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sexta-feira, 30 de março de 2012

Programação Semana Santa 2012 - Igreja Santo Antoninho


Domingo de Ramos – 1º de Abril – (Coleta da Solidariedade da CF/2012)

 8 h – Bênção, Procissão e Missa dos Ramos no Átrio da Igreja

10 h – Missa com Bênção de Ramos, sem Procissão



Segunda-Feira Santa – 2 de Abril

7º Aniversário de Falecimento do Santo Padre, o Bem-aventurado Papa João Paulo II

Terça-Feira Santa – 3 de Abril

 8 h – Missa com Bênção dos Pães aos Pobres

20 h – Missa da Unidade com Bênção dos Santos Óleos

           Igreja Santa Teresinha, Doutora

          Rua Mariana Cândida Rosa Cury, 770 – Ribeirão Preto - SP

Quarta-Feira Santa – 4 de Abril

15 h – Atendimento Espiritual aos Enfermos e Idosos

Quinta-Feira Santa – 5 de Abril

19 h – Instituição da Eucaristia, do Sacerdócio e da Humildade (Lava-Pés)

20 h – Vigília Eucarística 

Sexta-Feira Santa 6 de Abril – Dia de Jejum e Abstinência

                                    (Coleta para os Lugares Santos)



9 h – Confissões domiciliares: Enfermos e Idosos

17 h – Celebração da Paixão e Morte do Senhor

            Celebração da Palavra, Adoração da Cruz e Distribuição da

            Sagrada Comunhão



Sábado Santo – 7 de Abril

19 h – Vigília Pascal – Bênção do Fogo Novo, Preparação do Círio Pascal, Proclamação da Páscoa, Liturgia da Palavra, Renovação das Promessas Batismais e Liturgia Eucarística!



Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor – 8 de Abril

8 h – Missa Solene

10 h – Missa Solene

11,30 h – Batizados
Av. Saudade, 222-1 – Campos Elíseos – Ribeirão Preto – SP

Padre Gilberto Kasper

quinta-feira, 29 de março de 2012

HOMILIA PARA O DOMINGO DE RAMOS DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 

“Com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão, entramos na Semana Santa. O que é a Semana Santa? Por que ela é tão importante na dinâmica do ano litúrgico?

            Na Semana Santa celebramos a História da Salvação de um Deus que se humilhou e tornou-se homem para caminhar conosco, conhecer a nossa história e nos apontar caminhos de vida. Mas não é só isso. No Getsêmani, Jesus experimenta uma grande tristeza e sente a dor da angústia. Suspenso entre o céu e a terra numa cruz, ele vive o doloroso abandono por parte do Pai. Enfrenta a traição de Judas que, com um beijo, o entrega aos seus inimigos. Pedro não o reconhece na presença de uma empregada. Os discípulos, seus amigos prediletos, fogem e o deixam sozinho nas mãos dos soldados. A condenação forjada é tramada para eliminar sua pessoa e os desígnios de Deus nele manifestos. Jesus, o Servo Sofredor, despido de toda dignidade é reduzida a um farrapo humano. Ele assume e faz seus todos os sofrimentos. Em sua morte e ressurreição, estão presentes todos os sofrimentos humanos [...].

            Façamos um minutinho de silêncio, olhemos para dentro de nós, até as entranhas de nossa intimidade, de nossa consciência. Depois olhemos ao nosso redor. Existem situações parecidas com as de Jesus em nossas relações humanas: sociais, eclesiais, políticas, familiares? Por acaso não sou também eu responsável por determinadas traições, exclusões, condenações injustas, que gritam fortemente em algumas pessoas de minhas relações e, que me remetem a situações de nudez, constrangimento, flagelo, dor, solidão e farrapo humano, a exemplo do Mestre? Um bom exame de consciência, com toda a honestidade e transparência talvez nos surpreenda... Mas ainda há tempo de mudar! [...]

            A Semana Santa, tempo de comunhão e solidariedade com e em Jesus, é um tempo santo e precioso para entrarmos na História da Salvação e da Libertação. Somos convidados a tomar parte nesta história como agentes, como discípulos missionários, não permitindo que o pecado, que levou Jesus à morte e ainda destrói tantas vidas, invada o nosso ser e o nosso agir.

            Nesta Semana, meditamos o Evangelho de Jesus, contemplamos sua prática, acolhemos sua proposta de doação e partilha, entramos em sua atitude de obediência ao Pai e de serviço à humanidade.

            A Palavra que ouvimos na celebração deste Domingo de Ramos e da Paixão é muito forte. Ela nos confronta com nossa própria fé, com o modo como a vivemos e testemunhamos. No Evangelho que segue a bênção dos ramos, vemos Jesus a caminho de Jerusalém. Em que ponto deste caminho nós estamos? Estamos à frente, atrás ou nos mantemos à beira da estrada? Exultamos convictos: “bendito o que vem em nome do Senhor” ou o fazemos superficialmente, levados pelo “embalo da multidão”?

            Não basta clamar “bendito o que vem em nome do Senhor”. Urge agir e ser para que efetivamente haja espaço para ele se tornar presente em nossa sociedade. Há várias formas de buscar que isto se realize, uma delas é nos fazermos portadores da paz, que é fruto da justiça. É assumir, apesar de todas as pedras no caminho, o chamado que nos é feito e, a exemplo do servo sofredor, poder dizer: “não lhe resisti nem voltei atrás... sei que não sairei humilhado”.

            Esta certeza nos é reforçada pelo próprio Cristo que se esvaziou, se humilhou e depois foi por Deus Pai exaltado. Participar da Eucaristia significa viver o mistério de Jesus Cristo em sua totalidade. Neste Domingo de Ramos, porém, somos chamados a viver mais intensamente sua paixão e morte e, com o hino da Campanha da Fraternidade, reafirmar: “Tu, que vieste para que todos tenham vida, cura teu povo dessa dor em que se encerra; que a fé nos salve e nos dê força nessa lida, e que a saúde se difunda sobre a terra”.

            O evangelho da Paixão nos conduz à contemplação. O sofrimento intenso de Jesus nos faz ver o quanto o projeto de amor e paz que ele trouxe entra em choque com o contexto mundano. A grande lição da Paixão é a paciência em meio às provações. Dedução muito fácil de fazer, mas difícil de pôr em prática. Somos convidados à firmeza de Jesus em meio às contrariedades.

            É preciso fazer o mesmo que fez Paulo, que não hesitou em recomendar a contemplação do próprio mistério da kénosis para animar a vida quotidiana dos cristãos. A humildade, à imagem do Cristo, contribui para a qualidade de vida entre os membros da comunidade. “Tende um mesmo amor, numa só alma, num só pensamento; nada façais por competição e vanglória, mas com humildade, julgando os outros como superiores a si mesmo, não visando ao próprio interesse, mas ao dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus” (Fl 2,2-5).

            Unidos com toda a Igreja no Brasil, concluímos neste domingo a primeira etapa da Campanha da Fraternidade 2012. Além da nossa conscientização sobre o problema, os desafios e as perspectivas da saúde em nosso país, é o dia de realizarmos o gesto concreto, pois a CF se expressa concretamente pela oferta de doações em dinheiro, na Coleta da Solidariedade. É um gesto concreto de fraternidade, partilha e solidariedade, feito em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses. A Coleta da Solidariedade é parte integrante da Campanha da Fraternidade. O gesto fraterno da oferta tem um caráter de conversão quaresmal, condição para que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização da vida” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 20, pp. 63-69).

            Possamos viver intensamente, a começar das celebrações do Domingo de Ramos e da Paixão as riquezas de toda a Semana Santa, especialmente do Tríduo Pascal! Levemos no envelope da Coleta da Solidariedade, os frutos saborosos de nossos exercícios quaresmais de penitência, como o jejum e a abstinência. Pensemos naqueles que têm menos do que nós e sejamos generosos e honestos diante de nossa consciência, de Deus e da Comunidade!

Desejando-lhes abençoada Semana Santa, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

terça-feira, 27 de março de 2012

GESTO CONCRETO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE

            “A Campanha da Fraternidade se expressa concretamente pela oferta de doações em dinheiro na coleta da solidariedade. É um gesto concreto de fraternidade, partilha e solidariedade, feito em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses. A Coleta da Solidariedade é parte integrante da Campanha da Fraternidade.

            O Dia Nacional da Coleta da Solidariedade será no Domingo de Ramos, 1º de abril de 2012.

            Todas as pessoas das comunidades eclesiais são convidadas a organizar o gesto concreto de solidariedade durante o tempo forte da Campanha, que vai do início da Quaresma, na quarta-feira de cinzas, 22 de fevereiro, até o Domingo de Ramos, que antecede à Páscoa. [...]

            Sempre costumo convidar as Comunidades, começando comigo mesmo, a fazer dois exercícios penitenciais na Quaresma: não falar nada mal de ninguém a ninguém e reservar para a Coleta da Solidariedade toda a abstinência que fizer ao longo dos quarenta dias: abstenção de carnes, guloseimas, refrigerantes ou quaisquer outros prazeres que me inclinem ao jejum e a uma alimentação mais moderada. O valor que deixo de consumir ao longo da Quaresma, será minha oferta livre, alegre e espontânea em favor de quem precisa mais do que eu. Assim minha oferta será, também, agradável a Deus. O que não posso, é colocar qualquer esmolinha ou moedinha que não me faça falta. Isso é feio e vergonhoso diante da miséria que nos circunda. Dar esmola é o mesmo como jogar milho às galinhas. E nossos irmãos menos favorecidos não são bichinhos, mas pessoas que dependem de nosso esforço por vida digna. [...]

            Ao longo de uma história de solidariedade e compromisso com as incontáveis vítimas das inúmeras formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece servidora do Deus da vida’ (DGAE, n. 66). O gesto fraterno da oferta tem um caráter de conversão quaresmal, condição para que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização da vida.

            O resultado integral da coleta da Campanha da Fraternidade de todas as celebrações do Domingo de Ramos, com ou sem envelope, deve ser encaminhado à respectiva diocese; esta por sua vez, encaminha 40% do total da coleta para o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), administrada pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil” (cf. Texto Base da CF/2012 p. 130).
            Sejamos todos honestos diante de nós mesmos, de Deus, da Igreja e justos diante de nossos irmãos que vivem em condições desumanas.

Padre Gilberto Kasper

quinta-feira, 22 de março de 2012

HOMILIA PARA O QUINTO DOMINGO DA QUARESMA DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            “Estamos chegando ao final da Quaresma. No próximo domingo iniciaremos a Semana Santa com o Domingo de Ramos. Neste dia, também concluiremos a primeira etapa da Campanha da Fraternidade 2012. Com o gesto concreto da coleta manifestamos nossa atitude de partilha e solidariedade. [...]

            A Coleta da Solidariedade do próximo domingo, será o resultado de nossos exercícios quaresmais de penitência, certamente frutos saborosos de nosso jejum e abstinência ao longo deste rico tempo de conversão. Partilharemos de nossa Pobreza com quem tem menos do que nós. Tudo aquilo que deixamos de consumir durante a Quaresma será oferta agradável ao coração de Deus, através de nossas Comunidades de Fé, que enviarão toda a coleta à Cúria Metropolitana, que a destinará aos projetos, sobretudo relacionados à Saúde de nossos irmãos menos favorecidos. Do total desta coleta 40% serão enviados à CNBB e 60% serão administrados pela Arquidiocese, que sempre faz a devida prestação de contas divulgada no site da mesma: www.arquidioceserp.org.br [...]

            Na celebração do Quinto Domingo da Quaresma somos convidados a ver Jesus em sua missão recebida do Pai. Seguimos os passos dos gregos que subiram a Jerusalém para adorar a Deus. Mas eles querem ver Jesus. O que significa ver Jesus? Por que ver Jesus? Ver Jesus é compreender sua atitude e desvendar seu projeto. Jesus mesmo o explica, fazendo uma meditação sobre a ‘hora’.

            ‘Hora’ é o final de sua vida terrestre. Tudo caminha para essa hora. A ‘hora’ é o momento no qual o amor gratuito de Deus, materializado em seu carinho pelos pobres, encontra-se com a força social e religiosa que o rejeita: o pecado. Esse conflito expressa-se na cruz. Por isso, a cruz é levantada como denúncia daquilo que leva Jesus à morte e como testemunho de sua entrega de amor.

            Na primeira leitura temos a profecia de Jeremias sobre a nova aliança a qual nós vivemos hoje. Em Cristo repousa a nova aliança. Para estar nessa aliança, precisamos da força pascal do Cristo. Essa força nós recebemos no Batismo e continuamos recebendo na celebração dos sacramentos e na oração da Igreja: é o Espírito de Cristo, a lei da nova aliança, escrita no coração de cada um de nós.

            Em Hebreus, colhemos uma lição preciosa: Jesus não é um senhor sentado nos palácios, desligado da situação real das pessoas. Jesus não permaneceu nos céus, contemplando as nossas angústias, mas tornou-se companheiro de viagem. Percorreu o caminho da humilhação e da morte. Por tudo isso, podemos confiar nele e aceitar o convite que nos faz para sermos discípulos missionários. Dessa forma, a segunda leitura nos convida a seguir o mesmo caminho de Cristo, um caminho semeado de dificuldades. Ele, porém, o percorreu antes de nós e por isso compreende nossas dificuldades e incertezas, nossos receios e fraquezas. [...]

            E a nossa presença junto aos que sofrem, aos enfermos, idosos, como vai? Somos, como Jesus, uma ‘Igreja do Ir’ ao encontro das pessoas ou nossa Pastoral e Ministério se resumem em celebrar com os que vem, quando não excluímos os que não preenchem nosso ‘legalismo’? [...]

            O episódio do evangelho de hoje situa-se entre a ressurreição de Lázaro e a última Ceia, segundo o quarto Evangelho. A agressividade dos adversários de Jesus chegou ao auge. A Paixão já é tramada nos gabinetes. Os sumos sacerdotes haviam dado ordens: Se alguém soubesse onde Jesus estava, o indicasse, para que o prendessem (João 11,57). [...] Prenderam-no por pura inveja! [...]

            No evangelho, no entanto, Jesus convida seus discípulos a seguirem o gesto prudente do agricultor que semeia. Diz-lhes para não terem medo de perder a própria vida, porque quem morre por amor entra na glória de Deus. O evangelho interpreta a morte de Jesus como uma manifestação de seu amor. Para ele o homem cresce e se realiza somente quando ama, ou seja, quando doa sua vida pelos irmãos.

            Para Cristo, o homem atinge o ponto mais alto da realização de sua vida quando se entrega à morte por amor aos seus. [...]

            Penso ser urgente revermos o verdadeiro sentido da morte em nossos dias. Não obstante vivamos e promovamos certa Cultura de Morte, insensibilizados com as dezenas de mortes assistidas diariamente em nossos telejornais, ela, a morte, é ao mesmo tempo um tabu, na medida em que passa dentro de nossa casa ou por perto dela. Não acredito que alguém morra na véspera ou atrasado. Mas quantas pessoas têm direito a uma morte digna, quando nossa Saúde Pública se encontra falida, sem conseguir atender dignamente a todos que dela dependem? Se antigamente as pessoas morriam no aconchego do carinho da família, hoje é submetida a morrer sozinha na frieza de CTIs - Centros de Terapia Intensiva ou em corredores de hospitais superlotados, principalmente quando não há convênios ou quando tais moribundos dependem exclusivamente do SUS – Sistema Único de Saúde, que serve de modelo para países economicamente desenvolvidos, mas não serve os filhos da própria nação. Não é deste tipo de morte que o Evangelho deste domingo fala. Se Jesus veio para curar e fazer o bem, certamente não aprovaria o que se passa nos bastidores de nossa precária e corrompida Saúde Pública, prometida, de eleição em eleição, tornar-se a melhor do mundo, mas que de governo em governo envergonha nossa nação. Há os tipos de mortes que nos santificam, como: gestos de ternura, delicadeza, gratidão, reconhecimento, abrir mão de privilégios em favor do próximo, etc. Se soubéssemos aproveitar tais oportunidades, seguramente seríamos bem mais humanos e configurados com Cristo, que nos convida a passarmos por tais experiências, promovendo-nos mutuamente em tudo. [...]

            O homem quer frutificar sem morrer, mas é impossível. Jesus aceita ser grão que morre debaixo da terra para dar fruto abundante. Em Jesus se dão as mãos duas realidades fortemente antagônicas: a morte e a fecundidade. Na conjunção de perder o mundo para ganhar o mundo resume-se o mistério pascal de Jesus Cristo” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 20, pp. 56-62).

            Precisamos aprender a lidar melhor com a morte, a fim de estarmos prontos no dia em que nosso nome ecoar na eternidade. Cada morte que passa por nós, poderá ser um novo esforço a melhorarmos nossa qualidade de vida!

            A Igreja transfere a Solenidade da Anunciação do Senhor para a segunda-feira, dia 26 de Março. Na Igreja Santo Antoninho, celebraremos esta festa na Terça-Feira, dia 27 às 8 horas com a Bênção dos Pães do Pobres.

            Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura, nosso abraço amigo e nossa gratidão,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler  Jr 31,31-34; Sl 50(51); Hb 5,7-9 e Jo 12,20-33)

terça-feira, 20 de março de 2012

Opinião - Antônio Vicente Golfeto

         Por que as pessoas têm curiosidade de saber o que há depois da morte e não têm a mesma curiosidade de saber o que há antes do nascimento? Foi isto que um conhecido trouxe à discussão numa mesa de bar. Sempre se fez muita amizade ao redor de algum drink. Mas não se faz amigo em leiteria.

         Ninguém soube responder à indagação. Um outro, também presente, provocou o indagador. Que tinha a capacidade de enxergar o que ele denominava de “alma do outro mundo”. Claro que ele não precisava dizer que via as almas deste mundo. Até porque, todos as enxergam. Ele seria vidente, condição que mostra uma capacidade chamada de mediunidade. Não raro, nós o víamos discutindo com ele mesmo. Numa palavra: ele falava sozinho. O que não representava nada de novo. Afinal, sempre houve gente que fala sozinho. Santo Agostinho tem até um clássico sobre o assunto. Ele denominou a obra de Solilóquios, quando demonstra os papos longos que teve com ele mesmo.

         Já tratei deste assunto mas não com este enfoque. Cuidamos da porta de saída sem ter, em relação à porta de entrada – o que acontecia antes do nascimento – a mesma preocupação? Ou temos a mesma preocupação mas não a demonstramos? Os que se dizem médiuns têm capacidade não apenas de ver o que, para a maioria – dentre os quais me incluo – é invisível. Tem também a capacidade de ouvir. E com estes é que conversam.

         Graças a Deus, nunca vi – e nem ouvi – nada de sobrenatural. Mas não é à toa que, lendo a bíblia, nós anotamos que o Senhor nos recomenda mais vezes não temermos do que nos amarmos. É mais fácil amar o próximo – coisa, de si, muito difícil – do que viver neste mundo sem medo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Antônio Vicente Golfeto
Membro Instituto de Economia da ACI Ribeirão Preto e Comentarista do Jornal da Clube.

quinta-feira, 15 de março de 2012

HOMILIA PARA O QUARTO DOMINGO DA QUARESMA DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            O Quarto Domingo da Quaresma – Laetare – Domingo da Alegria, antecipa os deleites da celebração que a Quaresma nos convida a preparar: A festa da Páscoa do Senhor! Este domingo nos lembra que o rico tempo da Quaresma é uma grande proposta de renovação a partir da conversão e de nossa profissão de fé no Cristo vivo e ressuscitado no meio de nós! Eis a razão de nossa vida cristã, a motivação de nossa esperança num mundo mais alegre, fraterno, solidário e digno!

            “É necessário, contudo, fazer uma opção clara e decidida por Jesus. Iluminados por ele e sustentados por seu espírito, esta opção nos torna capazes de cativar os que andam nas trevas e de desmascarar os projetos que nos mantém nas sombras da noite da injustiça e da pobreza.

            Do livro das Crônicas concluímos: a história de amor entre Deus e o homem nunca termina como uma condenação. Tal como aconteceu com os israelitas, o homem que se afasta de Deus mete-se em complicações e desajustes e torna-se escravo dos ídolos. Deus, porém, nunca o abandona. Não há situações desastrosas nem forças resistentes que possam impedir o poder de seu amor misericordioso. Contudo, é grande a responsabilidade do homem que, ao negar-se a seguir o caminho de Deus, se condena e se destrói. Entretanto, nunca será o mal que prevalecerá, mas o amor de Deus.

            Do evangelho de hoje colhemos um ensinamento: alcança a salvação quem tem a coragem de doar a sua vida, como fez Jesus. Aquele que não aceita doar a vida e escolhe o egoísmo, os prazeres e as satisfações, condena-se à morte e, portanto, destrói a própria vida.

            A palavra de Jesus é dirigida a Nicodemos, um fariseu que veio procurá-lo numa noite, quase em segredo. Para os fariseus, que representam o grupo judeu mais importante da época, a justiça de Deus é clara. Deus torna justo e santo aquele que obedece à lei. O homem que aceita o ensinamento sobre a inteligência da lei tem, portanto, mais chance de se justificar. [...] Geralmente temos o hábito de mais justificar do que reconhecer nossos limites e, pior: procurar um culpado fora de nós, ao invés de reconhecê-lo nos porões de nossa própria consciência. Feio mesmo, é tentar esconder nossos pecados atrás dos defeitos dos outros. Os que se consideram prepotentemente mais espertos, ‘se demonstram fortes diante dos fracos, embora sejam fracos diante dos fortes...”. Sempre penso que misericórdia + justiça são = ao AMOR! [...].

            Jesus que freqüenta os pecadores, dá uma última oportunidade ao desonesto (Zaqueu), ao impuro (a mulher adúltera) ou mesmo ao bandido (o ladrão). Aqueles que não teriam tido nenhuma ocasião de conversão encontram Jesus. Eles crêem. Eles têm fé na ternura de Deus. Experimentaram toda a reprovação de seu meio social. Ouviram a palavra espontânea que condena sem apelação. E depois... Jesus veio. Já não esperavam nada da mediocridade humana. De repente, a fé em Jesus transformou a vida deles. [...] Eis a grande notícia do Domingo da Alegria!

            Na carta aos Efésios, aparece claramente que não é o homem a causa de sua salvação. O ser humano não se salva por seus méritos e obras. As boas obras são uma resposta ao amor e à ação de Deus. São sinais que indicam que a graça de Deus conseguiu penetrar e produzir frutos no coração do homem e da comunidade. Nós nada fazemos para merecer a salvação. As nossas ações maldosas nos trazem a condenação. Deus, porém, nos ama e salva gratuitamente” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 20, pp. 48-55).

            A Palavra de Deus deste Domingo Laetare, que nos aproxima das alegrias pascais, é um profundo convite de conversão, resgatando as principais características da criança, que geralmente perdemos quando nos tornamos adultos:

            Desejando-lhes abençoada Semana da Alegria, com ternura e gratidão, meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler 2 Cr 36,14-16.19-23; Sl 136(137); Ef 2,4-10 e Jo 3,14-21)

terça-feira, 13 de março de 2012

CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2012 E SEUS OBJETIVOS

            A Campanha da Fraternidade de 2012 com o tema: Fraternidade e a Saúde Pública e o lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (cf. Eclo 38,8) aborda o tema da saúde, conforme os seguintes objetivos.
            Objetivo Geral: Refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público de saúde.
            Objetivos Específicos: Disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos de vida saudável; sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o suprimento de suas necessidades e a integração na comunidade; alertar para a importância da organização da Pastoral da Saúde nas comunidades: criar onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde ela já existe; difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como a estreita relação com os aspectos sócio-culturais de nossa sociedade; despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando à defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento e qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde.
            A Campanha da Fraternidade é um dos marcantes sinais de unidade e comunhão da Igreja no Brasil. De Sul a Norte, canta-se o mesmo Hino especialmente composto para o evento e vê-se espalhado o  mesmo Cartaz. Mas o maior sinal da comunhão e unidade é a proposta discutida nas diferentes realidades com o mesmo propósito a ser alcançado. Isto é simplesmente maravilhoso, já que de cada Campanha da Fraternidade surgem inúmeras iniciativas de promoção da dignidade da pessoa na sociedade tão surrada pela Cultura da Sobrevivência de nosso País, marcado pelos mais altos impostos cobrados no mundo, e pela falta de ética nas “coisas públicas” enaltecendo políticas de corrupção de governo a governo, cada um a seu modo, o mais diabólico escancarado em estatísticas falsas e promessas não cumpridas. Basta ver hospitais e unidades básicas de saúde bem como ambulâncias abandonas nos recônditos do interior de nosso rico Brasil.
            Mas a Campanha da Fraternidade não nos deixa perder a esperança de um mundo mais humano e digno para todos: “A alegria do encontro retratado no cartaz recorda aos profissionais da saúde que foram escolhidos para atualizarem a atitude do Bom Samaritano em relação aos enfermos. E, mobiliza os gestores do sistema de Saúde Pública no empenho de possibilitar um atendimento digno e saúde para todos. E, que a saúde se difunda sobre a terra” (cf. Texto Base da CF/2012 pp. 12 e 154).
            Na Quarta-Feira de Cinzas, que inicia o rico Tempo da Quaresma que prepara a principal festa dos cristãos, a Páscoa do Senhor, foi lançada a Campanha da Fraternidade em todas as Comunidades do Brasil. Em nossa Igreja Santo Antoninho, o lançamento aconteceu às 19 horas com a Imposição das Cinzas sobre nossas cabeças, durante a Celebração Eucarística.
Padre Gilberto Kasper

quinta-feira, 8 de março de 2012

HOMILIA PARA O TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            A Palavra de Deus do Terceiro Domingo da Quaresma nos ajudará a revermos a pureza de nossa relação com Deus. A relação pessoal e a relação com Deus, seja através das leis que administram a vivência de nossa , seja através da fé transformada em obras, logo, nossa relação com Deus por intermédio dos irmãos, seja à luz da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, cuja Páscoa preparamos!

            A página do Livro do Êxodo nos apresenta o Decálogo, a Lei Mosaica, os Mandamentos como bússola orientadora de caminharmos em direção ao nosso fim último que nada mais é do que a felicidade eterna! A lei torna-se necessária na medida em que a ética se distancia do comportamento humano. O Decálogo é resumido, por Jesus, num único mandamento: o do Amor! Jesus não subestima os Dez Mandamentos, mas os enriquece. Quem ama a Deus e ao próximo como a si mesmo, acolhe o Decálogo com muita simplicidade, sem escrúpulos, descomplicadamente. Para muitos, os Dez Mandamentos são ainda um “peso”, ou então compreendidos como meras proibições ou castigo. Já para quem desenvolve sua capacidade de amar um amor com sabor divino, os Mandamentos são um modo de administrar bem o dom precioso da vida.
            Jesus vai além dos Mandamentos e se irrita quando a lei é colocada acima do amor. Pior fica, quando se utilizam do Templo, da Religião, de iniciativas Pastorais que sacrificam as pessoas, favorecendo lucros indecentes. Não penso que o chicote utilizado por Jesus, tivesse os vendilhões como alvo, mas a estrutura da instituição religiosa de seu tempo, que se utilizava do Templo e do Culto para angariar riquezas. Há uma grande diferença entre manter o Templo, zelar por ele, conservá-lo e ampliá-lo, do que faziam as autoridades religiosas de Jerusalém. O não cumprimento dos preceitos implicava na exclusão do povo simples. Todos esmeravam-se por cumprir o que estava prescrito. O povo viajava meses para a celebração da páscoa judaica, e naturalmente necessitava de “suporte” em torno do Templo para ali adorar a Javé. A exploração do simplesmente necessário foi que irritou a Jesus e o fez expulsar os vendilhões do Templo. Impor sacrifícios descabidos sobre os ombros do povo, exigir o cumprimento de leis simplesmente, não agrada o coração de Deus. Jesus tenta demonstrar que o amor supera e deve estar sempre acima da lei!
            “Toda celebração da Eucaristia é um divisor de águas. Nela vivemos a tensão entre o culto perfeito e o culto baseado nos interesses pessoais e mesquinhos. O evangelho fala da substituição do templo antigo pelo novo. Nós já somos o novo templo, contudo, a cada momento, precisamos ser purificados de tudo aquilo que não nos deixa oferecer sacrifícios agradáveis ao Senhor. Daí a importância da escuta da Palavra de Deus, da avaliação das nossas práticas, do afinar-se com os desígnios do Senhor e do entrar no espírito do culto em espírito e verdade. A liturgia transpira do começo ao fim, o sentido e a espiritualidade do culto prestado por Cristo ao Pai.
            Importa nos deixarmos impregnar por esta liturgia e fazer da vida um culto perfeito. Na celebração, bebemos na fonte que é a misericórdia de Deus Pai. Nele aprendemos a confessar as nossas faltas. Na liturgia importa cantar tudo o que o Senhor fez por nós, antes e depois de ter proposto o código da aliança. A oração eucarística canta exatamente isso, tendo como centro o memorial da páscoa de Cristo.
            Na fé, a cruz parece satisfazer e superar as expectativas humanas. Enviar seu filho para sofrer a morte por amor desafia todo pensamento humano. Nesta Quaresma, devemos ser mais solidários entre nós e, certamente, fazer uma loucura como a da cruz, um gesto insensato em benefício da justiça para com os pobres.
            Estamos em plena Campanha da Fraternidade. Tantas realidades ligadas ao seu tema poderíamos trazer presentes... Poderíamos lembrar a dependência química do álcool que profana o templo que é o nosso corpo. Diz o Texto Base:
            ‘A dependência do álcool é um dos graves problemas de saúde pública brasileiro. Hoje, 18% da população adulta consomem álcool em excesso. O uso do álcool, além de causar sérios e irreversíveis danos a vários órgãos do corpo, está também relacionado a cerca de 60% dos acidentes de trânsito e a 70% das mortes violentas. Segundo o Documento de Aparecida, o problema da droga é como mancha de óleo que invade tudo. Não reconhece fronteiras, nem geográficas, nem humanas. Ataca igualmente países ricos e pobres, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. A Igreja não pode permanecer indiferente diante desse flagelo que está destruindo a humanidade, especialmente as novas gerações’.
            Celebrar a Eucaristia, memória da páscoa de Cristo, significa entrar de corpo e alma na liturgia que ele oferece eternamente ao Pai. Significa tornar-se discípulo missionário e adorador perfeito e privilegiado (cf. Roteiros Homiléticos da Quaresma de 2012 da CNBB, n. 20, pp. 41-47).
            São Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios lembra e atualiza essa questão também a nós, de que não devemos correr atrás do espetaculoso, mas procurar encontra o espetacular na própria cruz de Cristo. É dele que emana todo o sentido de nossa fé e a esperança de nossa salvação. Cristo não espera “coisas” de nós, Ele não precisa delas; mas espera que nos amemos, seguindo o Seu exemplo. Saibamos ser misericordiosos uns para com os outros. Mas também solidários e comprometidos com a promoção da dignidade humana.

            Oxalá consigamos passar a Quaresma esforçando-nos por não falar nada mal de ninguém, bem como reservar os frutos de nossos exercícios quaresmais de penitência, como o jejum, a abstinência e outros, para o grande dia da Coleta da Solidariedade, no Domingo de Ramos!                       

            Desejando-lhes abençoada semana, com ternura e gratidão, o abraço sempre fiel e amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler  Ex 20,1-17; Sl 18(19); 1 Cor 1,22-25 e Jo 2,13-25)

terça-feira, 6 de março de 2012

Iniciamos a Quaresma - Mensagem do Arcebispo de Ribeirão Preto


Iniciamos a nossa caminhada para a Páscoa com o tríplice propósito de intensificarmos as orações, o esvaziar-se de si mesmo, com a prática do jejum, e com o amor fraterno, apontado pela Campanha da Fraternidade.


À luz da Palavra de Deus, o itinerário quaresmal significa um tempo de graça e conversão. Um voltar-se para Deus e para os irmãos. É o que chamamos de combate espiritual. Com a ajuda do Espírito Santo, podemos trilhar um caminho de convivência mais fraterno nos diversos ambientes onde estivermos. E, também melhorar a nossa comunicação com Deus através da leitura orante da Palavra de Deus.


Deste modo, assumimos a pedagogia do deserto, onde Deus foi ao encontro do seu povo e Jesus, conduzido pelo Espírito Santo, venceu as tentações – as forças do mal. Ficou “quarenta dias e aí foi tentado por satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam.” (Mc 1,14) 

Nem é preciso multiplicar as práticas penitenciais. Basta assumirmos com paciência os incômodos e dificuldades de cada dia, sem murmuração.



















Joviano de Lima Júnior, SSS
Arcebispo de Ribeirão Preto