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sexta-feira, 25 de abril de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            O Segundo Domingo do Tempo Pascal nos introduz no Tempo em que  celebramos a ressurreição do Senhor, como único e grande dia, que se estende desde o Domingo da Páscoa ao domingo de Pentecostes. “Os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa, ou melhor, como um grande domingo” (Normas Universais ao Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral, n. 22).
            Celebramos o domingo da Divina Misericórdia, instituído por João Paulo II,  canonizado neste domingo, ao lado do Papa João XXIII, O Papa Bom. Damos graças ao Senhor por tão amados intercessores junto de Deus, bem como por seu eterno amor por nós, disposto a nos perdoar, sempre que nosso coração arrependido volta-se para ele.  Escolhi como lema de minha Ordenação Presbiteral, a quinta Bem-aventurança do Sermão da Montanha de Jesus: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), justamente porque não obstante meus incontáveis limites, o Senhor me quis Sacerdote, tamanha Sua Misericórdia por mim! Como Tomé, exclamamos maravilhados: “Meu Senhor e meu Deus”.  Desde criança aprendi que a profissão da fé de Tomé seria a ideal, cada vez que fizesse a genuflexão diante do Cristo Sacramentado, seja na Hóstia Consagrada exposta, seja escondida no Sacrário. Por isso, quando coloco o joelho direito no chão, em sinal de adoração ao Senhor presente no mistério de nossa Fé, a Eucaristia, digo com a poesia de meu coração: “Meu Senhor e meu Deus”. Também quando ergo Jesus transubstanciado de um pedacinho de pão em Seu Corpo e de um pouquinho de vinho no Seu precioso Sangue, meu coração remete aos meus lábios a mesma expressão: “Meu Senhor e meu Deus!”.
O primeiro encontro de Jesus ressuscitado com seus discípulos é marcado pela saudação feita por Ele: ‘A paz esteja convosco’. Por duas vezes o Ressuscitado deseja a paz a seus amigos. Em seguida, os envia em missão, soprando sobre eles o Espírito. Buscar e construir a paz é missão dos seguidores do Ressuscitado, pois o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus e continuado pelas comunidades animadas pelo Espírito, manifesta-se na paz. Reino de Justiça, Paz e Alegria como frutos do Espírito Santo. O Apóstolo, amigo de Jesus, ressalta que a paz, para ser autêntica, deve ser trazida pelo Cristo. Uma paz diferente da paz construída pelos tratados políticos. Paz (é shalom) significa integridade da pessoa diante de Deus e dos irmãos. Significa também uma vida plena, feliz e abundante. Paz é sinal da presença de Deus, porque o nosso Deus é um ‘Deus da Paz’ (Rm 15,33). Paz significa muito mais do que ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas mesmas, tendo o necessário para viver, convivendo felizes.
            A comunidade, que abre suas portas, acolhe o Senhor e o segue é enviada pelo Espírito do Ressuscitado a testemunhar o amor do Pai, isto é, a prolongar, no curso dos tempos, a oferta da vida que, em Jesus, Deus fez à humanidade. O reino da vida que Cristo veio trazer é incompatível com as situações desumanas em que vivem mergulhados milhões de seres humanos. ‘Como discípulos e missionários, somos chamados a intensificar nossa resposta de fé e a anunciar que Cristo redimiu todos os pecados e males da humanidade’ (Documento de Aparecida, n. 134).
            O cristão isolado (ausente da comunidade) é vítima do egoísmo e exige provas para crer. É na vida da comunidade que encontramos as provas de Jesus que está vivo. Ser cristão, hoje, requer e significa pertencer a uma comunidade concreta, na qual se pode viver uma experiência permanente de discipulado e de comunhão. Por esta razão, a marca registrada deste Segundo Domingo da Páscoa é a , vivida em comunidade. É em comunidade que se realiza o encontro com o Ressuscitado e a experiência de uma vida nova.
            No tempo da Páscoa, a comunidade cristã tem a oportunidade de aprofundar o evento da salvação, cuja memória desponta de modo pungente na liturgia desse tempo.
            Convém chamar a atenção para o fato de que a vida nova não está isenta de dificuldades. O cristão não é tirado do mundo pelos sacramentos que celebra, mas situado nele de uma maneira especial: como comunidade que aponta e evoca uma realidade nova, mostrando aos demais que a salvação alcançada em Cristo se realiza e se prolonga naqueles que aderem a Ele (). Pela comunhão com os irmãos, pela promoção da justiça e da libertação, pelo cultivo de utopias e esperanças de vida e de inclusão, a comunidade dos fiéis torna-se sinal da Páscoa, sinal da vida nova que Deus quer e preparou para todos. É possível enumerar vários acontecimentos que confirmam a convivência entre a realidade e a realização da Páscoa e os fatos e situações que indicam a direção contrária: violência, medo, fome, miséria, desastres, corrupção e maldade de todo tipo. Contudo, o fiel é chamado a ver além e através dessas realidades: a vitória de Cristo sobre a morte é também vitória sobre o pecado do mundo e seus efeitos. Os males que atravessam a nossa existência se tornam para os que veem, pela fé, sinais da realidade maior e melhor.
            Em tempos de ofertas religiosas de mercado, os espetáculos e as manifestações milagreiras tendem a desenraizar a experiência de Deus. Valem as “curas”, os choros, os arrepios, as emoções movidas por supostas adivinhações ou “revelações” misteriosas. Ninguém olha para as próprias feridas e para as feridas alheias para reconhecer a vida secreta que nelas habita. Os obstáculos e desafios não servem mais para fortalecer e serem abraçados como cruz do discipulado. São evitados. Se aceita a indiferença, sem qualquer perspectiva de solidariedade, de profetismo, de luta em vista de uma transformação. A Páscoa nos convida para algo mais: para a luz que brilha na noite, para a palavra que recria, para vida que emerge das águas, para o pão que cria vida ao ser partido. A fé está enraizada na vida; na existência faz seu húmus. A ressurreição eleva aquilo que a encarnação assumiu.
            Acolhamos o dom da paz e do Espírito que nos constitui em artífices de relações novas, reconciliadas e fundadas na justiça e na misericórdia.
            Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9 e Jo 20,19-31).

quinta-feira, 17 de abril de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

A Vigília Pascal é a celebração da Ressurreição por excelência. Seu caráter de vigília não se refere à preparação da festa, mas tem raízes na celebração da vigília dominical, presente na origem do culto cristão, em que se começa a celebrar o Dia do Senhor ainda no sábado, desembocando no amanhecer do Domingo. A Vigília Pascal, portanto, não é vigília à espera de uma festa, mas a própria festividade; a mais importante que ocorre no Domingo de Páscoa. A solenidade do terceiro dia do Tríduo Pascal.
            A celebração da Vigília Pascal consta de quatro momentos que costumamos designar como: Liturgia da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística.
            É verdade que, de modo bem semelhante ao que ocorreu às mulheres diante do sepulcro vazio, os acontecimentos da vida nem sempre nos parecem fáceis de interpretar, de modo que através deles reconheçamos a Páscoa de Cristo nos envolvendo. Ao nos depararmos com a crueza da violência urbana, a rapidez com que as pessoas são destruídas pelo uso do crack nas grandes cidades, a luta interminável dos povos indígenas de nosso país em conseguir seu pedaço de chão para sobreviver, a perseguição daqueles que se põem ao seu lado, a corrupção institucionalizada no setor político-financeiro... Tudo o que contemplamos com nossos olhos não parece testemunhar a vitória de Cristo sobre a morte. Parece que estamos a procurar entre os mortos aquele que está vivo.
            Cristo Ressuscitou. Vida nova se inicia: tristeza e desânimo pertencem ao passado; esperança e otimismo contagiam nossa existência. Jesus venceu a morte e vive para sempre junto à nossa comunidade e a cada um de nós.
            Acompanhemos Maria Madalena ao túmulo e ouçamos dela a alegre notícia: Jesus já não se encontra entre os mortos, mas está vivo e presente entre nós.
            Enquanto a humanidade destrói e mata, Deus ressuscita e dá vida. O amor nos faz acelerar o passo na busca dos objetivos. A presença do Ressuscitado provoca vida nova na comunidade.
            O texto de João que proclamamos, na celebração da Páscoa, conjuga o primeiro e o terceiro dia. O Domingo – Dia do Senhor – é ocasião concreta, experimentável para que os cristãos possam descobrir que Cristo Ressuscitou, segundo o testemunho das Escrituras. O Domingo, para os cristãos de todos os tempos, se mostra como uma submissão do tempo a Deus. Mas, na verdade, é uma maneira de designar a submissão do ser humano e todas as demais criaturas a seu criador, uma vez que o tempo não existe em si mesmo, mas se dá nas percepções e inteligência do ser humano. O Dia é uma imagem do ser humano. Portanto, dizer Dia do Senhor é falar do ser humano (e da criação inteira da qual ele é símbolo) como pertença a Deus. Em especial, por causa da Páscoa de Jesus, é uma maneira de colocar no centro das atenções a importância – e urgência – do ser humano redimido. O Dia é uma imagem do ser humano que vive de processos, ritmos e ritos. Do ser humano que se vai construindo. Melhor dizendo, do ser humano que se vai revestindo de glória nas palavras da carta de Paulo aos Colossenses.
            Esta experiência precisa encontrar lugar real e concreto em nossa época. O domingo, como um dia no calendário, não mais responde por aquela ocasião em que as pessoas podem obter o descanso, exercitar a convivialidade com a família e os amigos. É mais um dia de consumo, de produção, de lucratividade. Para a tradição ocidental da qual fazemos parte – por influência da fé cristã – o domingo era um dia para recordar a permanente necessidade de humanização. Mas, dia após dia, tudo é igual e as urgências humanas dão lugar a urgências econômicas.
            Neste sentido, é fundamental reunir-se para celebrar, de modo que os gestos humanos revelem a Escritura e a Escritura lhes confira sentido, reorientando nossa existência. Nesta direção, é muito significativo o convite feito na aclamação ao Evangelho, reiterado, como antífona no canto de comunhão: Celebremos, assim, esta festa, na sinceridade e na verdade. A Páscoa celebrada tende sempre a fazer-se verdade sincera em nossos dias, quer dizer, em nossa vida e em sua trama cotidiana. Sabemos que o cotidiano em si não existe – é algo sem forma. Mas o que lhe poderá dar cor, sabor, contorno, veracidade senão a experiência profunda do encontro com o Ressuscitado que continua a passar fazendo o bem como outrora Pedro afirmou? Assim, o tempo pascal se estende diante de nossos olhos como um único dia, o Dia do Senhor, no qual a pessoa humana se redescobre e redefine como criatura de Deus, enriquecida com o seu Amor que a faz reconhecer-se filha bem-quista e com pleno direito à felicidade num mundo mais justo e mais cheio de paz.
            A Páscoa nos remete ao túmulo vazio de onde exalam os perfumes do Ressuscitado! É desse sepulcro vazio que emana o conteúdo de nossa acolhida, compreendida, celebrada e vivida na relação com Deus, que nos oferece o único Cordeiro Imolado necessário para nossa felicidade plena, seus Filhos, Jesus Cristo, agora vive presente entre nós, por força e obra do Espírito Santo!
            Ainda celebrando o cinquentenário do Concílio Ecumênico Vaticano II, o primeiro aniversário da renúncia do Papa Emérito Bento XVI e a eleição do Papa Francisco, O Papa da Ternura nossa Páscoa nos convida à ressurreição imediata na relação com Deus, com a Comunidade de Fé, Oração e Amor e com os porões de nossa intimidade. Deixemo-nos envolver pelos aromas da ressurreição no esforço hodierno de configurarmo-nos cada dia mais com o centro de nossa vida, apaixonando-nos por Aquele que nos move a ser melhores do que somos, Jesus Cristo vivo e ressuscitado no meio de nós!
            Feliz e santa Páscoa a todos! Cheio de ternura, o abraço amigo e sempre fiel,

Padre Gilberto Kasper

(Ler At 10,34.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4 e Jo 20,1-9)

TRIDUO PASCAL – OS TRÊS DIAS SANTOS

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

Os três dias, que vão da tarde da quinta feira à tarde do domingo (Calendário Romano 19) constituem o tríduo “da morte, da sepultura e da ressurreição” do Senhor. Na origem, a sexta e o sábado foram caracterizados pelo jejum, o domingo pela alegria, sem que houvesse qualquer celebração a não ser a vigília. Desse ponto de vista, não se pode dizer que o triduo seja uma extensão da vigília. Ele constitui uma realidade essencial e pressuposta para que a noite pascal se revista plenamente de seu sentido: com efeito, ela é a passagem do jejum à festa, como foi, para o Cristo, a passagem da morte à vida.

A eucaristia da quinta feira santa, centrada na instituição do mistério e no lava-pés, tendo como fundo a tradição e a agonia é por si mesma bastante eloquente.

A celebração não eucarística da sexta feira santa (Palavra, Oração Universal, Veneração da Cruz e Comunhão) tem por fim introduzir mais profundamente no mistério pascal e preparar a comunidade para a Vigília Pascal.

No centro, acha-se a Vigília Pascal, que celebra toda a história da salvação, culminando na morte e ressurreição do Cristo. Ela comporta uma Celebração com o Rito da Bênção do Fogo Novo, a Preparação do Círio Pascal, a Proclamação da Páscoa, a Liturgia da Palavra e Batismal (com a renovação das Promessas Batismais) e a Liturgia Eucarística. É “a mãe de todas as Vigílias e Celebrações”!

Nesta quinta feira santa, às 9 horas, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, concelebraremos a Missa da Unidade com a Bênção dos Santos Óleos, presidida por nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva. É também nesta ocasião que os Presbíteros renovam diante do Arcebispo e do Povo de Deus reunido, suas promessas sacerdotais.

Já em nossa Igreja Santo Antoninho, na Avenida Saudade, 202, nos Campos Elíseos, celebraremos o Triduo Pascal, iniciando na quinta feira santa às 19 horas as Instituições dos Sacramentos da Eucaristia, da Ordem e da Humildade (o Lava-Pés). A celebração da Paixão e Morte do Senhor será na sexta feira santa (Dia de Jejum e Abstinência e Coleta para a Conservação dos Lugares Santos) às 17 horas. A Vigília Pascal no sábado santo será às 19 horas. No domingo da Ressurreição do Senhor, celebraremos as Missas como de costume as 8 e 10 horas, seguindo a celebração dos Batizados às 11h30.

Durante os dias da Semana Santa levaremos o Sacramento da Reconciliação aos nossos amados Enfermos e Idosos, que já não poderão participar das celebrações em nossa Reitoria. Assim, seremos para eles A Igreja do Ir! Desejamos a todos, com profunda ternura feliz e santa Páscoa!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

SEMANA SANTA E COLETA DA SOLIDARIEDADE

                         Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

A ABERTURA DA SEMANA SANTA acontecerá no próximo domingo, dia 13 de abril, quando na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, celebraremos no Átrio a Bênção dos Ramos. Logo a seguir caminharemos em procissão ao interior de nossa Igreja, para a Celebração Eucarística. Já na Missa das 10 horas teremos a Missa normal, com Bênção dos Ramos, sem, porém, a Procissão. Será na Santo Antoninho, na Avenida Saudade, 202.
Com o DOMINGO DE RAMOS, descortina-se a Semana Santa em que a Igreja celebra os mistérios da salvação levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias da sua vida, a começar pela entrada messiânica em Jerusalém.
Os ramos abençoados que levamos para nossas casas, após a celebração, lembram que estamos unidos a Cristo na mesma doação pela salvação do mundo, na labuta árdua contra tudo o que destrói a vida.
Se durante a Quaresma fizemos o propósito de “não falar mal de ninguém”, o DOMINGO DE RAMOS que abre a grande Semana Santa nos convida ao balanço: conseguimos não falar mal de ninguém ao longo deste grande deserto em preparação à festa da Páscoa? Os pregos de hoje, que crucificam Jesus na pessoa do próximo é, frequentemente a língua felina, que mente, calunia, difama, destrói a oportunidade de o outro crescer. Muitas vezes por pura inveja. Quantas vezes não suportamos que o outro seja melhor!

É também o domingo da prestação de contas de todos os nossos exercícios quaresmais de oração com melhor qualidade, de jejum consciente, pensando naqueles que não têm o que comer todos os dias e, finalmente a profunda, sincera e generosa caridade! Sejamos honestos e devolvamos, no espírito da COLETA DA SOLIDARIEDADE os frutos saborosos colhidos em benefício dos que tem menos do que nós. A entrega de nossa partilha deverá ser o que na verdade deixamos de consumir na Quaresma. O resultado da Coleta será entregue integralmente na Cúria pelos Padres ou Colaboradores Paroquiais. Ninguém terá o direito de reter qualquer centavo desta, que é a Coleta da Fraternidade. Não deixemos que nenhum “tráfico” desvie a coleta de sua verdadeira finalidade! Isso seria feio e grave pecado contra a justiça! FRATERNIDADE E TRÁFICO HUMANO conta com nossa honestidade!

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DOMINGO DE RAMOS - COLETA NACIONAL DA SOLIDARIEDADE

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

"Jesus Cristo se tornou obediente,
obediente até a morte numa cruz.
Pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe
um nome muito acima de outro nome" (Fl 2,8s).

O Domingo de Ramos introduz a Semana da Paixão do Senhor. A Liturgia nos oferece dois evangelhos de Mateus: um para a bênção dos ramos (Mt 21,1-11) e outro para a Liturgia da Palavra - narrativa da Paixão (Mt 26,14-27,66).

Há poucos dias, o povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro em Betânia. Estava maravilhado! Ele tinha certeza de que este era o Messias anunciado pelos profetas. Contudo, pensava que fosse um Messias político, libertador social, forte e poderoso, que arrancaria Israel das garras dos opressores e lhe devolveria os bons tempos de Salomão. Jesus, porém, apresenta-se completamente diferente do imaginário popular. Ao contrário dos poderosos que andavam em carros de guerra, em imponentes cavalos, ele entra em Jerusalém montado num jumentinho. Jesus é um rei manso, humilde e pacífico e, ao mesmo tempo, forte e firme. É interessante observar que foi um jumentinho que conduziu Jesus, ainda no útero de Maria, porta-jóias do Salvador, a Belém onde nasceu; ao Egito, para fugir da inveja incontrolável de Herodes que não admitiu alguém melhor e maior do que ele; de volta a Nazaré, onde passou sua infância na simplicidade de uma Família simples, comum e obediente à Palavra de Deus, e agora à Entrada triunfal em Jerusalém, ao encontro de sua paixão e morte de cruz!

Ele faz justiça, devolvendo vida aos excluídos, humildes e necessitados. As multidões o reconhecem, estendem mantos à sua passagem e, com ramos nas mãos, aclamam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito, aquele que vem em nome do Senhor. Hosana no mais alto do céu!” Em contrapartida, os poderosos preocupam-se e agitam-se.

O Filho de Deus entra em Jerusalém como rei messiânico, humilde e pacífico. É o servo paciente que se encaminha para enfrentar voluntariamente, sem violência, a humilhação e o aparente fracasso, impostos pela maldade humana. Jesus chega à cidade, em direção à qual peregrinou por longos dias, para ser vitorioso: “vencerá pela força da não violência do amor”.  O caminho do Messias e de todos os seguidores é paradoxal: pelo fracasso ao triunfo, pela derrota à vitória, pela humilhação à glória, pela morte na cruz à ressurreição.

A liturgia do Domingo de Ramos revela a grande contradição entre a relação do povo e o Filho de Deus e sua missão redentora. Primeiro a multidão aclama: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito aquele que vem em nome do Senhor. Hosana no mais alto do céu!” Dias depois, grita por sua condenação: “Crucifica-o! Crucifica-o!” A cruz e a morte despontam no horizonte da recusa do projeto messiânico: “O caminho do amor que se entrega a Deus e aos humanos, em favor da justiça e da paz, de forma mansa e humilde”.

O Domingo de Ramos é marcado, de uma parte, pelo mistério, pelo despojamento e pela entrega total e, de outra, pelo senhorio e pela glória do Filho de Deus.

O relato da Paixão é um convite a entrarmos a Páscoa. Esta se constitui num chamado à vida nova, à vida no Espírito, que implica amor incondicional a Deus e ao próximo e cuidado fraterno da criação. Esta vida nova nos é dada e leva à plenitude a obra da criação. Na celebração pascal, recebemos o Espírito do Ressuscitado para vivermos a vida nova.

Para emoldurar a leitura da Paixão do Senhor, a liturgia deste domingo, proclama o terceiro canto do Servo Sofredor. O apóstolo Paulo, na perspectiva da Paixão do Senhor, exorta os filipenses a contemplarem o Filho de Deus que, inteiramente despojado, se fez servo e obediente à vontade do Pai, até a morte de cruz. Em sua total entrega, revelou o mistério de sua grandeza. Por isso, o Pai o ressuscitou e o glorificou.

O grande convite para todos nós cristãos é o despojamento total, o que naturalmente não é tão simples. Não é fácil optar pela humilhação quando se ocupam cargos e funções de confiança, na vida social, política, eclesial e comunitária. Fazemos de tudo para alcançar prestígio, e deste dificilmente abrimos mão, mesmo que isso prejudique a outros. Ainda é muito notória entre os cristãos, o carreirismo, a busca do poder e do prestígio a todo custo. Revestimo-nos mais do caráter invejoso de Herodes e dos que pediram a crucifixão do Salvador, do que da personalidade do próprio Cristo, não obstante nos pensemos cristãos, daqueles que se dizem "certinhos" enquanto conseguem esconder seus limites e pecados atrás dos que chegaram a público. Como é frequente, principalmente entre "autoridades ou pessoas públicas, e aqui não escapamos também nós eclesiásticos" esconder nossos pecados atrás daqueles que foram descobertos. Certa vez numa visita à Penitenciária, ouvindo as lamúrias e desabafos de alguns detentos, disse a eles: "Agradeçam a Deus a sorte que tiveram de serem presos. Assim terão oportunidade de mudarem de vida. Sinto dó daqueles que fazem coisas piores, mas sentem-se melhores, pelo simples fato de não terem sido descobertos em seus erros..." O outro problema é a discriminação que se institucionaliza em relação aos que um dia, sabe-se por que, erraram. Mesmo mudando de vida, dificilmente têm novas oportunidades. Os certinhos não deixam. Sentem-se superiores e falta-lhes a capacidade da cruz, ou seja, do perdão, da misericórdia e do amor de verdade!

Não nos esqueçamos de levar às Comunidades os justos resultados de nossos exercícios quaresmais de penitência, partilhando um pouco de nós com quem tem menos. É o Dia Nacional de Coleta da Solidariedade: FRATERNIDADE E TRÁFICO HUMANO! Não nos roguemos o direito de “traficar” nossa Coleta. Sejamos honestos com Deus, conosco e com quem dependerá de nossa partilha generosa! Em 2012 a Diocese de São José dos Campos, da qual veio nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, repassou 40% da Coleta ao Fundo Nacional da Solidariedade da CNBB o valor de R$ 92.118,78, enquanto nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto, seguramente maior e muito mais rica, enviou apenas R$ 34.733,31. Uma diferença bastante estranha de R$ 57.385,47. Cada um tire suas conclusões (cf. Manual da CF/2014 p. 121).

Que a Semana Santa nos faça melhores do que somos e que a cruz nos santifique!

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço fiel e amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Mt 21,1-11; Is 50,4-7; Sl 21(22); Fl 2,6-11 e Mt 27,11-54). 

PROGRAMAÇÃO DA SEMANA SANTA DE 2014

Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres

Domingo de Ramos – 13 de abril – (Coleta da Solidariedade da CF/2014).
 08h00 – Bênção, Procissão e Missa dos Ramos no Átrio da Igreja.
10h00  – Missa com Bênção de Ramos, sem Procissão.

Segunda-Feira Santa 14 de abril
Atendimento domiciliar de Confissões aos Enfermos!
Terça-Feira Santa 15 de abril
 08h00 – Conferência sobre a Fraternidade e o Tráfico Humano
Na Associação Faculdade de Ribeirão Preto – UNIESP – Unidade II.

Quarta-Feira Santa – 16 de abril
15h00 – Atendimento Espiritual aos Enfermos e Idosos.
Quinta-Feira Santa – 17 de abril
09h00 – Missa da Unidade, Bênção dos Santos Óleos e Renovação dos Compromissos Sacerdotais, presidida por Dom Moacir Silva, Arcebispo Metropolitano na Catedral de São Sebastião.
19h00 – Instituição da Eucaristia, do Sacerdócio e da Humildade (Lava-Pés).
20h00 – Vigília Eucarística

Sexta-Feira Santa 18 de abril – Dia de Jejum e Abstinência
                                    (Coleta para os Lugares Santos)

 09h00  –Manhã de Reflexão Silenciosa na Igreja Santo Antoninho.         17h00   –Celebração da Paixão e Morte do Senhor
                 Celebração da Palavra, Adoração da Cruz, Oração Universal e
                  Distribuição da Sagrada Comunhão.
                  “Dia de recolhimento e silêncio”
Sábado Santo – 19 de abril – VIGÍLIA PASCAL – A Mãe das Vigílias!

19h00 – Bênção do Fogo Novo, Preparação do Círio Pascal, Proclamação da Páscoa, Liturgia da Palavra, Renovação das Promessas Batismais e Liturgia Eucarística!

Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor – 20 de abril.

 8h00 – Missa Solene
10h00 – Missa Solene
11h30 – Batizados

Av. Saudade, 202 – Campos Elíseos – Tel.: 3236-4410 - Ribeirão Preto – SP.

Pe. Gilberto Kasper
                                                                                                              Reitor

“O nosso cordeiro pascal, Jesus Cristo, já foi imolado.

Celebremos, assim, esta festa na sinceridade e verdade” (1Cor 5,7s).

sexta-feira, 4 de abril de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DA QUARESMA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


Chegamos ao Quinto Domingo da Quaresma. Depois de quarenta dias de grande jejum, continuada penitência e profundo retiro de oração, vamos contemplar hoje a Ressurreição e a Vida. Este Quinto Domingo da Quaresma, pelos antigos era chamado de "Domingo da Paixão" - ressaltado pelos acontecimentos da ressurreição de Lázaro. Ressurreição que causou ódio das autoridades civis daquele tempo contra Jesus, que dava um sinal de como deveria ser sua própria ressurreição. O acontecimento de hoje conduz à Páscoa da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

A experiência batismal estabelece e manifesta a sintonia existente entre os três últimos domingos da Quaresma. No Terceiro Domingo da Quaresma, no acontecimento da Samaritana, falou-se em água viva, em água que jorra para a vida eterna, e Jesus apresentou-se como quem é capaz de dar de beber esta água salvadora. No Quarto Domingo da Quaresma, Jesus revelou-se como a luz do mundo. A água e a luz fazem crescer, vivificam os seres vivos. Sem água e sem luz, conhecemos a morte. A partir da água e da luz, Jesus reafirma sua divindade e seu poder de dar a vida, e a vida plena, que não se acaba.

O motivo da celebração eucarística é a ressurreição e a vida de todos os que se deixam conduzir pela palavra de Deus. Dela nos vem a força e a esperança para continuar na caminhada rumo à Páscoa, superando toda tristeza e morte. O profeta Ezequiel anuncia ao povo que Deus deseja comunicar a vida a quem está sob o jugo da morte. Jesus, ao ressuscitar Lázaro, concretiza o sonho do profeta e se apresenta como “a ressurreição e a vida”. Deus não quer que seu povo viva em condições de mortos-vivos e abandonado à própria sorte. Jesus ama seu povo e, por isso, ordena que desatemos as amarras que mantêm as pessoas presas. Viver segundo o Espírito de Deus é fazer nossas opções de Jesus.

O Profeta Ezequiel prega para um povo 'morto', caído por terra e sem esperança de vida. Um povo vencido e desanimado no exílio, que é visto como um monte de ossos secos. A 'palavra profética' é palavra recriadora. Por isso, o que parece impossível aos homens, pode se transformar numa ocasião para Deus revelar a sua força recriadora. Lentamente os ossos são revivificados pelo Espírito de Deus. O povo renova-se à medida que vai tomando consciência da sua dignidade.

O Apóstolo Paulo fala do espírito que vivifica, mesmo se o corpo estiver morto. O espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos fará viver até os nossos corpos mortais. Esta vida nova, vida habitada pelo Espírito, requer superação de tudo o que não agrada a Deus. A partir da Ressurreição de Cristo quem determina o ser e agir do ser humano, não é mais o pecado e o egoísmo, mas o Espírito; não é mais a morte, mas a vida.

Jesus está a caminho de Jerusalém. É sua última viagem. Em Betânia, apenas a uns 3 km de Jerusalém, faz o grande milagre da ressurreição de Lázaro. Betânia era parada obrigatória dos peregrinos de Jerusalém. Ali eles tomavam banho, preparavam-se para entrar na cidade santa. Não poderia ser diferente com Jesus e com os apóstolos. A parada de Jesus foi na casa de Maria, de Marta e de Lázaro, seus íntimos amigos.

A figura de Lázaro, encerrado no sepulcro e amarrado em faixas, personifica o discípulo que, ao convite do Senhor, necessita sair de seu mundo (aqui o sepulcro é imagem forte disso), para ganhar a vida. A vida do batizado implica rupturas e mudanças radicais com determinadas práticas de vida, ao mesmo tempo em que ele se insere numa comunidade de vida. Na Quaresma, somos chamados à conversão, a deixar projetos que nos prendem ao egoísmo e a apostar na tarefa de criar um mundo solidário, com mais vida. Temos de anunciar, mais com ações do que com palavras, que acreditamos que só é parceiro de Deus quem defende a vida e que tudo será possível com amor autêntico e coerente.

Somos convidados a preparar-nos bem, a fim de que esta seja a mais rica Páscoa já celebrada em nossa vida pessoal, comunitária e social. Não deixemos para celebrar o rico Sacramento da Confissão na última hora, na Semana Santa! Aproveitemos os Mutirões de Confissões nas Foranias de nossa Arquidiocese, que reúnem dezenas de Sacerdotes cada noite, em praticamente todas as Paróquias para atender-nos e devolver-nos a paz que o pecado nos tira. Os Padres também precisam de tempo oportuno e necessário para bem prepararem-se para as solenes celebrações de toda a Semana Santa! Procurar a confissão de última hora, geralmente frustra tanto o Sacerdote como quem o busca. A confissão deve ser celebrada e não improvisada. É compensador ver e sentir as pessoas celebrarem sua Reconciliação com Deus, consigo mesmas e com os outros! O alívio do perdão e da reconciliação revestirá a Celebração da nossa principal festa anual: a Páscoa da Ressurreição do Senhor e nossa de sentido mais profundo, oferecendo-nos, diante de nossa Cultura de Sobrevivência, novas esperanças, perspectivas, ânimo e sentido de vida verdadeira.

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper


(Ler Ez 37,12-14; Sl 129(130); Rm 8,8-11 e Jo 11,1-45).