo, o Bom Pastor! Isso só será possível se nos despirmos de nossa arrogância, prepotência, ganância, de nosso carreirismo, busca de prestígio e poder: o querer ser sempre melhor que os outros. Também precisaremos esforçar-nos para superar entre nós, pastores e ovelhas, a inveja, que nada mais é do que a baba de Caim, a competitividade, o individualismo e a indiferença com nossos semelhantes. Quantas situações conhecemos, em que nos alegramos com os aparentes fracassos de nossos irmãos, até mesmo no ministério? Falamos em fraternidade sacerdotal, porém mal nos cumprimentamos, e quando possível falamos mal de nossos próprios irmãos, escondendo nossos defeitos atrás dos deles. Coisa feia!... É interessante que não confiamos uns nos outros. Antes, corremos uns dos outros, julgamos mal com mais rapidez do que oferecemos nossa ajuda. A falta de fraternidade presbiteral e comunitária; a concorrência entre uma Comunidade e outra, são contratestemunhos que espantam muitos fiéis de nossas Igrejas. Tais situações escandalizam os menos evangelizados e nos garante como prêmio eterno uma pedra de moinho ao pescoço e fundo do mar. Mas nem tudo está perdido. Ainda há tempo de conversão. Eis nossa sorte: Jesus Cristo, o Bom Pastor perdoa sempre. Permite que recomecemos a cada dia novamente. Mas é preciso querer viver a ternura que Jesus vive por cada um que procura esforçar-se para ser configurado com Ele. Oxalá, nossa Igreja passe por uma profunda conversão e seja reconhecida, porque acolhedora viva a verdadeira Teologia Pastoral da Ternura!
            Sejam todos abundantemente abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo e fiel.

            Padre Gilberto Kasper

(Ler Jr 23,1-6; Sl 22(23); Ef 2,13-18 e Mc 6,30-34)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2015, pp. 60-62 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum de Julho de 2015, pp. 61-66.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            A Palavra de Deus do Décimo Quinto Domingo Comum do Ano Litúrgico de 2015 indica que o seguimento acontece no cotidiano: no trabalho comunitário, realizado em mutirão, no desprendimento e na disponibilidade. O anúncio alegre da Boa Nova deve envolver toda a pessoa, não como simples funcionário, mas como profeta, em meio a tantos conflitos e situações de injustiça e exploração do povo simples.
            Fomos chamados para uma missão que não escolhemos, mas fomos escolhidos antes da criação do mundo para sermos enviados como servidores do povo. Escolha é graça e, por outro lado, traz exigências, como a recusa de privilégio social e econômico; um desprendimento pessoal.
            A vivência religiosa tem consequência social, política e econômica. Esta foi a postura de Jesus. O Evangelho que propõe leva-nos a fazer política. Não uma política segundo os interesses do “rei” ou dos poderosos, mas conforme o espírito do Evangelho, segundo o interesse do amor, da fraternidade, da justiça e da opção pelos pobres.
            Fomos marcados por Cristo e com o Espírito Santo, para uma ação transformadora. O compromisso é fazer com que a situação de injustiça se converte numa sociedade de irmãos. Jesus sempre chamou à conversão que implica na modificação integral de nossa maneira de viver e agir.
            No Evangelho de Marcos, como caminho de iniciação cristã, descobrimos, passo a passo, quem é Jesus e como ser seu amigo, parceiro e discípulo. Como apóstolos, somos convocados, batizados e iluminados, para sermos enviados. O convite de Deus sempre implica num envio. Somos cristãos não para enfeitar a Igreja, nem para granjear honrarias, mas para a missão e o compromisso.
            O desafio é desempenhar a missão no modo de Jesus e na pedagogia dele, que veio curar e consolar. Destruir tudo o que oprime, escraviza, rebaixa e exclui as pessoas. Abrir-se para todas as possibilidades de vida feliz e abundante para todos.
            O Senhor nos fortalece e nos ajuda a recuperar a alegria e o entusiasmo de nossa consagração a serviço do Reino. Nos desígnios do Pai, fomos feitos seus e herdeiros desse Reino. Os filhos e herdeiros têm o direito e a responsabilidade de serem os continuares e amigos do projeto divino.
            A exemplo dos primeiros apóstolos somos chamados a estar com Jesus. A convivência com ele renova nossa alegria e nos fortalece na missão de pregar a conversão e combater todas as formas de mal presentes no mundo.
            As leituras deste domingo nos mostram obstáculos que a mensagem de salvação pode encontrar. Mas também nos fazem ver que nada deve impedir a Igreja de louvar a Deus e obedecer ao mandato de Jesus.
            Ninguém se faz profeta; Deus é que chama a pessoa para ser profeta e missionário e a prepara para isso. Deus nos chamou para a santidade e a unidade com Cristo. Jesus chama e envia seus discípulos, dando-lhes instruções para a missão.
            Podemos repetir neste domingo que a Igreja de Jesus é essencialmente missionária, discípula e ministerial! A Comunidade toda é chamada a ser uma verdadeira Igreja do Ir ao Encontro das pessoas todas, especialmente das mais simples, pobres e marginalizadas. Corremos frequentemente, o risco de acolher as pessoas que nos convém. Não raras vezes somos demasiado exigentes com nossos Agentes de Pastoral e aquelas pessoas que frequentam nossas celebrações e nos ajudam em nossas atividades pastorais. Repreendemos quem veio, quando deveríamos deixar o “rebanho reunido”, indo ao encontro e à procura de quem não veio, a exemplo do Bom Pastor, que resgata a ovelha perdida. Ao lado disso, preocupa-nos o acentuado triunfalismo, o espetaculoso e o abuso do “poder da estola” sobre nossos fiéis. Precisamos superar a acepção e a discriminação das pessoas que buscam, nos ministros ordenados e nos agentes de pastoral, maior coerência entre o que pregam e vivem. Não podemos deixar de nos perguntar sempre: O que Jesus diria? Como Jesus agiria? Qual seria a atitude de Jesus? Só assim, em nossa missão de verdadeiros discípulos, em nossas Comunidades de Fé: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus”. Só assim todos que virem nosso ministério bem vivido e alimentado pela humildade, reconhecerão que somos de Jesus!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Padre Gilberto Kasper

(Ler Am 7,12-15; Sl 84(85); Ef 1,3-14 e Mc 6,7-13)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2015, pp. 43-45 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum de Julho de 2015, pp. 55-60.

OS PADRES SE ENCONTRAM EM RETIRO!

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.


“De 6 a 10 de julho, na Casa Dom Luís, em Brodowski (SP), os Padres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, juntamente com o Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, se encontram em Retiro Espiritual. O tema proposto pelo Pregador, Dom Dominique Jean Denis You, Bispo Diocesano da Diocese da Santíssima Conceição do Araguaia (PA) é: ‘Ser profeta quando dá meia-noite?’, na tentativa de abordar o itinerário de Jeremias e Paulo” (Pe. Samuel).

O Retiro Anual dos Padres é um dos eventos mais fortes e marcantes na vida da Igreja particular. São dias de recolhimento, deserto, reflexão e revisão da vida espiritual dos Padres que, em torno de seu Arcebispo, avaliam sua vida ministerial e buscam novo ânimo e novas perspectivas para o ministério pastoral. Ser cada vez mais pastor configurado com Cristo, o Bom Pastor!

Vivemos tempos em que se exige muito dos padres. Os avanços tecnológicos tomam demasiado tempo deles e se espera por respostas imediatas. Daí correr o risco dos padres serem engolidos pelo ativismo, por tarefas intermináveis, exigências pastorais que se avolumam, mas nem sempre se aprofundam. Os dias de retiro sugerem que os padres descansem, desliguem seus aparelhos e se distanciem, fisicamente, de suas Comunidades. Já as Comunidades confiadas aos Padres têm a obrigação de rezarem pelo êxito do retiro espiritual de todos os Padres e do Arcebispo da Arquidiocese.

Ao longo dos meus vinte e cinco anos e meio de ministério preguei 80 retiros espirituais. Neste mês de julho pregarei o 81º. Poderia dar-me por satisfeito. Não basta pregar retiros. Chega o momento em que também o pregador sente a sede de abastecer-se, desde os porões de sua intimidade, da companhia mais profunda de Jesus Cristo, que não poucas vezes fazia seus próprios retiros: algumas vezes sozinho, outras vezes com os seus discípulos.

Para que o retiro alcance seus objetivos, de renovar a espiritualidade presbiteral de cada padre, não bastam um magnífico pregador, nem um tema promissor. O retiro é pessoal. Será o coração de cada padre que acolherá, a seu modo, tudo o que lhe é proposto durante o retiro: o ambiente afastado dos afazeres hodiernos, as pregações e celebrações geralmente muito bem preparadas e criativas, só terão ressonância, se os ouvidos dos padres forem dóceis ao essencial no retiro espiritual: a voz de Deus, o apelo de Jesus Cristo e a ação do Espírito Santo na vida de cada um.


Não por último, o retiro proporciona aos padres de um mesmo Presbitério com seu Arcebispo, momentos fortes de encontro, perdão, superação de diferenças, reconciliação e a renovação de grande fraternidade sacerdotal e caridade pastoral. O retiro tem o objetivo de libertar os padres das relações mal resolvidas, como a inveja clerical, a busca de prestígio, a ganância por cargos e poder sobre os outros. Convidados a despirem-se de quaisquer pretensões, o retiro espiritual robustece os padres em sua missão na Igreja para o mundo, dependendo sobremaneira da intensa oração das Comunidades que merecem padres cada dia mais santos: vazios de si próprios e encharcados dos dons do Espírito Santo. Rezemos uns pelos outros!

quarta-feira, 1 de julho de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            A Palavra de Deus do Décimo Quarto Domingo Comum do Tempo Litúrgico de 2015 trata da vocação, do chamado recebido pelos profetas, pelos apóstolos, pelos discípulos e por todos os que se reúnem, para serem enviados na força do Espírito Santo.

            Jesus foi rejeitado porque se apresentou como um trabalhador que cresceu em Nazaré ao lado de parentes, amigos e conhecidos. Seus conterrâneos não descobriram nele nada de extraordinário que o identificasse com o Messias de Deus. Mas o extraordinário está justamente aí: no fato de não ter nada que possa diferir da condição humana comum.

            O Filho de Deus se fez como qualquer um de nós. Muitos afirmam que não creem porque não veem. Os conterrâneos de Jesus não creem justamente porque veem Jesus trabalhador, o filho de Maria, um homem do povo, que não frequentou nenhuma escola superior, um homem que vem de Nazaré, lugarejo insignificante. O escândalo da encarnação continua sendo um espinho atravessado na garganta de muitos cristãos de boa vontade. Isto faz pensar no desafio que é a encarnação do Evangelho na realidade do povo.

            A Palavra de Deus nos faz um apelo: não depositar nossa confiança nos grandes. Também não precisamos ter medo de nossa pequenez e fraqueza. Na trajetória de Jesus, o maior fracasso se transforma em vitória e ressurreição. Junto a Ele, há lugar para os fracos. Em Cristo, somos fortes.

            Jesus fica admirado com a falta de fé das pessoas de sua terra, as quais não acreditam que Deus possa falar através de pessoas simples. A Palavra de Deus se reveste de roupagem humana e vem a nós com o auxílio da história e de pessoas frágeis, enviadas por Ele.

             A fraqueza humana dos enviados por Deus cria um espaço de liberdade; quem ouve pode decidir a favor ou contra. Às vezes, gostaríamos que Deus se revelasse mediante atos maravilhosos e, assim, evitaríamos o trabalho de discernir quando e por meio de quem Deus se revela.

            Jesus se fez servo e, por isso, entra em choque com os que preferem o privilégio e o poder. A encarnação continua nos questionando e nos empurrando para a missão junto aos marginalizados e enfraquecidos.

            Neste ano de tantas crises econômicas, éticas e morais, é preciso saber distinguir os poderosos que se revestem de aparente humildade para manipular e enganar o povo, em proveito próprio. É muito comum, também entre nós, considerar o poderoso como único capaz de realizar algo pelo povo.

            O Documento de Puebla nos fala do “potencial evangelizador dos pobres”. O que podem nos dizer os pobres, os deficientes de nosso país? Aceitamos a revelação de Deus vinda na fraqueza de nossos irmãos e irmãs, na simplicidade do dia a dia?

            A Palavra de Deus nos convida a renovar nossa adesão a Jesus, consagrando-nos mais generosamente à causa do Reino. Essa nossa profissão de fé nos leva a confirmar que seguimos aquele que foi rejeitado por ser trabalhador, filho de Maria, uma pessoa comum de seu tempo, vindo de uma aldeia e, por isso, motivo de desprezo e rejeição.

            Acima de qualquer expectativa humana, o Senhor manifesta sua grandeza na singeleza do pão e do vinho, frutos da terra e do nosso trabalho. Na simplicidade da partilha. Ele nos confirma no seu caminho. É em nossa fraqueza que Deus continua manifestando sua força.

            Todo ser humano é chamado à Vocação ao Amor! Ela é a primeira vocação e o fundamento de todas as demais, as chamadas Vocações Específicas! O cristão, tendo consciência de sua vocação ao amor, só consegue viver sua Vocação Específica, na medida em que se configura com Jesus Cristo: na sua humildade, no seu espírito de serviço, na sua simplicidade e no seu total desapego de prestígio, poder, ganância, acúmulo de bens e diplomas. Não poucas vezes nossa vontade de queremos ser melhor do que os outros, bem como a acepção e discriminação de pessoas de nossas relações, desfiguram nossa missão de discípulos verdadeiros. Somos convidados a superar a inveja, a busca de prestígio, o “querer aparecer-se diante dos outros”, o “tentar esconder nossos defeitos atrás dos defeitos dos outros”, assumindo com simplicidade nossa história e nossa vida do jeito como ela é. As falsas aparências, aquelas que enganam os outros, são abomináveis ao Reino de Deus que deve ser sempre anunciado com nossa própria vida, mesmo que nem sempre compreendidos, aceitos, reconhecidos por uma sociedade que pensa sustentar sua sobrevivência sobre a hipocrisia. Quantas pessoas conhecemos que tentam comprar o prestígio, pagam preços altos, muitas vezes pisando sobre os mais fracos, para subirem na vida, aparentemente, porque se consideram superiores. Como é feio achar que os outros são feios e nós os bonitinhos! A fome de querer ser melhor nos consome e nos apodrece, enquanto a fome de ser humilde, simples e desapegado de qualquer prepotência, é saciada pelo próprio Cristo, que se dá em alimento vital, a fim de tornar-se o refúgio dos justos!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler Ez 2,2-5; Sl 122(123); 2Cor 12,7-10 e Mc 6,1-6)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus, de Julho de 2015, pp. 24-26 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum de Julho de 2015, pp. 50-54).

SÃO PEDRO, CONFIRMADO O PRIMEIRO PAPA!


Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

No último final de semana celebramos a Solenidade de São Pedro, o Primeiro Papa da Igreja Católica Apostólica Romana. Desde então, a Igreja nunca ficou órfã de Papa. O Pedro de nossos dias, eleito dia 13 de março de 2013 é Francisco, o Papa da Ternura! Foi no dia do Papa (29 de Junho) que nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, recebeu sobre os ombros o Pálio, um colar de lã que o próprio Sucessor de Pedro coloca sobre os ombros dos demais sucessores dos Apóstolos, que têm confiado uma Província Eclesiástica, uma Arquidiocese, como é a de Ribeirão Preto. Nossa Província é formada por oito Dioceses, onde cada Bispo é autônomo. Além da Sé Metropolitana de Ribeirão Preto, constituem nossa Província as Dioceses de Barretos, Catanduva, Franca, Jaboticabal, Jales, São João da Boa Vista e São José do Rio Preto. O serviço do Arcebispo é de confirmar as oito Dioceses na Unidade, Comunhão e certa Pastoral de Conjunto.

Na verdade, o que celebramos na Solenidade de São Pedro e São Paulo não são os méritos destes apóstolos. O que celebramos é o Senhor mesmo que escolheu e enviou estes apóstolos, para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, inaugurado pelo mistério pascal de Cristo e assistido pelo dom do Espírito Santo.

São Pedro e São Paulo, ao lado de São João Batista e Santo Antônio, são santos muito estimados pelo nosso povo brasileiro; são alegremente festejados pela religiosidade popular deste país, compondo assim nossas tradicionais festas juninas.


No Dia do Papa que solenizamos no último domingo de junho, fez-se a Coleta do Óbolo de São Pedro. São as Comunidades Católicas Apostólicas Romanas do mundo inteiro que partilham de sua pobreza, sendo generosas e oferecem, livremente, parte do que lhes pertence a quem tem menos. O Papa, por meio de sua assessoria, utiliza o resultado desta Coleta para socorrer, em nome da Igreja do mundo inteiro, nossos irmãos que sofrem dificuldades: as vítimas da fome (continuam passando fome diariamente no mundo, segundo a ONU 1 bilhão de pessoas); as vítimas de enchentes, tornados e guerras, essas sempre tão estúpidas. Enquanto o Vaticano envia auxílio aos nossos irmãos em situações de risco, é justamente nossa oferta que alivia as dores de tantos sofredores, pois o faz em nome de cada um e de todos que se sentem Católicos Apostólicos Romanos e vivem inseridos e comprometidos como tal. Agradecemos a todos que foram generosos e pensaram naqueles que têm menos do que nós. As Comunidades certamente já enviaram toda a coleta à Cúria Metropolitana, que fará chegar ao destino certo nossa participação consciente, com sabor de Ano da Paz!