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terça-feira, 31 de julho de 2012

AGOSTO – MÊS VOCACIONAL

            O mês de Agosto, no Brasil, por excelência, é o Mês Vocacional. Todo cristão é vocacionado ao amor! Pelo batismo todos participam do sacerdócio real e profético de Jesus Cristo. Os cristãos são convidados a serem discípulos e missionários do Senhor: são sacerdotes e sacerdotisas enquanto vivem os compromissos batismais, sendo no mundo a Igreja do Ir!

            Mas o Mês Vocacional se debruça sobre algumas vocações específicas na Igreja. Durante as quatro semanas, retoma e aprofunda, promove e reatualiza quatro grandes vocações, chamadas de específicas! O primeiro domingo é dedicado ao ministério ordenado. Rezamos e promovemos a Vocação ao Sacerdócio Ordenado. Toda a Igreja tem a responsabilidade de rezar pelas Vocações Sacerdotais, a fim de que nunca faltem Padres bons, dedicados e santos a serviço da santificação das Comunidades de Fé.

            O segundo domingo, dedicado ao Pais, retoma a vocação à paternidade e à maternidade. É, também, o início da Semana da Família, que em nossa Arquidiocese ocupa uma das prioridades do Plano de Pastoral. Os pais são os primeiros responsáveis para que os filhos tenham existência digna e feliz.

            O terceiro domingo do mês vocacional ocupa-se com a vocação à Vida Consagrada, rezando pelos Religiosos e Religiosas, imensa riqueza na evangelização da Igreja. São homens e mulheres que se consagram totalmente ao serviço do Reino de Deus, abrindo mão de constituir Família própria.

            Já o quarto domingo de agosto, agradece a vocação dos Catequistas e das Catequistas, bem como dos demais Ministérios Leigos que enriquecem a Igreja de Cristo presente num mundo sedento de Deus e de valores verdadeiros e essenciais à realização da humanidade.
            Possamos celebrar com esperança o mês vocacional, neste ano, temperado com a preparação para a XIIIª Jornada Mundial da Juventude, prevista para 2013 no Rio de Janeiro, que acolherá nosso amado Papa Bento XVI. Nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto tem ainda outro grande motivo de gratidão: a Ordenação Presbiteral de dois novos Padres, no dia 5 de agosto, às 15 horas, na Igreja Abacial de Santo Antônio de Pádua, nos Campos Elíseos. Serão ordenados “Sacerdotes para sempre” os Diáconos Carlos Eduardo Tibério e Leandro Donizete Ramos, que escolheram como lema: “Mestre, em resposta à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5). Sintam o carinho de nossa acolhida no Presbitério e em nossa Igreja particular mais estes dois irmãos no sacerdócio, chamados à generosa resposta à Vocação Específica!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

HOMILIA PARA O DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            “Interrompendo a sequência do Evangelho de Marcos, a liturgia nos propõe, nos próximos cinco domingos, o capítulo 6 de João: a multiplicação dos pães e o discurso sobre o Pão da Vida.

            A multiplicação dos pães concentra um simbolismo muito forte, revolucionário, e caracteriza sobremaneira a identidade dos cristãos. Não é apenas uma imagem da Eucaristia, mas revela a intimidade do Reino anunciado e aponta para o banquete messiânico, no final dos tempos, quando todos serão saciados e a morte, vencida.

            Este é o verdadeiro sentido da missão de Jesus, que sente as necessidades do povo e o alimenta com a Palavra e o pão partilhado. O pão é abençoado porque é um presente e alimento de Deus para todos os viventes. Repartir o pão com os pobres significa entrar e viver na dinâmica do Reino. Repartir o pão é participar na comunhão do corpo e sangue do Senhor, entregues para a vida do mundo. É o segredo maior do Reino, por isso nada pode ser perdido, mas recolhido e sempre multiplicado. [...]

            Nossa macro-região de Ribeirão Preto tem um dos lixos mais luxuosos do Brasil. Lixo luxuoso é o alimento manufaturado que sobra nos pratos, nas panelas e é jogado fora. Nos alimentamos mal, comemos demais, depois gastamos com Academias e Regimes Alimentares. A Obesidade, segundo o querido Nutrólogo, Dr. José Eduardo Dutra de Oliveira, é uma questão muito séria, quase que epidêmica em nosso País. Enquanto nos “fartamos”, cerca de um bilhão de pessoas passam fome todos os dias no mundo. Desses, nada menos que 40 milhões são nossos irmãos brasileiros. Não são sempre os mesmos que passam fome. Os que chegam antes aos lixões comem daquilo que jogamos fora. [...]

            O memorial da páscoa do Senhor implica nessa memória da partilha e na profunda solidariedade com todos os que passam fome e são rejeitados e expatriados.

            Celebrar a Eucaristia no contexto da multiplicação dos pães é contestar o sistema de acumulação que domina o mundo e coloca milhões na miséria.

            Jesus saciou pessoas que tinham fome e se revelou o pão da vida eterna, levando em conta a situação concreta e real do dia a dia. O pão, a comida que Ele oferece não é só símbolo do pão sobrenatural. Nos desígnios do Pai, não é possível revelar o pão da vida eterna sem solidarizar-se com as realidades humanas. O amor aos pobres, como o amor aos inimigos, é um teste e um testemunho por excelência da nossa caridade e doação. Reconhecer aos pobres o direito de receber o pão da vida significa engajar-se de corpo e alma nas exigências do amor, e, para o cristão, fazer acontecer uma ‘nova multiplicação dos pães.

            Se o povo passa fome não é tanto pela pobreza em si, mas pelo fechamento de quem não se importa com os demais. A partilha marcou profundamente as primeiras comunidades cristãs. Ao partir o pão, descobre-se a presença nova do Ressuscitado!

            A salvação trazida por Jesus atinge nossa vida em todas as suas necessidades, em sua totalidade, e não deixa ninguém com fome. Por isso, a atuação e responsabilidade com as questões sociais, econômicas e políticas são sinais da salvação que Deus quer realizar, hoje, através de nós. [...] Estando em ano eleitoral, é preciso formar consciência política, a fim de que elejamos homens e mulheres capazes de promover a solidariedade, a dignidade acima de interesses partidários e projetos pessoais, que tantas vezes nos envergonham. Sejam eleitas pessoas realmente comprometidas com o Bem Comum e não as que vendem suas consciências e valores que herdaram desde seus berços, porque seus partidos dominadores oprimem e sufocam a cidadania, disfarçada com meras e mesquinhas esmolas. Como uma cidade do porte de Ribeirão Preto pode suportar tantos bolsões de miséria, onde crianças passam fome e morrem precocemente por falta de sanidades básicas? Sabemos que para muitos convém continuar “favelados”, porque não faltam os que alimentam suas falsas esperanças de que um dia as coisas haverão de melhorar. Nosso povo precisa ser educado como cidadãos de oportunidades e não de migalhas. Migalhas, jogamos às galinhas e não aos nossos pobrezinhos, sem perspectivas de vida mais digna e humana. [...]

            Ao multiplicar os pães, Jesus nos oferece critérios evangélicos fundamentais para vivermos a fraternidade, a partilha e a solidariedade. É repartindo, sendo solidários, que realizaremos o projeto de Jesus, banquetes de fartura e de alegria entre irmãos que se amam. O dinheiro, a terra, os bens ou servem para criar a fraternidade ou acabam dividindo e matando as pessoas.

            Jesus ensina que a dinâmica do Reino é a arte de repartir. Somente o dinheiro do mundo não seria suficiente para comprar alimento necessário para os que estão passando fome... O problema não se soluciona comprando, mas repartindo.

            A dinâmica do mundo capitalista é o dinheiro. A filosofia é que, sem dinheiro, nada se pode fazer. Tudo é convertido em moeda. No mundo capitalista, não há espaço para a gratuidade. Tudo tem seu preço! Esquecemos, contudo, de que a vida nos é dada por pura gratuidade de Deus. [...]

            O capitalismo selvagem sobrevive à custa dos miseráveis. São os pobres que alimentam tal sistema, que joga “migalhas de bolsas daqui e dali: Bolsa Família, Bolsa Escola, Esmolas nos portões de nossas residências e nas portas de nossos templos”! É mais fácil dar esmola e ver-se livre do pobre, largando-o à própria sorte, do que comprometer-se com uma verdadeira compaixão que o promova em sua verdadeira dignidade! [...]

            ‘Jesus nos convida ao banquete eucarístico para nutrir nossa fé e fortalecer-nos no amor mútuo. Ele vê as necessidades do povo faminto e, por nossas mãos, quer lhe proporcionar o sustento na caminhada. A eucaristia questiona a falta de alimento em muitas famílias e nos revela que o pão, bênção de Deus, se multiplica à medida que é partilhado.

            Fruto do trabalho humano e da bênção divina, o pão deve ser partilhado para saciar o povo faminto. A palavra de Deus nos chama a acolher-nos uns aos outros no amor e solidarizar-nos com o necessitado.

            Partilhar os bens da criação é característica fundamental da Igreja. Trabalhar pela unidade de todos é outra característica importante sua. Este é o modo desejado por Jesus: uma sociedade sem famintos.

            Na comunhão, Jesus se oferece a todos indistintamente. Ele é o pão que alimenta aqueles que têm fome de seu amor. Por ele, com ele e nele doamos a vida para que todos tenham dignidade’ (cf. Liturgia Diária de Julho de 2012 da Paulus, pp. 85-87).

            Necessitados de força e de sentido para a vida, participamos da ceia do Senhor, onde se realiza entre nós a multiplicação dos pães.

            Jesus, o Pão da Vida sacia nossa fome com a Palavra que nos revela o sentido da vida, sacia nossa fome com a ceia eucarística, sacramento da salvação, sinal e antecipação do banquete sem fim a que somos destinados e convocados.

            Ele nos convida a termos compaixão das multidões famintas. Precisamos abrir as mãos e o coração para a partilha e a solidariedade, a fim de vencermos a fome e a miséria do mundo.

            A Eucaristia é o pão que sacia e plenifica o sonho de paz e fraternidade. É o alimento para conservar a vida. É o pão que nos dá forças para superar as atribuições que existem e atormentam a vida. É segurança de que Deus nos ama e a certeza da ressurreição. É Deus-conosco e no meio dos pobres neste mundo” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 78-83).

            Não poucas vezes nosso lugar à mesa començal da Eucaristia fica vazio. Faltamos com muita facilidade do grande banquete eucarístico, trocando-o por prazeres perecíveis e que nos enfraquecem interiormente. Quem não se alimenta fica anêmico. A alma do mundo anda anêmica, porque vazia do alimento que a sustenta viva, esperançosa e dinâmica na erradicação da fome espiritual, física, material e moral. Por outro lado: como podemos sentar à mesa e alimentar-nos sabendo de milhões de irmãos nossos passando necessidades básicas? Seja a Eucaristia um alimento que nos robusteça na esperança de que poderemos mudar este quadro caótico de fome e de falta de dignidade! Saiamos de nossas celebrações, como Sacrários,Tabernáculos e Porta-Jóias de Jesus Eucarístico. Só assim seremos capazes de alimentar as demais “fomes” que machucam milhões de irmãos nossos, colocados à margem e, quem sabe aguardando, pelo menos alguma migalha, que lhes sobre de tudo aquilo que de graça recebemos e nem sempre partilhamos.

            Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler 2 Rs 4,42-44; Sl 144(145); Ef 4,1-6 e Jo 6,1-15)

terça-feira, 24 de julho de 2012

São Cristóvão


Viveu em 251 DC e é o patrono dos viajantes e é um dos "Quatorze Santos Ajudantes" que apareceram para Santa Joana D’Arc. Um mártir, São Cristóvão chamado Kester morreu em Lycia ,na Ásia Menor (atualmente Turquia). Diz a tradição que ele era um homem muito forte que ajudava as pessoas a cruzarem o rio. Um dia um menino pediu para ajuda-lo e São Cristóvão colocou-o nos ombros e começou a atravessar o rio. A cada passo a criança ficava mais pesada e São Cristóvão se esforçava ao máximo para salvar o menino. São Cristovão disse a criança que estava muito difícil e que parecia estar carregando o mundo! E a criança respondeu:" Não fique surpreso! Você está carregando o mundo, voce carrega o criador do mundo nos ombros! O menino era Jesus!

Por isso São Cristovão é invocado por todos antes de fazerem uma jornada. Raramente se vê um taxi ou ônibus sem a medalhinha de São Cristovão em alguns lugar do painel.

Christopher significa "carregador de Cristo". (Christo-phoros).
As sua relíquias estão em Roma e Paris. Ele é invocado contra acidentes.
Em algumas cidades é costume os motoristas levarem seus veículos para serem bentos no dia 25 de julho na igreja de São Cristóvão.
Existe uma tradição antiga, que diz que quem olhasse a imagem de São Cristovão, passaria aquele dia sem qualquer dano. Daí a grande quantidade de imagens e pinturas de São Cristovão nas Igrejas, lojas e residências.
Sua festa é celebrada no dia 25 de julho.

A existência de um mártir chamado São Cristóvão não pode ser negada visto ter sido suficientemente provada pelo jesuíta Nicholas Serarius em seu tratado sobre "Ladainhas" "Litenutici" (Cologne 1609) e por Molanus em sua historia de pinturas sagradas "De Picturis et imaginibus sacris"(Louvain 1570). Existe uma pequena igreja dedicada ao mártir São Cristóvão onde o corpo de São Remigius de Reims foi enterrado 532(Acta SS,1 Outubro 161).
O Papa São Gregório, o magno; grande estudioso dos santos, refere-se a um monastério à São Cristóvão (Eppx 33). O Breviário e o Missal Mozarábico, revisado e indicado por São Isidoro de Sevilha, contem um ofício especial em honra de São Cristovão. Em 1386 uma irmandade foi fundada sob o patrocínio de São Cristóvão no Tirol, Vorarlberg para guiar os viajantes em Arlberg. Em 1517 a Sociedade de São Cristóvão foi fundada em Caryntia, Styria na Saxônia e em Munique.
Grande veneração popular ao santo é encontrada em Veneza e as margens do Danúbio, Reno e outros rios onde as enchentes causam freqüentes danos. Moedas com a sua imagem são cunhados em Wurzburg, em Wurtemberg e na Bohemia. Estátuas do santo são colocadas na entrada das igrejas, das pontes, túneis e sua medalha é encontrada nos veículos em geral.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Homilia para o Décimo Sexto Domingo Comum do Ano Litúrgico de 2012

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            “Cristo deixou pastores instituídos para continuarem a guiar o seu povo, quer por prados e campinas verdejante, quer por vales tenebrosos. Eles são chaves indispensáveis à vida e à missão da Igreja. A preparação e o cuidado desses pastores se faz cada dia mais exigente e de responsabilidade de todos.

            Existem tantos pobres e famintos, abandonados e sem carinho. A comunidade eclesial, que celebra o pastoreio de Jesus Cristo, não pode cruzar os braços nem fechar os olhos diante da situação de tantos e tantos sofredores, ovelhas sem pastor.

            Pastor ou Pastora é quem tem responsabilidade pelo bem de outras pessoas. A atitude de Jesus nos lembra de que esta é a forma de ser de Deus, e também deve caracterizar a comunidade cristã.

            No seguimento de Jesus, somos ovelhas e pastores, convocados a viver a ‘compaixão/sentir com’ os pobres, a ser ‘pastores amorosos’ responsáveis pela sorte, pela vida, pela paz, pela felicidade dos irmãos e irmãs.

            Jesus traz a paz a todos sem exceção, porque vem da parte de Deus, e, nele, nós somos filhos de Deus. A divisão entre judeus e pagãos, crentes e não crentes, brancos e negros, homem e mulher ou qualquer outra oposição não pode ser aceita por nós. Não tem lugar na comunidade eclesial. A comunidade é chamada a exercer o pastoreio de Jesus, ajudada e animada pelos pastores convocados e instituídos.

            O convite de Jesus para ir a um lugar tranquilo e descansar um pouco não é detalhe que destoa no Evangelho. Criemos em nossas comunidades espaços para o descanso, o lazer, a convivência prazerosa. A vida cristã não se reduz a preceitos, pecados, orações, devoções, abstinências, jejuns, esmolas... mas proporciona também experiências fraternas na gratuidade, no aconchego, no convívio alegre e fraterno.

            Jesus Cristo é a misericórdia de Deus que nos acompanha ao longo da vida e nos conduz à casa do Pai, para aí habitarmos eternamente.

            Como  rebanho, encontramo-nos  no regaço de nosso Pastor para refazer as forças e ouvir sua Palavra. A celebração nos afasta da correria da missão e dos afazeres da vida, para permanecermos na intimidade do Senhor, experimentarmos o seu carinho e a sua gratuidade, e prosseguirmos mais animados em nossa caminhada pascal. Somos tocados pelo seu olhar compassivo. Sua presença amorosa se faz sentir na comunidade de irmãos que juntos celebram o sacramento de sua Palavra, que ecoa do meio dos acontecimentos, da homilia, dos cantos e do silêncio. E, num diálogo de aliança e compromisso, respondemos, professando nossa fé e suplicando, desejosos que seu Reino venha logo.

            Mas é no rito eucarístico que vivemos a plena comunhão da aliança com o Senhor. Agradecidos, oferecemos com Ele nossa vida ao Pai que nos brinda com a ceia, sacramento da entrega de seu Filho na cruz.

            Na comunhão de sua aliança, deixamo-nos tomar de compaixão pela multidão faminta, sofrida e desesperançada ao nosso redor. Pela força do Espírito, como bons pastores, assumimos doar nossa vida para que o mundo tenha vida e alegria.

            ‘O coração compassivo de Jesus acolhe a todos os que se aproximam dele e nunca decepciona ninguém [...] Só Deus não decepciona. Nós nos decepcionamos constantemente, por conta de nossos limites. Mas se deixarmos Jesus assumir nossas fraquezas, Ele nos ajudará a melhorarmos em nossa missão. É preciso configurar-nos com Jesus, o Bom Pastor, vivendo como Ele vive em nossas relações pessoais, comunitárias, eclesiais, políticas e sociais. [...]

            O Senhor é o verdadeiro Pastor que conduz por caminhos retos e cheios de compaixão. As lideranças e toda a comunidade são convidadas a orientar sua prática por Jesus, que faz cessar as divisões e leva todos ao Pai.

            O profeta Jeremias faz severa crítica aos responsáveis pelo povo que não cumprem seu dever [...] Aqui são contemplados os ministros ordenados e instituídos, os agentes de pastoral e coordenadores de nossos movimentos eclesiais, nossos políticos (conheçamos bem os candidatos para as próximas eleições, principalmente os que pretendem depois de inúmeras vezes reelegerem-se ao Legislativo). [...] A compaixão e a ternura de Jesus, pastor messiânico, diferenciam-se nos dos outros pastores. Deus não exclui nenhum povo, ele quer que todos sejam ‘povo de Deus’. A mesa da eucaristia nos alimenta e restaura nossas forças para sermos bons anunciadores do reino’ (cf. Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2012, pp. 69-71).

            Como bom pastor, Jesus se compadece dos pobres, dos famintos, dos desempregados e abandonados à própria sorte. Solidariza-se com os nossos sofrimentos. Guia-nos, fortalece-nos e defende nossa vida em meio aos reveses e sobressaltos do dia a dia” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 71-77).

            O convite da Palavra deste Domingo para cada um, mergulhado em sua vocação, missão e responsabilidade, é de uma vez por todas configurar-nos com Jesus Cristo, o Bom Pastor! Isso só será possível se nos despirmos de nossa arrogância, prepotência, ganância, de nosso carreirismo, busca de prestígio e poder: o querer ser sempre melhor que os outros. Também precisaremos esforçar-nos para superar entre nós, pastores e ovelhas, a inveja, a competitividade, o individualismo e a indiferença com nossos semelhantes. Quantas situações conhecemos, em que nos alegramos com os aparentes fracassos de nossos irmãos, até mesmo no ministério? Falamos em fraternidade sacerdotal, porém mal nos cumprimentamos, e quando possível falamos mal de nossos próprios irmãos, escondendo nossos defeitos atrás dos deles. Coisa feia!... É interessante que não confiamos uns nos outros. Antes, corremos uns dos outros, julgamos mal com mais rapidez do que oferecemos nossa ajuda. A falta de fraternidade presbiteral e comunitária; a concorrência entre uma Comunidade e outra, são contratestemunhos que espantam muitos fiéis de nossas Igrejas. Tais situações escandalizam os menos evangelizados e nos garante como prêmio eterno uma pedra de moinho ao pescoço e fundo do mar. Mas nem tudo está perdido. Ainda há tempo de conversão. Eis nossa sorte: Jesus Cristo, o Bom Pastor perdoa sempre. Permite que recomecemos a cada dia novamente. Mas é preciso querer viver a ternura que Jesus vive por cada um que procura esforçar-se para  ser configurado com Ele. Oxalá, nossa Igreja passe por uma profunda conversão e seja reconhecida, porque acolhedora viva a verdadeira Teologia Pastoral da Ternura!

            Sejam todos abundantemente abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo e fiel.
            Padre Gilberto Kasper

(Ler Jr 23,1-6; Sl 22(23); Ef 2,13-18 e Mc 6,30-34)

terça-feira, 17 de julho de 2012

O SILÊNCIO DE DOM JOVIANO ECOANDO SUA TERNURA PELO REINO - CONTINUAÇÃO


Aparentemente desligado, Dom Joviano viveu seu ministério episcopal entre nós, mais do que se possa imaginar, “antenado”. Levou, armazenado em seu coração inchado de bondade e serenidade, segredos insondáveis e a vida de cada um que lhe foi confiado, ao colo misericordioso do Pai, no dia 21 de Junho, Memória de São Luís Gonzaga, dia dedicado à Eucaristia, logo ele, amante da Liturgia.  Quis Deus acolhê-lo naquele horário em que o próprio Cristo fez igual experiência, percorrendo pela “irmã morte”, deixando que seu nome ecoasse na eternidade! Bem podemos imaginar a alegria da Corte Celeste abrindo espaço para um homem simples, descomplicado, prático e embora de poucas palavras, contundente e justo. Um homem de visão ampla, capaz de adentrar a intimidade de cada pessoa que amou a seu modo, transpirando delicadeza, respeito pelo diferente e amando profundamente nossa Igreja.

            Zelava pela humildade e abominava a busca de prestígio. Dispensava elogios e era objetivamente, por tudo, sempre agradecido. Convidava a quem quisesse ser com ele missionário e discípulo do SIM – Ser Igreja em Missão, sem, entretanto, impor ou cobrar àqueles que se sentiam dispensados desse ou dos demais projetos de seu pastoreio. Sabia ser presente, mesmo que fisicamente ausente, por conta de sua dor e enfermidade, porque se fazia oferenda viva que só poderia santificar e promover comunhão, mesmo que invisível, mas profundamente sensível a quem teve a oportunidade de passar algum momentinho junto dele.

            Não poucas vezes deixou escapar sua Ternura pelo Reino confiando-nos tarefas aparentemente simples, porém desafiadoras, as quais nos realizam em nosso ministério e pelas quais seremos sempre profundamente agradecidos, porque nos fazem feliz como pessoa, presbítero, professor e jornalista. Pediu-nos que transformássemos a Santo Antoninho num Espaço Cultural de Espiritualidade, onde as pessoas possam encontrar-se com Cristo na Liturgia bem celebrada, num Ambiente de Formação com Atendimento Espiritual Acolhedor. Dignou-se a celebrar conosco e sempre que passava pela Avenida Saudade, pedia para parar e olhando para nossa Reitoria repetia compassivo: “Eu não teria a paciência e perseverança para as reformas necessárias a este tão rico espaço que nos foi doado. Sempre que algum Padre me pede algum trabalho, peço que venha perguntar ao Padre Gilberto, como se faz, para estar sempre tão ocupado...”. Fez questão de conferir a implantação da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), celebrando com as queridas Missionárias Liderene, Carmela e Stela, assessoras do Santuário Nossa Senhora do Rosário, que prepararam nossas Agentes da PPI na Santo Antoninho.  Ao provisionar as Ministras Extraordinárias da Sagrada Comunhão, Dom Joviano nos disse que nunca deixássemos de acompanhá-las, porque a visita aos Enfermos santifica o nosso Ministério. Ao consultá-lo se deveríamos aceitar o convite para sermos Conselheiro Espiritual da Equipe Nossa Senhora da Esperança, respondeu-nos que ele sempre que pode, acompanhou alguma Equipe de Nossa Senhora. Disse-nos que as Equipes de nossa Senhora sempre edificam e enriquecem a vida do Padre.  Na véspera da festa de Santo Antonio, ao visitá-lo em seu leito hospitalar, disse-nos: “Lembrei-me de você nesta manhã em minhas orações. Já espera mais de quatro anos pela aprovação das obras, e amanhã celebrará mais uma Festa de Santo Antônio sem banheiros...” Antes de despedir-nos, pediu que lhe concedêssemos uma bênção forte contra a dor. Ao saber que enviara um cesto de pães bentos na Missa de Santo Antoninho ao Palácio, fez questão de agradecer por telefone desde o Hospital. Era estampada sua expectativa por ver nossa Igrejinha restaurada e um “primor” de espaço a serviço da acolhida. Oxalá interceda por nosso projeto desde a eternidade, já que agora está na companhia de Santo Antoninho.

            Confiou-nos a Assistência Eclesiástica do Centro do Professorado Católico da Arquidiocese de Ribeirão Preto, pedindo que não medíssemos esforços para oferecer formação e permanente assistência espiritual aos Professores Católicos ou não, levando para eles nosso Estudo Bíblico que denominou a “pupila dos olhos da Santo Antoninho”.

            Encorajou-nos e posteriormente parabenizou-nos por assumirmos o Curso de Bacharel em Teologia na Faculdade Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP. Animou-nos a formar um grande laboratório teológico para o Diálogo Inter-Religioso. Disse ser excelente nosso Projeto Pedagógico!

            Finalmente, escreveu-nos um último email: “Caríssimo Pe. Gilberto! Agradeço as orações por mim. É uma alegria tê-lo como amigo e irmão. Deus o abençoe sempre. Abraços! + Joviano”. Mais do que antes, sentimo-nos robustecidos em nosso ministério e animados a viver O Silêncio de Dom Joviano ecoando sua Ternura pelo Reino!”.
Padre Gilberto Kasper

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Homilia para o Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum de 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            “A Palavra de Deus do Décimo Quinto Domingo Comum do Ano Litúrgico de 2012 indica que o seguimento acontece no cotidiano: no trabalho comunitário, realizado em mutirão, no desprendimento e na disponibilidade. O anúncio alegre da Boa Nova deve envolver toda a pessoa, não como simples funcionário, mas como profeta, em meio a tantos conflitos e situações de injustiça e exploração do povo simples.

            Fomos chamados para uma missão que não escolhemos, mas fomos escolhidos antes da criação do mundo para sermos enviados como servidores do povo. Escolha é graça e, por outro lado, traz exigências, como a recusa de privilégio social e econômico; um desprendimento pessoal.

            A vivência religiosa tem consequência social, política e econômica. Esta foi a postura de Jesus. O Evangelho que propõe leva-nos a fazer política. Não uma política segundo os interesses do ‘rei’ ou dos poderosos, mas conforme o espírito do Evangelho, segundo o interesse do amor, da fraternidade, da justiça e da opção pelos pobres.

            Fomos marcados por Cristo e com o Espírito Santo, para uma ação transformadora. O compromisso é fazer com que a situação de injustiça se converte numa sociedade de irmãos. Jesus sempre chamou à conversão que implica na modificação integral de nossa maneira de viver e agir.

            No Evangelho de Marcos, como caminho de iniciação cristã, descobrimos, passo a passo, quem é Jesus e como ser seu amigo, parceiro e discípulo. Como apóstolos, somos convocados, batizados e iluminados, para sermos enviados. O convite de Deus sempre implica num envio. Somos cristãos não para enfeitar a Igreja, nem para granjear honrarias, mas para a missão e o compromisso.

            O desafio é desempenhar a missão no modo de Jesus e na pedagogia dele, que veio curar e consolar. Destruir tudo o que oprime, escraviza, rebaixa e exclui as pessoas. Abrir-se para todas as possibilidades de vida feliz e abundante para todos.

            O Senhor nos fortalece e nos ajuda a recuperar a alegria e o entusiasmo de nossa consagração a serviço do Reino. Nos desígnios do Pai, fomos feitos seus e herdeiros desse Reino. Os filhos e herdeiros têm o direito e a responsabilidade de serem os continuares e amigos do projeto divino (cf. Roteiros Homiléticos n. 22 da CNBB, pp. 64-70).

            A exemplo dos primeiros apóstolos, somos chamados a estar com Jesus. A convivência com ele renova nossa alegria e nos fortalece na missão de pregar a conversão e combater todas as formas de mal presentes no mundo.

            As leituras deste domingo nos mostram obstáculos que a mensagem de salvação pode encontrar. Mas também nos fazem ver que nada deve impedir a Igreja de louvar a Deus e obedecer ao mandato de Jesus.

            Ninguém se faz profeta; Deus é que chama a pessoa para ser profeta e missionário e a prepara para isso. Deus nos chamou para a santidade e a unidade com Cristo. Jesus chama e envia seus discípulos, dando-lhes instruções para a missão” (cf. Liturgia Diária de Julho de 2012 da Paulus, pp. 53-55).

            Podemos repetir neste domingo que a Igreja de Jesus é essencialmente missionária, discípula e ministerial! A Comunidade toda é chamada a ser uma verdadeira Igreja do Ir ao Encontro das pessoas todas, especialmente das mais simples, pobres e marginalizadas. Corremos, frequentemente, o risco de acolher as pessoas que nos convém. Não raras vezes somos demasiado exigentes com nossos Agentes de Pastoral e aquelas pessoas que frequentam nossas celebrações e nos ajudam em nossas atividades pastorais. Repreendemos quem veio, quando deveríamos deixar o “rebanho reunido”, indo ao encontro e à procura de quem não veio, a exemplo do Bom Pastor, que resgata a ovelha perdida. Ao lado disso, preocupa-nos o acentuado triunfalismo, o espetaculoso e o abuso do “poder da estola” sobre nossos fiéis. Precisamos superar a acepção e a discriminação das pessoas que buscam, nos ministros ordenados e nos agentes de pastoral, maior coerência entre o que pregam e vivem. Não podemos deixar de nos perguntar sempre: O que Jesus diria? Como Jesus agiria? Qual seria a atitude de Jesus? Só assim, em nossa missão de verdadeiros discípulos, em nossas Comunidades de Fé: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus”. Só assim todos que virem nosso ministério bem vivido e alimentado pela humildade, reconhecerão que somos de Jesus!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Padre Gilberto Kasper

(Ler Am 7,12-15; Sl 84(85); Ef 1,3-14 e Mc 6,7-13)

terça-feira, 10 de julho de 2012

A Religião em nosso País – Pesquisa Censo 2010

De acordo com o Censo, os resultados divulgados semana passada, mostram que a população evangélica no Brasil evoluiu de 15,4% para 22,2% dos brasileiros, (crescimento de 6,8% em 10 anos); representando 42,3 milhões de pessoas (segunda religião com o maior número de adeptos no país). O catolicismo é atualmente a religião predominante no país (cerca de 123 milhões de pessoas ou 64,6% da população brasileira; até 2000 eram 73,6%). O Brasil é considerado o maior país do mundo em números de católicos nominais.

De acordo com o IBGE, o aumento no número de evangélicos é proporcional ao crescente declínio da religião católica, que perdeu 9,4% de fiéis em relação ao Censo do ano de 1991.
Ainda conforme o Censo de 2010, a população espírita é de 3,8 milhões, e as pessoas que se declararam sem religião representam aproximadamente 15 milhões de pessoas.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Silência de Dom Joviano Ecoando sua Ternura pelo Reino


Aparentemente desligado, Dom Joviano viveu seu ministério episcopal entre nós, mais do que se possa imaginar, “antenado”. Levou, armazenado em seu coração inchado de bondade e serenidade, segredos insondáveis e a vida de cada um que lhe foi confiado, ao colo misericordioso do Pai, no dia 21 de Junho, Memória de São Luís Gonzaga, dia dedicado à Eucaristia, logo ele, amante da Liturgia.  Quis Deus acolhê-lo naquele horário em que o próprio Cristo fez igual experiência, percorrendo pela “irmã morte”, deixando que seu nome ecoasse na eternidade! Bem podemos imaginar a alegria da Corte Celeste abrindo espaço para um homem simples, descomplicado, prático e embora de poucas palavras, contundente e justo. Um homem de visão ampla, capaz de adentrar a intimidade de cada pessoa que amou a seu modo, transpirando delicadeza, respeito pelo diferente e amando profundamente nossa Igreja.

            Zelava pela humildade e abominava a busca de prestígio. Dispensava elogios e era objetivamente, por tudo, sempre agradecido. Convidava a quem quisesse ser com ele missionário e discípulo do SIM – Ser Igreja em Missão, sem, entretanto, impor ou cobrar àqueles que se sentiam dispensados desse ou dos demais projetos de seu pastoreio. Sabia ser presente, mesmo que fisicamente ausente, por conta de sua dor e enfermidade, porque se fazia oferenda viva que só poderia santificar e promover comunhão, mesmo que invisível, mas profundamente sensível a quem teve a oportunidade de passar algum momentinho junto dele.

            Não poucas vezes deixou escapar sua Ternura pelo Reino confiando-nos tarefas aparentemente simples, porém desafiadoras, as quais nos realizam em nosso ministério e pelas quais seremos sempre profundamente agradecidos, porque nos fazem feliz como pessoa, presbítero, professor e jornalista. Pediu-nos que transformássemos a Santo Antoninho num Espaço Cultural de Espiritualidade, onde as pessoas possam encontrar-se com Cristo na Liturgia bem celebrada, num Ambiente de Formação com Atendimento Espiritual Acolhedor. Dignou-se a celebrar conosco e sempre que passava pela Avenida Saudade, pedia para parar e olhando para nossa Reitoria repetia compassivo: “Eu não teria a paciência e perseverança para as reformas necessárias a este tão rico espaço que nos foi doado. Sempre que algum Padre me pede algum trabalho, peço que venha perguntar ao Padre Gilberto, como se faz, para estar sempre tão ocupado...”. Fez questão de conferir a implantação da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), celebrando com as queridas Missionárias Liderene, Carmela e Stela, assessoras do Santuário Nossa Senhora do Rosário, que prepararam nossas Agentes da PPI na Santo Antoninho.  Ao provisionar as Ministras Extraordinárias da Sagrada Comunhão, Dom Joviano nos disse que nunca deixássemos de acompanhá-las, porque a visita aos Enfermos santifica o nosso Ministério. Ao consultá-lo se deveríamos aceitar o convite para sermos Conselheiro Espiritual da Equipe Nossa Senhora da Esperança, respondeu-nos que ele sempre que pode, acompanhou alguma Equipe de Nossa Senhora. Disse-nos que as Equipes de nossa Senhora sempre edificam e enriquecem a vida do Padre.  Na véspera da festa de Santo Antonio, ao visitá-lo em seu leito hospitalar, disse-nos: “Lembrei-me de você nesta manhã em minhas orações. Já espera mais de quatro anos pela aprovação das obras, e amanhã celebrará mais uma Festa de Santo Antônio sem banheiros...” Antes de despedir-nos, pediu que lhe concedêssemos uma bênção forte contra a dor. Ao saber que enviara um cesto de pães bentos na Missa de Santo Antoninho ao Palácio, fez questão de agradecer por telefone desde o Hospital. Era estampada sua expectativa por ver nossa Igrejinha restaurada e um “primor” de espaço a serviço da acolhida. Oxalá interceda por nosso projeto desde a eternidade, já que agora está na companhia de Santo Antoninho.

            Confiou-nos a Assistência Eclesiástica do Centro do Professorado Católico da Arquidiocese de Ribeirão Preto, pedindo que não medíssemos esforços para oferecer formação e permanente assistência espiritual aos Professores Católicos ou não, levando para eles nosso Estudo Bíblico que denominou a “pupila dos olhos da Santo Antoninho”.

            Encorajou-nos e posteriormente parabenizou-nos por assumirmos o Curso de Bacharel em Teologia na Faculdade Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP. Animou-nos a formar um grande laboratório teológico para o Diálogo Inter-Religioso. Disse ser excelente nosso Projeto Pedagógico!

            Finalmente, escreveu-nos um último email: “Caríssimo Pe. Gilberto! Agradeço as orações por mim. É uma alegria tê-lo como amigo e irmão. Deus o abençoe sempre. Abraços! + Joviano”. Mais do que antes, sentimo-nos robustecidos em nosso ministério e animados a viver O Silêncio de Dom Joviano ecoando sua Ternura pelo Reino!”.
Padre Gilberto Kasper

quinta-feira, 5 de julho de 2012

HOMILIA PARA O DÉCIMO QUARTO DOMINGO DO TEMPO LITÚRGICO DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            “A Palavra de Deus do Décimo Quarto Domingo Comum do Tempo Litúrgico de 2012 toca na vocação, no chamado recebido pelos profetas, pelos apóstolos, pelos discípulos e por todos os que se reúnem, para serem enviados na força do Espírito Santo.

            Jesus foi rejeitado porque se apresentou como um trabalhador que cresceu em Nazaré ao lado de parentes, amigos e conhecidos. Seus conterrâneos não descobriram nele nada de extraordinário que o identificasse com o Messias de Deus. Mas o extraordinário está justamente aí: no fato de não ter nada que possa diferir da condição humana comum.

            O Filho de Deus se fez como qualquer um de nós. Muitos afirmam que não creem porque não veem. Os conterrâneos de Jesus não creem justamente porque veem Jesus trabalhador, o filho de Maria, um homem do povo, que não frequentou nenhuma escola superior, um homem que vem de Nazaré, lugarejo insignificante. O escândalo da encarnação continua sendo um espinho atravessado na garganta de muitos cristãos de boa vontade. Isto faz pensar no desafio que é a encarnação do Evangelho na realidade do povo.

            A Palavra de Deus nos faz um apelo: não depositar nossa confiança nos grandes. Também não precisamos ter medo de nossa pequenez e fraqueza. Na trajetória de Jesus, o maior fracasso se transforma em vitória e ressurreição. Junto a Ele, há lugar para os fracos. Em Cristo, somos fortes.

            Jesus fica admirado com a falta de fé das pessoas de sua terra, as quais não acreditam que Deus possa falar através de pessoas simples. A Palavra de Deus se reveste de roupagem humana e vem a nós com o auxílio da história e de pessoas frágeis, enviadas por Ele.

                        A fraqueza humana dos enviados por Deus cria um espaço de liberdade; quem ouve pode decidir a favor ou contra. Às vezes, gostaríamos que Deus se revelasse mediante atos maravilhosos e, assim, evitaríamos o trabalho de discernir quando e por meio de quem Deus se revela.

            Jesus se fez servo e, por isso, entra em choque com os que preferem o privilégio e o poder. A encarnação continua nos questionando e nos empurrando para a missão junto aos marginalizados e enfraquecidos.

            Neste ano de eleições municipais, é preciso saber distinguir os poderosos que se revestem de aparente humildade para manipular enganar o povo, em proveito próprio. É muito comum, também entre nós, considerar o poderoso como único capaz de realizar algo pelo povo.

            O Documento de Puebla nos fala do ‘potencial evangelizador dos pobres’. O que podem nos dizer os pobres, os deficientes de nosso país? Aceitamos a revelação de Deus vinda na fraqueza de nossos irmãos e irmãs, na simplicidade do dia a dia?

            A Palavra de Deus nos convida a renovar nossa adesão a Jesus, consagrando-nos mais generosamente à causa do Reino. Essa nossa profissão de fé nos leva a confirmar que seguimos aquele que foi rejeitado por ser trabalhador, filho de Maria, uma pessoa comum de seu tempo, vindo de uma aldeia e, por isso, motivo de desprezo e rejeição.

            Acima de qualquer expectativa humana, o Senhor manifesta sua grandeza na singeleza do pão e do vinho, frutos da terra e do nosso trabalho. Na simplicidade da partilha. Ele nos confirma no seu caminho. É em nossa fraqueza que Deus continua manifestando sua força” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, n. 22, pp. 58-63).

            Todo ser humano é chamado à Vocação ao Amor! Ela é a primeira vocação e o fundamento de todas as demais, as chamadas Vocações Específicas! O cristão, tendo consciência de sua vocação ao amor, só consegue viver sua Vocação Específica, na medida em se configura com Jesus Cristo: na sua humildade, no seu espírito de serviço, na sua simplicidade e no seu total desapego de prestígio, poder, ganância, acúmulo de bens e diplomas. Não poucas vezes nossa vontade de queremos ser melhor do que os outros, bem como a acepção e discriminação de pessoas de nossas relações, desfiguram nossa missão de discípulos verdadeiros. Somos convidados a superar a inveja, a busca de prestígio, o “querer aparecer-se diante dos outros”, o “tentar esconder nossos defeitos atrás dos defeitos dos outros”, assumindo com simplicidade nossa história e nossa vida do jeito como ela é. As falsas aparências, aquelas que enganam os outros, são abomináveis ao Reino de Deus que deve ser sempre anunciado com nossa própria vida, mesmo que nem sempre compreendidos, aceitos, reconhecidos por uma sociedade que pensa sustentar sua sobrevivência sobre a hipocrisia. Quantas pessoas conhecemos que tentam comprar o prestígio, pagam preços altos, muitas vezes pisando sobre os mais fracos, para subirem na vida, aparentemente, porque se consideram superiores. Como é feio achar que os outros são feios e nós os bonitinhos! A fome de querer ser melhor nos consome e nos apodrece, enquanto a fome de ser humilde, simples e desapegado de qualquer prepotência, é saciada pelo próprio Cristo, que se dá em alimento vital, a fim de tornar-se o refúgio dos justos!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler Ez 2,2-5; Sl 122(123); 2Cor 12,7-10 e Mc 6,1-6)