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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A FAMÍLIA DE NAZARÉ: MODELO PARA A FAMÍLIA CRISTÃ


Pe. Gilberto Kasper*

            No último domingo, celebramos a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José! “É bastante recente a origem da festa da sagrada família. Bento XV determinou sua celebração a toda a Igreja em 1921, fixando-lhe o domingo dentro da oitava da Epifania. No entanto, com a reforma do calendário romano, passou a ser celebrada no segundo domingo dentro da oitava do Natal, deixando a data anterior para a festa do Batismo do Senhor. Caso não haja domingo dentro da oitava, celebra-se no dia 30 de dezembro.” A Festa da Sagrada Família tem três razões de muita importância para mim: A Igreja Matriz em que fui batizado no dia 16 de junho de 1957, na minha cidade natal de Três Coroas (RS); onde celebramos a Missa de Exéquias de meu pai, dia 16 de janeiro de 1962 e onde celebrei uma de minhas primeiras Missas no dia 28 de janeiro de 1990 é colocada sob o patrocínio da Sagrada Família! Na mesma Igreja Matriz fui crismado, ainda criança, dia 2 de novembro de 1959, pelo então Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre (RS), Dom Vicente Alfredo, Cardeal Scherer! Minha gratidão àquela Comunidade de Fé é incalculável!

            “O sentido desta festa afina-se com o sentido teológico do Natal/Epifania, ou seja, é manifestação do Senhor, na realidade familiar, como conseqüência de sua encarnação: veio para fazer parte da família humana, vivendo na obediência e no trabalho de uma família concreta, com todas as suas tensões e contingências, alegrias e dramas. A família de Nazaré, única e irrepetível, é indicada como modelo para qualquer família cristã.

            Na perspectiva da encarnação, o mundo e a humanidade tornam-se também a família sagrada de Deus, lugar de comunhão e de fraternidade universal.

            Celebrando a Sagrada Família, valorizamos a vida de nossas famílias com suas alegrias e sofrimentos, conquistas e conflitos, como santuário da vida, lugar privilegiado da vivência da gratuidade, do amor, do perdão, do exercício de relações verdadeiras, da prática da misericórdia, da partilha e da solidariedade, sacramento do mundo novo.

            Nesta celebração, o Pai nos convida a entrar no mistério sempre atual da Encarnação do Filho, hoje, na realidade de uma família. Convida-nos a assumir o caminho de Jesus, como Maria e José, que acolheram seu destino e foram fiéis a Deus mesmo dentro das vicissitudes e dificuldades da vida” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo do Natal de 2013 da CNBB, pp.51-52).

            Desejando a todos abençoado Ano Novo, cheio de novas esperanças, ao Rei dos Séculos Imortal e Invisível honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! 

*pe.kasper@gmail.com

Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

UM MENINO ENVOLTO EM FAIXAS NUMA MANJEDOURA


Pe. Gilberto Kasper

 

Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

            “Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala” (Lc 2,6-7).

            Maria envolveu o menino com faixas. Sentimentalismos à parte, podemos imaginar o amor com que Maria aguardava a sua hora e terá preparado o nascimento do seu Filho. A tradição dos ícones, com base na teologia dos Padres, interpretou teologicamente também a manjedoura e as faixas. O menino rigorosamente envolvido com faixas aparece como uma alusão antecipada à hora da sua morte: Jesus é desde o início o Imolado. Por isso, a manjedoura era representada como uma espécie de altar.

            Segundo Agostinho, a manjedoura é o lugar onde os animais encontram o seu alimento. Agora, porém, jaz na manjedoura Aquele que havia de apresentar-Se a Si mesmo como o verdadeiro pão descido do céu, como verdadeiro alimento de que o homem necessita para ser pessoa humana.

            O evangelista Lucas narra que Maria, depois da alusão do anjo à gravidez da sua parenta Isabel, se dirigiu “apressadamente” para a cidade de Judá, onde viviam Zacarias e Isabel (cf. Lc 1,39). Os pastores foram apressadamente, com certeza movidos pela curiosidade humana, ou seja, para ver o prodígio que lhes fora anunciado; mas seguramente sentiam-se também cheios de ardor devido à alegria neles gerada pelo fato de agora ter nascido verdadeiramente o Salvador, o Messias, o Senhor, de quem tudo estava à espera, e eles seriam os primeiros a poderem vê-LO.

            E quantos cristãos se apressam hoje quando se trata das coisas de Deus? E, no entanto, se há algo que mereça pressa – talvez o evangelista nos queira dizer tacitamente isso mesmo -, são precisamente as coisas de Deus.

            Aos pastores, o anjo tinha indicado como sinal que iriam encontrar um menino envolto em faixas e deitado numa manjedoura. A pobreza de Deus é o seu verdadeiro sinal (cf. Bento XVI. A Infância de Jesus. São Paulo: Planeta, 2012, pp. 59ss – livre interpretação).

            Celebrar o Natal em que terminamos o Ano da Fé, em que sediamos a Jornada Mundial da Juventude e recebemos a primeira viagem do Santo Padre o Papa Francisco, também somos convidados a identificar o sinal da presença amorosa de Deus entre nós. Não se trata de correr apressadamente a um estábulo em busca de um menino envolvo em faixas reclinado numa manjedoura. Mas poderemos encontrar na manjedoura, isto é, na pobreza do nascimento de Jesus, o grande sentido de celebrarmos tal evento de nossa fé, em que misteriosamente se realiza a redenção dos homens.

            É compreensível que as pessoas simples que crêem no evento do Natal ouçam o cantar também dos pastores e, na Noite Santa, se juntem às melodias, desde então, em Belém, até o fim dos tempos, exprimindo a todos com o canto a grande alegria, de que Deus, continua sendo reconhecido em Sua pobreza, no semblante de todos que o celebram à luz da fé, desde a intimidade de seus corações!
            “Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz ao nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós, até chegar aquele dia sem ocaso, que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor” (Papa Francisco in Lumen Fidei, p. 61). Que este Natal seja o mais abençoado e cheio da ternura de Deus para todos!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Vieram apressados os pastores

E encontraram Maria com José,

E o menino deitado no presépio” (Lc 2,16).

 

            “A Palavra de Deus nos convida à transformação das relações pessoais, familiares, comunitárias, sociais e cósmicas. A família está inserida no contexto sociopolítico-econômico-ecológico, assim os problemas sociais, políticos, econômicos, ambientais a atingem e recaem sobre ela.

            Injustiças, violências, desemprego, salário baixo, competição desmedida, falta de comunicação verdadeira entre as pessoas, exploração de gênero, desmatamento, poluição das águas e do ar atingem a família e, por isso, fazem parte do projeto de vida familiar.

            Entretanto, romanticamente, ainda existem pessoas que querem resolver problemas familiares, como se fossem problemas internos, desligados do mundo atual, caindo assim no reducionismo ingênuo, somente psicológico, sem questionamento das raízes mais profundas. Existem até pastorais que se dedicam apenas a encontros desligados da realidade global.

            A carta de Paulo aos colossenses pode ser para nós o sério apelo de Deus para uma mudança radical no modo de viver: revestir-se de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, sendo suporte uns para os outros, perdoando uns aos outros e pedindo perdão, quando for necessário. Acima de tudo ‘amem-se uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição.’ Para vivermos o que a carta aos colossenses nos diz, é necessário cultivar o diálogo, o respeito, a compreensão e a ajuda mútua; aceitar as atribuições de cada membro da família; viver a obediência responsável; ter capacidade de confrontar a vida com o projeto de Deus.

            Para nós, a sagrada família de Nazaré é o modelo de família humana. Era uma família vivendo uma situação especial dentro da história da salvação, composta de pessoas muito amadas e escolhidas por Deus, cada qual vivendo a fidelidade ao chamado do Senhor. As famílias de hoje são convocadas a serem as sagradas famílias do século XXI.

            Diante da situação cada vez mais desafiadora, inquietante, cheia de tensões e riscos em que vivem nossas famílias, suplicamos ao Pai, que lhes conceda o critério supremo do amor, do exercício da compaixão e do diálogo, verdadeira fonte da união e da paz” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo do Natal de 2013 da CNBB, pp. 51-56).

            A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (cf. Exortação apostólica do Papa Francisco “A Alegria do Evangelho” nº 1). O Papa Francisco conclama toda a Igreja e nela, a Família Cristã, a acolher, compreender e anunciar A Alegria do Evangelho, que é bússola orientadora de novo ânimo, novas perspectivas, novo sentido e grande esperança para o mundo, cuja célula é a Família!

            Enquanto a Cultura da Sobrevivência coloca a Família de bruços, engolindo-a com o tripé de contra valores: o consumismo, o hedonismo e o individualismo, a Festa da Sagrada Família nos conclama e incentiva a reerguê-la, devolvendo-lhe a necessária dignidade humana! Saibamos, a partir desta festa solene, reencontrar meios para ancorar nossa Família em valores essenciais, como o amor gratuito, a verdade, a justiça e a liberdade!

            Desejando-lhes abençoado Ano de 2014, nossa ternura, gratidão, e abraço cheio de novas esperanças!

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Eclo 3,3-7.14-17; Sl 127(128); Cl 3,12-21 e Mt 2,13-15.19-23).

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO


 
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Um menino nasceu para nós:

Um filho nos foi dado!

O poder repousa nos seus ombros.

Ele será chamado ‘mensageiro do conselho de Deus’!” (Is 9,6). 

            Natal é o mistério, sacramento da humanização de Deus e da divinização humana. Festa da fidelidade e da ternura de Deus para conosco. O Verbo, a Palavra eterna, a Sabedoria, a mais fiel comunicação do Pai, o Filho amado se faz pequenina e frágil criança, filho de um casal de pobres, provindo de um recanto não importante do mundo, para ‘realizar o direito e a justiça’.

            Não simples comemoração do aniversário de Jesus, mas a realização da promessa de Deus de fazer uma aliança eterna de amor com toda a humanidade e de restabelecer o seu Reino no mundo. Com a encarnação, afirma o Concílio Ecumênico Vaticano II, o Filho de Deus uniu-se, de certa maneira, a toda a humanidade (cf. GS, n.22) e mais ainda atingiu todo o universo (cf. GS, n.38). Iniciou-se, portanto, o misterioso processo de renovação e unificação de toda a humanidade e do cosmos com Cristo.

            Recordamos o nascimento de Jesus em Belém, pobre entre os pobres, junto com Maria e José, com os pastores de ontem e de hoje, acolhemos, com ternura e alegre júbilo, o anúncio dos anjos e a proclamação da paz a todos os ‘filhos amados de Deus’.

            Celebramos a páscoa de Jesus Cristo que acontece em sua Encarnação, em seu nascimento em nossa carne, no seu ato solidário de assumir em tudo a nossa condição humana, nossa corporeidade com suas necessidades vitais; nossas alegrias e tristezas, audácias e fraquezas, conquistas e fracassos.

            Do meio das palhas de sua manjedoura, acolhemos do Menino-Deus um forte apelo para o cultivo de relações novas e duradouras, valorização de tudo o que é humano, simples e pequeno, gestos gratuitos de solidariedade e benevolência entre nós e com toda a natureza.

            Jesus nasce entre pobres, migrantes, pastores; encarna-se na realidade dos que sofrem. Deus entra em nossa história através de uma mulher marginalizada.

            Deus fiel é solidário com a humanidade e a humanidade pode tomar novo rumo. A glória de Deus é que a humanidade toda viva, é ação concreta repercutindo na Terra, trazendo a paz para todos.

            A Noite do Natal nos conduz às fontes de nossa fé. Noite de luzes, cores, cheiros, sons, cantos e diálogos. Jesus nasceu em Belém, casa do pão, e foi rodeado por pobres, pastores, animais... Na marginalidade, o Filho de Deus tornou-se um de nós, fez-se criança, entrou na História da humanidade e no mundo criado... A Palavra de Deus fez-se gente pequena, em um lugar pequeno, entre pequenos, para ser o Emanuel, Deus conosco para sempre. Nasce Jesus, insignificante ante os olhos da força cínica de Herodes e força endeusada do imperador de Roma; reconhecido apenas pelos que não tinham poder na terra, mas que estavam atentos aos sinais de Deus.

            Jesus nasceu de Maria, no seio de um povo sofrido e dominado, em lugar e em época bem concretos. Se falarmos apenas de Jesus que nasce em nossos corações, em nossas famílias, a encarnação poderá tornar-se uma abstração, ou um sentimentalismo individualista e barato.

            O Natal manifesta a irrupção de Deus na história humana com a seriedade de sua fidelidade às promessas de restauração de suas criaturas desviadas do projeto fundamental do Pai. Natal da pequenez e do serviço, rompendo e exigindo rompimento com o poder de dominação e prepotência do homem sobre pessoas e povos marginalizados e sucumbidos pelas botas do opressor. O verdadeiro Natal exige rompimento com o cheiro dos palácios, muitas vezes mofados. Ele nos pede aliança, proximidade com o cheiro do presépio, das ovelhas, das favelas, das periferias, das matas, da terra, das águas... Compromisso de transformação de tudo isto em nova criação, sonhada por Deus.

            Não é possível separar o Natal e realidade atual; fé cristã e história humana; encarnação do Filho amado do Pai, mas filho de Maria, na pequenez. Nossa fé leva-nos à luta cotidiana para que o cheiro do presépio e das ovelhas chegue ao palácio dos imperadores de hoje, à casa de Herodes, traidor do povo e da história da salvação.

            Que Boa Notícia a Palavra de Deus nos diz neste momento? Qual é a esperança que se firma em nosso coração?” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo do Natal da CNBB de 2013, pp. 39-50).

            Gosto muito da frase que se pronuncia, geralmente em voz baixa, durante a preparação das oferendas na Missa, enquanto se coloca uma gota de água no cálice com o vinho: “Pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade de vosso Filho, que se dignou assumir nossa humanidade”. Penso que esta afirmação deveria ser dita em voz alta, pois sintetiza o evento do Natal do Senhor!

            Gosto, também, de pensar como Deus dribla a humanidade, nascendo numa manjedoura, entre animais. Como se não bastasse, se permite anunciado em primeiro lugar aos mais simples dos simples: os pastores, durante uma fria madrugada. Talvez os únicos acordados naquela noite. Certamente os mais sensíveis e talvez os mais disponíveis para ouvir o jubiloso anúncio dos Anjos: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”, isto é, aos homens e mulheres de coração aberto para acolher numa manjedoura, um recém-nascido envolto em panos, Emanuel, o Deus Conosco, na meiguice e fragilidade de um bebê. Simplesmente uma criança. Isto me convence que Deus é muito mais simples do que O complicamos! Basta estar aberto, atento, ser hospitaleiro e acolhedor. Basta ler a face do Senhor no semblante do Outro!

Feliz e Santo Natal a todos!

Pe. Gilberto Kasper

(Ler para a Missa da Noite: (Is 9,1-6; Sl 95(96); Tt 2,11-14 e Lc 2,1-14).

(Ler para a Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 97(98); Hb 1,1-6 e Jo 1,1-18).

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DO ADVENTO

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Céus, deixai cair o orvalho;

Nuvens, chovei o justo;

Abrase a terra e brote o Salvador!” (Is 45,8).
 

            “No Quarto Domingo do Advento, o último, chegando ao ponto alto de nossa espera, despontam para nós os lampejos de um novo amanhecer, anunciando a chegada do Sol da justiça, o Emanuel, o Deus conosco. Ele é a manifestação do segredo escondido em Deus, há séculos: a salvação, a vida plena e feliz para toda a humanidade.

            A Palavra de Deus deste domingo nos remete ao vivo e evidente sinal do maravilhoso encontro do divino e do humano em Jesus de Nazaré.

            O acendimento das quatro velas que confirma a chegada plena da luz no seio de Maria, grávida pelo Espírito Santo e na fiel obediência de José, o homem justo. Ambos, modelos do Advento, vivem ardente espera do Salvador em meio à obscuridade da fé e às ambigüidades e provas da frágil condição humana.

            Mesmo na alucinação das compras natalinas, aturdidos pelos anúncios de um Natal esvaziado pelo consumismo e devotados ao ídolo mercantilista e tirano do dinheiro (como vem afirmando nosso amado Papa Francisco), a humanidade e todo o universo clamam esperançosos pelo Reino e se enternecem diante da simplicidade, da gratuidade, de relações verdadeiras, do serviço desinteressado do pequeno resto, da geração dos que buscam a Deus. Sinalizam a chegada do ‘Emanuel’ e da força de seu Espírito, gerando, com autenticidade e sem muito barulho, um mundo novo.

            ‘Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel’. Este domingo é de fato, uma festa de Maria. A oração do dia de hoje tornou-se a conclusão da oração do ‘Angelus’.

            Deus tem um plano de bondade para a humanidade, toma a iniciativa e o cumpre de forma desconcertante. Envia seu próprio filho; repara na humildade e na fidelidade de uma jovem que aceita em si mesma a obra de Deus, que quer vir ser Deus conosco. José fica perplexo, mas se abre para compreender a ação de Deus. Deus vem habitar conosco; armou sua tenda entre nós.

            Deus age, mas com a colaboração de pessoas que assumem com simplicidade e, às vezes, com dificuldade sua responsabilidade, como aconteceu com José e Maria. Deus quer salvar a humanidade, através de nós, pessoas humanas. Uma gravidez é sempre uma ocasião para pais e familiares se colocarem dentro de um mistério. A pessoa que está sendo tecida no ventre materno não é apenas obra humana, mas revela a presença do Criador.

            A saudação – “Não temas!” – dita pelo mensageiro a José, no texto de Mateus, e a Maria, em Lucas, é dita hoje a nós, para nos animar na missão de colaborar com o projeto de Deus e para que ‘venham a nós’ a paz e a justiça tão sonhadas.

            Neste tempo de Advento, somos convidados a viver em profunda contemplação e admiração, fé e confiança. É tempo de gestação de novas relações no silêncio do cotidiano da vida. Como José, somos encarregados de proteger as sementes de vida semeadas no ventre fecundo de nossas comunidades, nas organizações populares, entre os jovens, idosos e pequenos.

            Como comunidade eclesial, recebemos a Palavra, o Verbo encarnado da Vida que nos engravida pela ação amorosa do Espírito para continuarmos a ser sinais e instrumentos da salvação e da esperança no mundo em que vivemos. Jesus é o Deus-conosco e conosco permanecerá (cf. Mt 28,20), até que a salvação se realize plenamente” (cf. Roteiros Homiléticos do Advento de 2013 da CNBB, pp. 33-38).

            Gosto de atualizar o evento narrado pelo Evangelho deste domingo. Em nossos dias, quando a filha da vizinha aparece grávida, fica “mal falada”. Mesmo com o hedonismo “em alta”, os que se sentem “certinhos” julgam e condenam a gravidez fora do casamento, principalmente quando ocorre com meninas jovens (menores de idade) ou por conta de alguma traição. Se é assim entre nós hoje, imaginemos a angústia e o dilema de José, de Maria, suas famílias e parentes... O que terá dito a sociedade de Nazaré? Foi preciso muita confiança, fé madura e gratuidade para acolher o que Deus pedia àquele jovem casal. Não poucas vezes colocamos em dúvida a presença amorosa de Deus em nossas circunstâncias. Nem poucas vezes questionamos ou culpamos Deus por dissabores e eventos incompreensíveis à nossa razão, e que só podem ser acolhidos pela ternura de nosso coração! Talvez este domingo nos sugira um pouco mais de silêncio, a fim de podermos ouvir o que Deus tem a nos pedir, a fim de participarmos do profundo mistério da salvação.

            Sejam todos abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Is 7,10-14; Sl 23(24); Rm 1,1-7 e Mt 1,18-24).

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
 
“Alegrai-vos sempre no Senhor.

De novo eu vos digo: alegrai-vos!

O Senhor está perto” (Fl 4,4s).

 

            “O Senhor não demora! Alegrai-vos! Deus quer renovar conosco sua aliança e nos promete novo vigor. Quer transformar nosso sofrimento e nosso choro em prazer e alegria, fazendo-nos já apreciar um ‘aperitivo’ da realidade nova que desejamos para nós e para o mundo. Por isso, ele mesmo vem para nos erguer de todo tipo de acomodação e desânimo, vem fortalecer as mãos enfraquecidas e os joelhos cansados, vem animar nossa esperança. Daí vem nossa alegria!

            Apesar da pobreza, corrupção, exclusão de tantos, das guerras, o tempo do Advento desperta nossa esperança e nos chama a viver na alegria e na perseverança cotidiana. Qual é nossa esperança?

            João Batista, mesmo preso e prestes a ser martirizado, envia dois discípulos para ouvirem de Jesus os motivos para manter viva a sua esperança: ‘Você é o Messias?’ A resposta são testemunhos da pessoa, das obras, do jeito de ser de Jesus com relação ao povo mais espezinhado e abandonado. Tudo o que ele é e faz consiste em dar a vida. Ele é o Messias que está entre nós. A esperança se cumpriu. O Reino de Deus por ele trazido se destina preferencialmente aos pobres e, através deles, a toda a pessoa. Os gestos de amor ao próximo alimentam a esperança da chegada final do Senhor. [...] João Batista se alegra profundamente por saber que seu anúncio está cumprido; sua profecia se torna realidade; seu martírio não será em vão, porque não foi conivente com a hipocrisia de seu tempo e não temeu ser invejado por Herodes que gostava de ouvi-lo, não obstante João não lhe convinha, pois apontava seus erros. Quantas vezes instauramos em nosso ministério e missão profética a Pastoral da Amizade, correndo o risco de sermos coniventes e abençoarmos as injustiças sociais, simplesmente para garantirmos nosso prestígio e uma falsa segurança de comodidade de vida, e nem por último nossa ostentação material. Não tenhamos medo de perder a cabeça, ou seja, honras, facilitações daqui e dali. Tenhamos a coragem de anunciar o Messias entre nós, mesmo que isso desagrade a quem não vive de acordo com o projeto de seu Reino, que é Justiça [...].

            O amor, a entrega da vida podem ser vistos, apalpados, testemunhados, porque são concretos: fazer ver, andar, ouvir, curar as mãos e joelhos enfermos. Jesus fez as obras do amor sem limite e nos deu a missão de continuar fazendo o mesmo. Hoje nossos gestos de solidariedade diante da fome e da pobreza devem comunicar que o Reino está em nosso meio.

            A esperança nos dá alegria confiante. A esperança fundamenta nossa firmeza permanente e a certeza de que Deus vencerá o mal, que ainda persiste na humanidade. A esperança se manifesta na celebração, expressão comunitária de nossa alegria e confiança.

            A celebração eucarística, em torno das duas mesas da Palavra e do Pão constitui momento privilegiado em que experimentamos a verdadeira alegria, uma feliz antecipação do Reino que esperamos.

            Aclamamos esperançosos o Senhor, paciente, tolerante e misericordioso para conosco. Ele nos acolhe à sua mesa apesar de nossas inúmeras fraquezas e desvios e nos convida continuamente a caminhar com ele para a páscoa, participando com fé autêntica em sua entrega total, em sua oblação pascal.

            A vinda de seu Reino se dá lentamente, o que exige paciência, determinação e nos traz também cansaço. Ao participarmos da mesa do corpo e sangue do Senhor, recebemos, já na antífona de comunhão, a missão de dizer aos que estão desanimados: ‘Coragem, não temais; eis que chega o nosso Deus, Ele mesmo vai salvar-nos’.

            Nunca nos faltará coragem e alegre esperança de atingir a meta final. Sua Palavra nos indica o caminho, como cantamos neste Domingo da Alegria no salmo: fazer justiça aos pobres e oprimidos; erradicar a fome; dar lucidez à consciência dos fracos; colocar de pé os que, pela humilhação e alienação, estão encurvados; proteger e sustentar os pequenos e marginalizados, dando-lhes dignidade; cuidar amorosamente da natureza.

            Isto deve constituir a verdadeira alegria que, brotando da celebração deste Terceiro Domingo do Advento, nos mantém mensageiros da boa nova, preparando os caminhos do Reino, como seguidores daquele que vai à nossa frente” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo do Advento de 2013 da CNBB, pp. 27-32).

            A proposta da Palavra de Deus deste domingo vem de encontro com o lançamento da primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco, no dia 26 de novembro passado: Evangelii Gaudium = A Alegria do Evangelho, que propõe uma ampla reforma na Igreja e até mesmo do Papado. A exortação fala sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. O Papa Francisco propõe “algumas diretrizes que possam encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de ardor e dinamismo”. O Pontífice toma como base a doutrina da Constituição Dogmática Lumen Gentium, e aborda, entre outros pontos, a transformação da Igreja missionária, as tentações dos agentes de pastorais, a preparação da homilia, a “guerra e inveja” entre os padres, o carreirismo clerical, a inclusão social dos pobres e as motivações espirituais para o compromisso missionário. Saibamos beber seja da Palavra seja da Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho, para celebrarmos a verdadeira Alegria neste Gaudete!

            É, também, neste domingo que realizamos a Coleta da Campanha para a Evangelização, que neste ano nos apresenta o tema: “Eu vos anuncio uma grande alegria” (Lc 2,10). Combinamos guardar, ao longo do Advento, pelo menos, 1% de tudo que fôssemos gastar em enfeites, presentes e guloseimas para o Natal. Sejamos, portanto honestos, oferecendo nesta coleta algo a partilha de nossa pobreza, com profunda consciência de que ajudaremos a quem tem menos do que nós, sobretudo na Evangelização de nosso Brasil!

            Sejamos todos muito abençoados e nossa generosidade recompensada pelo Senhor que vem para nos transformar. Com ternura e gratidão, o abraço,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 35,1-6.10; Sl 145(146); Tg 5,7-10 e Mt 11,2-11).

GAUDETE, O DOMINGO DA ALEGRIA


Pe. Gilberto Kasper


 

Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. 

No próximo domingo, o terceiro do Advento é o chamado Gaudete, o Domingo da Alegria! Ao aguardamos a vinda de uma pessoa querida e identificando vários sinais que já confirmam sua chegada, a esperança brilha com maior força e o empenho de preparação para sua vinda se transforma em alegria. É o que experimentamos no terceiro domingo do Advento, chamado de “domingo da alegria”, ou Gaudete. Somos tocados por alegre júbilo pela proximidade da vinda do Senhor: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto” (cf. Fl 4,4-5). Esta será a tônica motivadora de toda a celebração do terceiro Domingo do Advento!

Aquele que esperamos, o Deus fiel que transforma o deserto em jardim, que exerce a justiça a favor dos pobres e oprimidos, se aproxima. E mais ainda, Ele já está entre nós e com ele preparamos o advento do seu Reino. Vida plena e feliz para todos, oprimidos libertados em festa, harmonia e solidariedade entre os povos, natureza preservada, são sonhos de salvação ainda esperados por nós e alimentados pela nossa fé!

Já próximos do Natal, na terceira semana de preparação, é tempo de redobrar nossa esperança e, contentes, irmos ao encontro do Senhor que sempre vem. Nossas velas da coroa do Advento acesas, agora três, em crescente brilho, anunciam a certeza de sua chegada. Cada celebração deve ser um ensaio e uma antecipação do Reino.

Faremos, também, no terceiro domingo do Advento, Gaudete, a coleta da Campanha da Evangelização. Nossa generosidade brota de nosso compromisso de levar, com alegria, a boa nova da salvação a todos (cf. Roteiros Homiléticos do Advento da CNBB, 2013/14, pp. 27-28). Neste ano, a Campanha da Evangelização tem como tema: “Evangelize Já” e o tema: “Eu vos anuncio uma grande alegria” (Lc 2,10).
A Coleta da Campanha da Evangelização é a participação concreta de toda a Igreja, nas despesas que implicam o anúncio do Evangelho de sul a norte de nosso Brasil com dimensões continentais. Por isso não deve ser uma simples esmola, ou uma pequena migalha que nos sobra. Justa seria a Coleta, se cada cristão, ao comprar um presente de Natal, ao orçar as despesas com as guloseimas e ceias de Natal, ao enviar até mesmo seus cartões, partilhasse de sua pobreza em favor dos que têm menos. Imaginemos como seria rica essa coleta, se cada católico oferecesse em favor da Evangelização, pelo menos um por cento de seu décimo terceiro salário. Os demais noventa e nove por cento, ficarão ao dispor de cada um. Os que não recebem tal benefício, também poderão participar, oferecendo a mesma porcentagem de tudo que receberam nestas três primeiras semanas do Advento. Tanto essa Coleta que deverá ser entregue nas Comunidades, que por sua vez a encaminhará à Cúria Metropolitana, como o dízimo mensal que oferecemos para manter nossa Igreja e cuidar com maior zelo dos menos favorecidos, seria muito mais agradável, quando dado de coração alegre e agradecido a Deus, a quem tudo pertence, até mesmo o dom de nossa própria vida!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O SEGREDO DO ADVENTO DE MARIA


Pe. Gilberto Kasper

 

Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. 

No próximo domingo, o segundo do Advento, ao nos prepararmos para reviver o mistério da Salvação em acontecimentos nos quais a graça irrompe com abundância, celebraremos a solenidade da Imaculada Conceição. Instituição mariológica, mas também eclesiológica e escatológica, no sentido de que Maria, plasmada pelo Espírito Santo, antecipa o estado de nova criatura ao qual todos somos chamados.

É uma realidade teológica: o “sim” de Deus à humanidade, na pessoa da jovem israelita Maria, a cheia de graça, que, a seguir, consagra-se com seu “sim”, como digna habitação para a encarnação do Verbo e serva solidária, por excelência, da humanidade a ser salva. Deus, por pura bondade e iniciativa sua, preparando a vinda de seu Filho, “preservou a Virgem Maria de toda mácula do pecado, para que, na plenitude da graça, fosse digna mãe de seu Filho”.

Em 1854, ao ser proclamada pelo Papa Pio IX Imaculada, liberada dos estragos do pecado desde sua concepção, Maria nos é apresentada como a primeira redimida pela Páscoa de Cristo. Portanto, é uma festa da Igreja que envolve a humanidade no dom gratuito que Deus faz a Maria, abençoando-nos a todos. Nela foi dado o início de uma Igreja, “sem mancha e sem rugas” (Ef 5,27), resplandecente de beleza e santidade, revestida “de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias”.

Acendendo a segunda vela da coroa do Advento, contemplamos, na Imaculada, o brilho de sua vida doada como fiel serva do Senhor, a serviço da humanidade e de todas as pessoas e povos que cultivam relações humanas e sociais justas e igualitárias.

Somos convidados a receber O Segredo do Advento de Maria. Que segredo é este? Acolher o Senhor que vem, abrindo-nos humildemente à sua ação e vivendo com todo o empenho de nossa vida de fé, aquilo que por graça, recebemos (cf. Roteiros Homiléticos do Advento da CNBB 2013/14, pp.22-23).

A Festa da Imaculada Conceição de Maria, celebrada no Segundo Domingo do Advento é um insistente convite a mergulharmos aos porões de nossa intimidade e, através do Sacramento da Reconciliação, jogar fora tudo o que cheira a pecado. Aproveitemos os Mutirões de Confissões que reúne nas diversas Comunidades grande número de Sacerdotes, para buscarmos o perdão, e assim, a exemplo do Seio de Maria, sentirmo-nos leves e livres de qualquer mofo, entulho ou remorsos que nos tiraram a paz. Só com o coração e a consciência em paz, é que seremos capazes de viver um Natal verdadeiro, já que se trata do aniversário do Príncipe da Paz!

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO


IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Eis aqui a serva do Senhor;

faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38).

 

            “A Sagrada Escritura nos apresenta Maria como a crente por excelência, o modelo de nossa fé. A festa de Maria Imaculada nos traz alegria, apelo à presença total a Deus, disponibilidade, acolhida do desígnio de Deus sobre nossas vidas e sobre o mundo todo. A isenção do pecado em Maria depende da soberana vontade de Deus em sua criação. A tendência ao mal não pode ser aceita como um determinismo absoluto ao nosso gênero humano. Através de Maria Imaculada, podemos crer que a fidelidade à Aliança com Deus é possível. Maria é transparente à vontade de Deus. Nunca foi infiel ao Senhor. A salvação não é somente resgate dos pecadores, mas comunicação permanente da suprema bondade de Deus ao coração de suas criaturas. É possível viver em pureza plena, se, como Maria, respondermos sempre sim à iniciativa de Deus.

            No evangelho deste Segundo Domingo do Advento, Maria não pede sinais, como Zacarias havia feito, mas se entrega em confiança plena na vontade de Deus. A vontade de Deus passa a ser sua vontade encarnada em sua fé e no seu corpo. Assim poderá ser em nossa vida?

            O dom anunciado pelo anjo a Maria faz parte de sua história pessoal, mas é também evento salvador que ocorre na história, na plenitude dos tempos, para toda a humanidade. É a síntese da força do Espírito Santo e da fraqueza e pequenez de Maria. Seu filho é Filho do Altíssimo. Cumpre-se nela e na história o projeto salvador de Deus. Esse filho anunciado, aceito e amado olhará para as mulheres de maneira nova, defenderá sua dignidade e as acolherá entre seus discípulos.

            A Boa Nova deste domingo é ‘alegra-te’! Essa é a primeira palavra de Deus para todas as suas criaturas e para nós também. Alegria que nasce de dentro de quem enfrenta a vida com convicção e sabe que ‘Ele está no meio de nós’. Neste tempo cheio de incertezas, escuridões, problemas e dificuldades não podemos perder a alegria e a coragem. Em tantos apelos para nos desviar do caminho de Deus, permaneçamos, como Maria, fiéis ao projeto do Reinado de Deus.

            A celebração atualiza, na assembléia reunida, a força que preservou Maria do pecado. Nela o mal foi definitivamente vencido. Ela se torna o primeiro sinal do Reino e dele nos indica o caminho” (cf. Roteiros Homiléticos do Advento de 2013 da CNBB, pp. 24-25).

            Todo cristão é convidado, a exemplo de Maria, engravidar de Jesus e levar essa gravidez mundo afora, como discípulos e missionários. Dizer sempre “Sim” ao projeto de Deus, renovando a cada dia nossa fidelidade, faz-nos candidatos a sermos, como Maria, seres divinizados, devolvendo ao mundo tão hostilizado, consumista, egoísta, hedonista e individualista, nova esperança, novo sentido e perspectivas de vida humana com sabor divino.

            Saibamos acolher a ternura de Deus por nós, revelado pela fidelidade de Maria Imaculada, tornando-nos, como ela, um verdadeiro “porta-jóias de Jesus”! Sejam todos muito abençoados hoje e sempre!

            Com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Gn 3,9-15.20; Sl 97(98); Ef 1,3-6.11-12 e Lc 1,26-38).